Vida e obra

Design

Livro retrata obra vanguardista de Lina Bo Bardi no design de mobiliário

HAUS
14/12/2022 18:22
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Cadeira Cordas, por Lina Bo Bardi, 1948.

No último dia 10 de dezembro, cinco dias após a data em que completaria 108 anos, a arquiteta, designer, cenógrafa e artista italiana naturalizada brasileira Lina Bo Bardi (falecida em 1992) ganhou mais uma obra para evidenciar a sua trajetória como uma das profissionais mais brilhantes da história recente do Brasil.
Intitulado “Lina Bo Bardi Designer, O Mobiliário dos Tempos Pioneiros 1947-1958”, o livro preenche uma lacuna na obra da multifacetada arquiteta e apresenta, por meio de vasta documentação escrita e fotográfica, o pioneirismo e a riqueza conceitual da produção de design de mobiliário que leva sua assinatura.
A pesquisa que resultou na publicação, pela Artemobilia, é de autoria de Sergio de Campos e teve início ainda em 2013, quando o autor foi responsável pela curadoria de exposição homônima que integrou as comemorações pelo centenário do nascimento de Lina em 2014, realizada no Instituto Bardi -- cuja sede está localizada na conhecida e referenciada Casa de Vidro.
Primeiro volume retrata obra de Lina Bo Bardi como designer entre 1947 e 1958.
Primeiro volume retrata obra de Lina Bo Bardi como designer entre 1947 e 1958.

Design à frente do tempo

Na obra, o relato do trabalho da Lina designer começa com sua primeira criação, a cadeira do MASP 7 de Abril, desenhada em 1947 para o pequeno auditório da primeira sede do Museu de Arte de São Paulo, que a arquiteta ajudou a fundar, juntamente com seu marido Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand. A peça traz elementos da cultura popular brasileira, como o assento em couro de sola selvagem costurada com barbante, à moda das vestimentas dos povos do sertão, além de ser dobrável e empilhável, assim como as populares cadeiras dos circos itinerantes.
Este e outros trabalhos seguintes, baseados nos mesmos conceitos, influenciaram a primeira geração de designers modernos brasileiros, como o lendário Sergio Rodrigues, que em depoimento chegou a dizer que Lina foi “a primeira estrangeira que vestiu a alma com a camisa brasileira”.
A cadeira MASP 7 de abril, por Lina Bo Bardi, 1947.
A cadeira MASP 7 de abril, por Lina Bo Bardi, 1947.
Ele não foi o único impactado pelo trabalho assinado por Lina no universo do design. Na obra, Campos destaca a opção da arquiteta pela utilização de materiais vernaculares e inusitados para a época, como cordas náuticas, conduítes elétricos, cunhas de carro de boi e compensado de pinho, que reverberaram entre designers contemporâneos, como os Irmãos Campana.
A atuação de Lina Bo à frente da edição da revista Habitat, referência entre as publicações relacionadas à arquitetura e cultura no século 20 no Brasil, também é resgatada na obra.

Volume 2

Para 2023, já está previsto o lançamento do segundo volume do livro. Este, no entanto, será dedicado ao mobiliário que Lina Bo Bardi criou especialmente para sua Casa de Vidro, em 1951, entre os quais estão a icônica Bowl Chair, que também era chamada por Lina de “Tijela”. Outras peças, que remetem ao período em que a arquiteta viveu na Bahia e os desenhados para o Sesc Pompeia, também serão contemplados.

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