Design

Com 80 anos, cafeteira Moka segue como um dos ícones de design para uso doméstico

Sharon Abdalla
20/02/2019 17:10
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Fotos: Bialetti/Divulgação

Há os que a colecionam. Há os que a tem como sonho de consumo. Fato é que a cafeteira Moka é praticamente uma unanimidade entre os amantes de café, e também do bom design. Prova disso está na exposição da peça em acervos dos mais conceituados museus ao redor do mundo e nos milhares de exemplares comercializados da cafeteira, que completa 86 anos em 2019 em plena forma, conquistando um número cada vez maior de fãs.
Seu design é assinado pelo italiano Alfonso Bialetti, cujo sobrenome batiza a marca que detém a patente do modelo e que, muito provavelmente, não tinha ideia do sucesso que sua invenção faria entre os conterrâneos e no além-mar.
Proprietário de uma oficina para a produção de produtos em alumínio utilizando o sistema de moldes em concha no início do século 20, Alfonso inspirou-se no sistema de funcionamento da “lisciveuse”, um tipo de máquina de lavar à base de água quente, similar a uma caldeira, para criar a Moka Express, em 1933.
Ao contrário do que em uma cafeteira tradicional, na qual a água é despejada para que passe de cima para baixo pelo pó de café, na Moka o líquido sobe graças a pressão formada no interior da ‘caldeira’, passando pelo filtro e depositando o café já pronto na parte superior da cafeteira. Outra característica que merece destaque no modelo é o material com o qual é produzido. Isso porque, por ser poroso, o alumínio retém e realça o sabor e o aroma do café com a frequência de uso. O batismo, por sua vez, deriva da palavra árabe “al-Mukha”, nome de uma cidade do Iêmen onde é produzido um tipo premiado de café chamado “di Moca”.

Um ícone

Difícil encontrar quem não reconheça na forma da Moka um clássico. Sua base octogonal característica (e influenciada pelo art decó) e seu sistema de componentes encaixáveis (caldeira, filtro e recipiente para o pó de café) fizeram da peça um ícone do design mundial.
E como todo bom desenho, isso possibilitou que sua estrutura se mantivesse praticamente intacta ao longo das mais de oito décadas de vida do modelo. As poucas modificações existentes foram realizadas em 2004 e promovidas no sentido de aprimorar os detalhes do produto, o que incluiu nova alça ergonômica, novo botão com corte de diamante, tampa com linhas mais suaves, novo acabamento brilhante e válvula de segurança que pode ser inspecionada.
“A Moka Express é um utensílio extremamente prático para se preparar um café fresquinho a qualquer hora do dia. Ela é produzida sob rigoroso controle de qualidade. Há uma grande preocupação com a qualidade dos materiais e sua adequação para o uso com alimentos, com o seu acabamento (polimento, brilho, vedação, embalagem) e segurança. Resumindo, é um produto de longa durabilidade, diferente dos modelos similares, que não dispõem desses cuidados”, aponta Umberto Milo, CEO da Imeltron, representante oficial e exclusiva da Bialetti no Brasil, ao justificar a longevidade da peça.

Sucesso mundial

A facilidade que proporciona para a preparação do café é outro ponto fundamental do sucesso da Moka, que se popularizou rapidamente na Itália do pré e pós-guerra como produto de produção artesanal. Mas foi a partir da segunda metade dos anos 1940 e já sob a administração de Renato Bialetti, filho de Alfonso, que a cafeteira ganhou o mundo.
Com forte espírito empreendedor, ele adotou para a marca uma lógica industrial e fez da publicidade uma aliada para levar a Moka aos quatro cantos. Foi assim que nasceu o “Pequeno Homem com Bigode” (“Little Man with Mustache”), elaborado em colaboração com a Agência Orsini de Novara, com desenho de Paul Campani, que logo se tornou a ‘cara’ da Bialetti a partir de vídeos animados que eram exibidos nas TVs italianas.
Foi assim por mais de 50 anos, período no qual a Moka Express foi o único produto fabricado pela Bialetti. A partir dos anos 1990, as mudanças no estilo de vida e nos padrões de consumo fizeram com que a empresa investisse na produção de novos modelos, como a Brikka (para café com “creme”) e a Mukka Express (para preparar cappuccino expresso). A Moka também ganhou novas roupagens e cores, mas sem perder o desenho e a qualidade característica das peças.
Como forma de chancelar o reconhecimento e o sucesso da cafeteira, atualmente a Moka Express Bialetti integra a coleção oficial do Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma), além de milhares de lares espalhados pelo mundo.

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