Estilo & Cultura

Coletivo urbano retrata Curitiba em traços e cores

Daliane Nogueira
19/08/2015 01:00
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Grupo Croquis Urbanos reunido em frente ao Edifício Itália, projeto do arquiteto Elgson Gomes. Foto: Washinton Takeuchi / Divulgação

Todas as manhãs de domingo, há mais de dois anos, um grupo se reúne para observar e retratar Curitiba em desenhos. O Croquis Urbanos surgiu quase por acaso, da ideia do designer José Marconi, que, no início de 2013, do alto de seu apartamento na Praça Generoso Marques, observou o arquiteto Reinoldo Klein desenhando o prédio do Paço Municipal. Desceu e pediu para acompanhá-lo. Na mesma semana, Marconi recebeu o telefonema do também professor e arquiteto Wagner Polak propondo a reunião de um grupo para desenhar cenários da cidade. Assim se formou o coletivo.
Para além do trabalho artístico e estético, o grupo exerce um importante registro histórico da memória arquitetônica de Curitiba. Foram mais de 130 encontros em pontos diferentes da cidade.
O que move os participantes é, antes de tudo, o gosto e o prazer em desenhar, mas com o amadurecimento do projeto, Marconi avalia que as pessoas vêm ganhando intimidade com o processo e passam a interessar-se mais pela história de cada local.
“Acredito que só cuidamos daquilo que conhecemos. E o ato de parar por duas horas para olhar aquele cenário e desenhá-lo, para o nosso grupo, tornou-se uma forma de zelar pela cidade”, declara.
Na lista dos lugares visitados, há cartões postais tradicionais, igrejas, motivos naturais e construções em ruínas ou prestes a desaparecer do cenário urbano. “Retratamos um imóvel decadente na rua Riachuelo e a intenção é voltar quando ele estiver reformado. Gostamos também de registrar locais que serão demolidos, por exemplo.”
Entre as histórias curiosas, o encontro número 123, no dia 05 de julho. Na ocasião o grupo reuniu-se para desenhar o Edifício Itália, na rua Saldanha Marinho. O prédio foi projetado, em 1965, pelo arquiteto Elgson Ribeiro Gomes, um dos expoentes da arquitetura moderna paranaense. “O arquiteto Carlos Emiliano França, que trabalhou com o Elgson, esteve no encontro e acabou sendo um momento de memória muito especial”, lembra Marconi.
Todo domingo, os “croquizeiros” dedicam duas horas para observar e desenhar a cidade. Foto: Washington Takeuchi / Divulgação
Todo domingo, os “croquizeiros” dedicam duas horas para observar e desenhar a cidade. Foto: Washington Takeuchi / Divulgação
Como funciona
As regras básicas do grupo, como desenhar in loco, ser fiel à cena e desenvolver o desenho em um tempo pré-determinado, foram inspiradas na prática do Urban Sketchers, criado na Espanha, em 2007, e que ganhou uma versão curitibana em 2015.
Os encontros do Croquis Urbanos acontecem todos os domingos das 9h30 às 12 horas. São duas horas de desenho e meia hora para uma conversa final. Mais de 500 pessoas já participaram de algum encontro, que costuma arrebanhar cerca de 40 “croquizeiros” por fim de semana. Quem quiser participar pode acessar a fan page do grupo no Facebook.
O objetivo é registrar a cidade, seus habitantes e aprender uns com os outros sobre as possibilidades expressivas e técnicas do desenho de observação. Qualquer pessoa pode participar, independentemente da idade ou habilidade técnica. As atividades são gratuitas e não há hierarquia, nem curadoria.
O grupo transcendeu os limites regionais e foi convidado, em junho de 2015, para ministrar uma oficina no “Encontro Internacional de Desenho de Rua”, realizado em Portugal.
Traços de Rubens Gennaro para um prédio histórico na Praça Osório, esquina com a Travessa Jesuíno Marcondes. Rubens Gennaro/Divulgação
Traços de Rubens Gennaro para um prédio histórico na Praça Osório, esquina com a Travessa Jesuíno Marcondes. Rubens Gennaro/Divulgação
Solar do Barão, por Francis Iwamura. Francis Iwamura/Divulgação
Solar do Barão, por Francis Iwamura. Francis Iwamura/Divulgação
Clau Guimarães/Divulgação
Clau Guimarães/Divulgação
Clau Guimarães/Divulgação
Clau Guimarães/Divulgação
Clau Guimarães/Divulgação
Clau Guimarães/Divulgação

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