Estilo & Cultura

Jardim agroecológico com mais de 100 espécies é cultivado no terraço de prédio em Curitiba

Luciane Belin*
23/11/2018 19:56
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Fotos: Divulgação

Localizado no topo de um prédio de três andares na região do Alto da Glória, em Curitiba, o Terraço Verde lançou oficialmente seu espaço voltado ao cultivo de mais de 100 espécies de plantas nesta quinta-feira (22).
Depois de atuar como um laboratório de tecnologias sustentáveis e de desenvolver e aprimorar técnicas de cultivo de plantas e processamento de lixo orgânico, o Terraço Verde lançou um projeto de financiamento coletivo para convidar a comunidade a incentivar a agroecologia urbana por meio do trabalho que é realizado no espaço.
À frente do espaço, o empreendedor social João Paulo Mehl, o co-empreeendedor Fabio Henrique Nunes e Rafael Gomes, que atua com paisagismo ecológico e funcional, vêm desde 2011 trabalhando na documentação de processos e na elaboração de um espaço que pudesse transformar um piso de concreto em um lugar de incentivo à agroecologia urbana.
Foi somente neste ano, no entanto, que eles conseguiram resolver questões práticas do prédio onde estão instalados há uma década, como a infiltração do edifício que impedia o início dos trabalhos. “A gente começou a construir a passos largos e muitas mãos, se preocupando muito com a documentação dos processos de modo que seja uma experiência a ser replicada, que se espalhe pela cidade. A gente não gosta de ser centro de referência em nada, a gente gosta de pensar em ser um ponto de ação para um mundo sustentável”, explica Mehl.
Fotos: Divulgação
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De acordo com Nunes, foram mais de 30 voluntários e empreendedores envolvidos para formar a estrutura que o Terraço Verde tem hoje. “Neste campo em que emergiram todas essas tecnologias estavam muitas pessoas ligadas à Universidade Federal do Paraná, ao setor de Agrárias e a um grupo de pesquisa de agroecologia, junto com outros empreendedores e algumas empresas, que estavam trabalhando com isso”, diz ele, complementando: “Levou um tempo de maturação das pessoas e dos profissionais, o complexo cresceu e com a vinda dos bares, com a movimentação, a energia da região, tudo isso junto permitiu a criação de um espaço de efervescência cultural e social”.
Depois de adaptar a laje, eles começaram a trazer as espécies de plantas para compor o jardim, que hoje são mais de 100. São plantas nativas, melíferas, medicinais, rústicas, suculentas e as plantas alimentícias não convencionais (Panc). “As espécies selecionadas vieram de um pequeno ecossistema, isso favorece para o desenvolvimento de raízes umas com as outras, da planta como um todo e atrai polinizadores que, quando fechar todo o terraço, isso vai influenciar no bioclimatismo, diminuir o calor do prédio como um todo”, adianta.
Fotos: Divulgação
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Cada um com seu terraço

A relação do terraço não é somente com o andar em que ele se situa, o terceiro, mas com toda a estrutura, já que grande parte do lixo orgânico gerado nos demais andares é processado pelo Terraço Verde – são mais de 400 kg de lixo processado todos os meses, um total de quase duas toneladas somente neste ano.
Esse tratamento dos resíduos orgânicos acontece por meio de três diferentes tipos de composteiras e um biodigestor, algo que o Terraço Verde não apenas tem para uso próprio, como também oferece como produto, para revenda. “Queremos repensar a forma de lidar com o solo; normalmente as formas de preparar o crescimento é com a química. Então a gente vai fazendo tudo por processo natural, e dentro disso encaixa a compostagem. Começa a fechar um ciclo e por isso que é ecológico. Tudo o que morre, volta para a terra, para o terraço, como adubo”, explica Gomes.
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O objetivo é que eventualmente o tratamento englobe em breve 100% do descarte orgânico gerado no local, incluindo o dos bares que ficam no térreo do conjunto. “Nosso projeto, com esse sistema, é zerar a destinação errada, via aterro, dos resíduos orgânicos, a gente não quer que o resíduo orgânico saia daqui”, diz Nunes.
Ele explica ainda que as composteiras são fáceis de serem utilizadas em condomínios ou casas, bem como restaurantes e estabelecimentos comerciais em geral. “A pessoa pode colocar em um canto na lavanderia e utilizar somente colocando o lixo e as folhas secas para iniciar a compostagem. Elas não geram cheiro forte e ajudam a esvaziar os aterros”, detalha.
Fotos: Divulgação
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Além da venda de produtos, como as próprias composteiras, o Terraço Verde também organiza cursos e oficinas sobre agroecologia urbana e sustentabilidade, sendo um espaço aberto para o desenvolvimento de negócio diversos no ramo. O propósito é incentivar ainda outros prédios a replicarem este mesmo tipo de iniciativa, o que resultaria na redução de ilhas de calor no centro da cidade, diminuição da vazão de água de chuva, além da produção de alimentos orgânicos e biofertilizantes – no caso do Terraço, são mais de 100 litros por mês.
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O Terraço Verde fica na Rua Itupava, 1299, cj 312, no Alto da Glória, em Curitiba (PR).
*Especial para Haus.

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