Estilo & Cultura
Edifício Tijucas: o gigante mais famoso de Curitiba
Edifício Tijucas recebe o Tijucão Cultural neste sábado (19), com dezenas de artístas expondo obras, peças de design e apresentando performances. Fotos: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
Tudo começa ou termina no Edifício Tijucas. Cada protesto, cada fofoca. Esse senhor edifício de 57 anos, que se levanta como um gigante sobre a minúscula Avenida Luiz Xavier, já viu de tudo. Até a Guerra do Pente, quando, por causa de um pente, três dias de quebra-quebra se sucederam em Curitiba em 1959. E continua um ponto de referência para quem frequenta o centro da capital paranaense. Pelo menos 10 mil pessoas circulam pela galeria todos os dias, assegura o atual síndico do bloco comercial, o contador Oscar Ferreira, 69 anos.
Apesar da popularidade, pouco se sabe sobre a história do prédio. Os registros em arquivos públicos são escassos. Não existe versão oficial nem informação sobre quem o construiu. E tudo de que se tem notícia sobre o edifício é resultado de histórias transmitidas oralmente de morador a morador, de comerciante a comerciante.
A começar pelo nome. Tijucas tem origem tupi e significa lama ou água suja. Reza a lenda que o prédio recebeu esse nome justamente porque a área era um verdadeiro lamaçal antes da construção. A primeira parte a ficar pronta foi a galeria e o bloco comercial, em 1958.
Sua arquitetura é tipicamente modernista, mas tímida. É feito de concreto armado, janelas com esquadrias discretas e portões de acesso da galeria de vidro e aço. Porém, suas características modernas param aí. Como explica a arquiteta Maria da Graça Rodrigues Santos, que leciona na Universidade Positivo: “Existem mais espaços cheios do que espaços vazios no edifício, por exemplo. Justamente o inverso do que se espera de uma construção modernista”. A fachada de alvenaria aparente voltada para a Rua XV é a maior prova disso.
Com 31 andares, o Tijucas tem sua maior expressão na verticalidade. “Na Curitiba do final da década de 1950, o prédio surge como um monstro, um marco na paisagem”, destaca Maria, lembrando que a união de estabelecimentos comerciais a unidades residenciais no prédio é uma ideia que o arquiteto francês Alfred Agache trouxe para o planejamento de Curitiba, inspirada provavelmente no que a Paris do século 19 fazia.