Estilo & Cultura

Natal nostalgia: relembre o encanto das decorações dos anos 1970 em Curitiba

Aléxia Saraiva
24/12/2017 20:00
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Passarela da loja Hermes Macedo, que atravessava a Rua Barão do Rio Branco. Foto: Letícia Akemi/Reprodução | Foto Reprodução Leticia Akemi

Luzes que brilhavam no Centro, grandes pinheiros decorados, vitrines tomadas por personagens típicos do Natal. Quem percorria a Rua XV de Novembro nos dezembros da década de 1970 desfilava em meio às lojas que celebravam a data com muita decoração. Hermes Macedo, A Paulistana e Lojas Patrys eram alguns dos estabelecimentos que faziam vibrar o espírito natalino, atraindo os curitibanos ao Centro para viver o Natal.
Carlos Prestupa, 71 anos, foi o chefe da decoração das vitrines da loja A Paulistana durante a década de 1970, realizando esse trabalho por 10 anos. Com uma equipe de auxiliares, ele era o responsável por dar vida às datas comemorativas nas sete lojas da franquia. “Tinha uma programação para deixar tudo pronto 30 dias antes do Natal. A gente criava um o projeto e, uma vez aprovado o tema, elaborava a montagem da decoração. Para montar todas as lojas, levava os 15 primeiros dias de novembro”, ele lembra.
Chefe da decoração da rede A Paulistana, Carlos Prestupa, e a filha Vania Camargo, em 1979, em frente à loja na Rua XV. Foto: Arquivo pessoal/Vania Camargo
Chefe da decoração da rede A Paulistana, Carlos Prestupa, e a filha Vania Camargo, em 1979, em frente à loja na Rua XV. Foto: Arquivo pessoal/Vania Camargo
As decorações temáticas eram artesanais: casas de madeira, reis magos recortados em cartão e pintados à mão, árvores de Natal com PVC e luzes por toda a parte. “O público curtia. A gente sempre via a empolgação”, conta. Segundo Carlos, a decoração das datas comemorativas chegava a até 40% do espaço das lojas, um reflexo da importância dada a esses dias.
Sua filha, Vania Camargo, viveu a época durante a juventude e recorda desses tempos com muita nostalgia. “Era um natal provinciano, uma tradição que não era só sair para ver a decoração, mas viver a experiência: tocar nos pinheiros, ouvir músicas e passar nas feirinhas para comprar as comidas típicas. Era um Natal de épocas douradas da minha Curitiba. Tão dourado quanto as bolas de vidro enfeitando as guirlandas enormes nas vitrines da Rua das Flores”.
2.	Com 3 anos, Vania Camargo foi enfeitada pela mãe e posa junto da decoração da vitrine de Natal da loja A Paulistana em 1972. Foto: Arquivo pessoal/Vania Camargo
2. Com 3 anos, Vania Camargo foi enfeitada pela mãe e posa junto da decoração da vitrine de Natal da loja A Paulistana em 1972. Foto: Arquivo pessoal/Vania Camargo

O brilho da Hermes Macedo

Muito do espírito de Natal da época se deve à loja Hermes Macedo, que por décadas trouxe luzes à esquina da Rua Barão do Rio Branco. A decoração não se restringia à loja: todo ano, uma passarela temática atravessa a rua.
Durante toda sua juventude Indiara Prohmann viveu essa história. Seu pai, Egon Prohmann, era auditor da Hermes Macedo. Durante esse período, era tradição na família frequentar a festa de final de ano para as famílias dos funcionários, em que eram distribuídos presentes às crianças, e visitar o espaço da loja, onde se via decorações únicas.
Um dos maiores destaques era o subsolo da loja no Centro, onde eram montados um presépio mecanizado e a Gruta Encantada – memórias que Indiara guarda com carinho. “Eles tinham muita união e isso era extremamente mágico. Para mim era 10 vezes o que é o Palácio Avenida hoje”. Indiara destaca que a decoração nunca era a mesma, se renovando a cada ano para a ocasião, o que se tornava um acontecimento na cidade.
Foto: Letícia Akemi/Reprodução
Foto: Letícia Akemi/Reprodução
Já Vania lembra que, para as crianças, esse era o maior evento do calendário. “Os pinheiros de verdade eram acessíveis, eram exuberantes. A gente pintava as árvores com tinta à base de óleo e isso inebriava o ar. Curitiba tinha cheiro de Natal”.
O arco que conectava as duas calçadas da Barão do Rio Branco era destaque da decoração. Foto: Letícia Akemi/Reprodução
O arco que conectava as duas calçadas da Barão do Rio Branco era destaque da decoração. Foto: Letícia Akemi/Reprodução

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