Estilo & Cultura

Qasr al-Fareed: o túmulo-castelo isolado no deserto da Arábia Saudita

Luciane Belin*
08/09/2018 11:00
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Quase na fronteira entre a Arábia Saudita e a Jordânia, a 22 quilômetros da cidade de al-Ula, está o Sítio Arqueológico de al-Hijr, em uma região conhecida como Mada’in Saleh, ou Madaim Salé, na forma abrasileirada.
Um dos cinco monumentos da Arábia Saudita considerados Patrimônio Mundial da Unesco desde 2008, a cidade passou a ser mais visitada como destino turístico desde que o país, um dos mais conservadores do mundo, começou a incentivar a visitação.
Mas nem sempre foi assim. No passado, a localização estratégica deu à cidade a característica de ser um local de passagem, por onde transitavam os viajantes que circulavam entre a África e a Ásia. Na época, entre os séculos II e I antes de Cristo, Mada’in Saleh era habitada pelos povos Tamudis e pelos Nabateus.
Foram eles os responsáveis pela construção de residências e monumentos talhados na pedra que estão de pé até hoje. Coloridas pelo marrom da areia do deserto, elas poderiam facilmente se mesclar ao terreno, não fosse pelo fato de que se estendem cerca de 20 metros acima dele.
A cidade arqueológica tem 16,91 Km², uma área que inclui verdadeiras relíquias da história dos povos nabateus.
Com 50 inscrições pré-nabatéias e 111 tumbas monumentais, Mada’in Saleh é um verdadeiro testemunho da arquitetura e da cultura nabateia. Destas, 94 são decoradas com elementos e inscrições típicas da época.
Mas o que mais impressiona em toda a cidade é o castelo de Qasr Al Farr. Assim como as pirâmides do Egito, ele foi construído com a finalidade de ser um grande túmulo. Embora não se saiba exatamente quem está enterrado ali, o castelo possui diversas lápides com inscrições nas mais diferentes línguas.
Segundo o documento da Unesco, o castelo, assim como a cidade, “é testemunha do encontro entre uma variedade de influências decorativas e arquitetônicas (assíria, egípcia, fenícia, helenística), e da presença epigráfica de várias línguas antigas (Lihyanite, Thamudic, Nabataean, grego, latim)”.
Qasr al Fareed é um testemunho das habilidades do povo nabateu com escultura, já que todas as casas e tumbas são cortadas e esculpidas no arenito, desde as inscrições e cômodos até os detalhes estéticos da fachada.
Outro aspecto que chama a atenção é a expertise hidráulica dos povos nabateus. Assim como as outras construções de Mada’in Saleh, Qasr al Fareed possui poços artificiais que foram cavados no solo rochoso e que estão em funcionamento até hoje, além da existência de cisternas.
De acordo com o Projeto The Arabian Rock Art Heritage [Herança de Arte e Rocha da Arábia], que promove esforços de preservação de heranças culturais no país saudita, cada casa ou castelo de Mada’in Saleh costumava conter diversas prateleiras, onde eram inseridos os cadáveres, um ao lado do outro.
Como os islâmicos consideram o local como amaldiçoado e não é fácil conseguir um visto de turista para a Arábia Saudita, a cidadezinha de Mada’in Saleh permanece incrivelmente preservada, tocada apenas pelo tempo.

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*Especial para a Gazeta do Povo 

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