Urbanismo

Batel corre risco de perder a Praça do Japão para o novo ligeirão?

Luan Galani
09/02/2018 13:44
Thumbnail

Foto: Daniel Castellano/SMCS/Divulgação

Um dos espaços públicos mais adorados da cidade, a Praça do Japão volta a atrai as atenções, logo depois de a Prefeitura de Curitiba anunciar oficialmente em seu site que a implantação do novo Ligeirão Norte-Sul está em fase final de estudo no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
Isso porque o Conselho Comunitário de Segurança do Batel (Conseg Batel) teme que o espaço seja fatiado, o que levou a entidade a pedir ao Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR) no útlimo dia 5 a reabertura de ação civil pública para que qualquer obra ou mudança na Praça do Japão seja precedida de audiências públicas. Procurado pela reportagem, o MPPR disse que recebeu a demanda e que ainda estuda o caso.
Novo Ligeirão Norte-Sul reduz tempo de trajeto pela metade e dá uso a obra não utilizada desde 2014. Na imagem vista aérea da Praça do Japão. Curitiba, 10/08/2017 - Foto: Daniel Castellano / SMCS
Novo Ligeirão Norte-Sul reduz tempo de trajeto pela metade e dá uso a obra não utilizada desde 2014. Na imagem vista aérea da Praça do Japão. Curitiba, 10/08/2017 - Foto: Daniel Castellano / SMCS
A Prefeitura de Curitiba garante por meio de nota que a implantação da primeira etapa do ligeirão não vai reduzir a Praça do Japão nem mexer na atual estrutura. “O espaço público será mantido em seu perímetro, sem que haja prejuízo aos usuários” (confira a resposta oficial na íntegra logo abaixo).
“Fomos pegos de surpresa com essa nova empreitada. Os moradores da região não foram ouvidos, não houve diálogo com a comunidade.”, cobra Acef Said, que encabeça o Conseg Batel. “Eles vão precisar quebrar parte da praça, sim. É uma mentira.”
Grupo Croquis Urbanos vai passar a manhã de domingo retratando os detalhes da Praça do Japão.  Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Grupo Croquis Urbanos vai passar a manhã de domingo retratando os detalhes da Praça do Japão. Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
De acordo com o arquiteto e urbanista Carlos Hardt, especialista em Gestão Urbana e professor da PUCPR, a iniciativa da prefeitura é absolutamente necessária. Mas ressalta: “Nossas praças e espaços abertos públicos já são escassos e temos que proteger o máximo possível do que nos resta”.
“A própria dinâmica da cidade exige certas intervenções, mas desde que não inviabilize a possibilidade de uso da comunidade com atividades de lazer e intervenção paisagística”, explica.

Nota da prefeitura

A implantação da primeira etapa da Linha Direta Norte-Sul não implicará na redução da Praça do Japão. O espaço público será mantido em seu perímetro, sem que haja prejuízo aos usuários.
Trata-se de uma intervenção para fazer funcionar uma nova linha de ônibus que irá atender a 36 mil passageiros por dia com conforto, segurança e economia de tempo no deslocamento desde o Terminal Santa Cândida à estação Bento Viana, no Batel.
A Linha Norte-Sul, em sua primeira etapa, também dará uso à infraestrutura de ultrapassagem implantada ao longo de 11 quilômetros de canaletas com obras de pavimentação, reforma das estações e semaforização nas quais foram investidos R$ 16 milhões em recursos públicos. Uma infraestrutura pronta que está ociosa há quatro anos.  
Com o funcionamento da linha, a estimativa é que as viagens no percurso entre os terminais desde o Norte da cidade ao Batel e vice-versa sejam até 20 minutos mais rápidas (metade do tempo atual), em comparação com o tempo gasto com a paradora Santa Cândida/Capão Raso. O ganho de tempo ocorre porque o Ligeirão terá oito pontos de parada, enquanto a linha paradora tem 16 no trajeto.
Os ônibus da Linha Direta farão o desembarque e embarque na estação Bento Viana e contornarão, vazios, a Praça do Japão pelo sistema viário existente do entorno. Para isso, serão necessárias correções geométricas na via e obras de sinalização para garantir a segurança de todos.
Com a implantação da segunda etapa da Linha Direta Norte-Sul, a partir da execução das obras que permitam a ultrapassagem pela canaleta no eixo das Avenidas República Argentina e Winston Churchill, os ônibus deixarão contornar a Praça do Japão, seguindo ao Terminal Capão Raso ou Pinheirinho.
Para a execução da segunda etapa, a Prefeitura já conseguiu aprovar com a Caixa Econômica Federal cinco projetos, no total de R$ 15 milhões, para as obras de ultrapassagem nas estações Silva Jardim, Dom Pedro I, Morretes, Carlos Dietzsch (Igreja do Portão) e Itajubá.

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!