
A Prefeitura de São Paulo anunciou que vai transformar o Minhocão — formalmente batizado de Elevado Presidente João Goulart — em parque linear. A ideia é do arquiteto curitibano Jaime Lerner e foi sugerida em 2017, quando o urbanista foi contratado pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP) para repensar o centro de São Paulo.
Mas só agora o projeto começa a sair do papel. Segundo estimativas da capital paulista, a transformação só ficará pronta em dezembro de 2020 e vai custar R$ 38 milhões. A ação será feita em três fases. Na primeira serão executadas obras de segurança e acessibilidade para os usuários do espaço. Ao todo serão instalados nove pontos em todo o elevado, entre elevadores e escadas, e estruturas de proteção nas laterais.
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A segunda etapa consiste na implantação de 900 metros de parque entre a Praça Roosevelt e o Largo do Arouche. No total estão previstos 17,5 mil metros quadrados com jardins, além de floreiras e deques, dispostos em módulos pré-fabricados, para abrigar diversas atividades.
“O que antes era um atalho, o Minhocão acabou se tornando uma erosão da trama urbana, deprimindo a paisagem, deteriorando as relações de vizinhança, desvalorizando os edifícios”, conta o arquiteto Fernando Canalli, que conduziu o projeto dentro do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados. “A vizinhança já começou a transformar o local com algumas atividades esporádicas, principalmente durante o fim de semana. É a sinalização da mudança. Depois de pronto, será como a Orla do Guaíba, o centro de São Paulo vai mudar radicalmente.”
A ideia é criar espaços de permanência para idosos, adultos, jovens e crianças. Ao longo do tempo, com a conquista do novo espaço pela população e o aparecimento de novos hábitos, a área vai ganhando vida própria, com teatros, bares e pocket shows, por exemplo.
O piso da principal área de passagem será totalmente aberto para a arte urbana. “Em vez de fazer grafite em um paredão vertical, por que não no piso horizontal?”, brinca Canalli. “Como em outras áreas da cidade, a arte de rua vai mudar com o tempo e será uma galeria a céu aberto.”
O elevado também é dotado de uma rede de equipamentos públicos capilarizados e icônicos, como as bibliotecas Mário de Andrade e Monteiro Lobato, o Estádio do Pacaembu, o Memorial da América Latina e a Santa Casa de Misericórdia, além de duas estações de metrô, Marechal Deodoro e Santa Cecília.
Parque do Minhocão
O destino do elevado João Goulart é objeto de discussão desde os anos de 1970, quando foram iniciadas as rotinas de interdição ao tráfego no período noturno. A consideração do impacto que o resultado dessa discussão teria sobre o cotidiano da cidade fez com que o Plano Diretor Estratégico (PDE), aprovado em 2014, tratasse desse tema, prevendo uma lei específica deveria ser elaborada para determinar a gradual restrição ao transporte individual motorizado, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, ou transformação, seja parcial ou integral, em parque.
Essa determinação foi atendida com a aprovação da Lei Municipal nº 16.833, de 7 de fevereiro de 2018, que estabeleceu a desativação do elevado como via de circulação veicular, o estímulo à realização de atividades culturais e esportivas nos períodos de interdição ao tráfego e a obrigatoriedade de propor a transformação parcial ou total do elevado em parque.
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