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 | Reprodução/ Twitter/ The Economist
| Foto: Reprodução/ Twitter/ The Economist

A publicação inglesa The Economist publicou nesta semana um editorial dizendo que o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) é uma ameaça à democracia do Brasil. 

O texto começa descrevendo a situação atual do país: a economia é um desastre, finanças públicas extenuadas, classe política corrupta, crime em ascensão. “Sete cidades brasileiras estão entre as 20 mais violentas do mundo”, lembra o editorial. “As eleições nacionais no próximo mês dão ao Brasil a chance de um novo começo. No entanto, como parece bastante possível, se a vitória for de Jair Bolsonaro, um populista de extrema-direita, eles arriscam tornar tudo pior”. 

A revista classificou Bolsonaro como mais um populista, que, caso vença, pode colocar a sobrevivência da democracia do maior país da América Latina em risco. 

Apoiadores do candidato reagiram com críticas ao editorial e à publicação. Entre as reações, acusações de que a The Economist tem viés político de esquerda, e até de que a revista teria recebido dinheiro dos partidos de esquerda do Brasil. 

É natural que os apoiadores de Bolsonaro discordem do conteúdo desse artigo. Ao mesmo tempo, dizer que a revista é comunista, ou mesmo de esquerda, não tem fundamento. 

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A sua primeira edição foi publicada em setembro de 1843. Em um editorial de 2013, a própria revista responde à pergunta “A The Economist é de esquerda ou de direita?”. “Nem um nem outro. Nós consideramos que estamos no ‘centro radical’”, afirma o texto, que depois explica que a revista tem apreço pela livre iniciativa e tende a preferir a desregulamentação e as privatizações. 

A publicação foi fundada por James Wilson, um homem de negócios britânico que era um liberal clássico, seguindo a tradição de Adam Smith, e, mais tarde, de John Stuart Mill e William Ewart Gladstone. “Essa herança intelectual guiou os instintos do jornal desde então: ele se opõe a restrições indevidas às liberdades econômicas e pessoais dos indivíduos”, relata o editoral. 

O texto explica que, ao cobrir eleições, o jornal apoia o candidato ou partido que mais apoia políticas liberais clássicas. Eles já apoiaram políticos mais à direita, como Margaret Thatcher, e mais à esquerda, como Barack Obama. “[A publicação] é frequentemente atraída por políticos e partidos centristas que combinam o melhor dos dois mundos, como Tony Blair, cuja combinação de liberalismo social e econômico convenceu a revista a apoiá-lo nas eleições de 2001 e 2005 (embora tenha criticado as violações de seu governo a liberdades civis)”. 

Política brasileira 

A The Economist já deu destaque a outros políticos brasileiros em outras ocasiões. Em artigo de outubro de 2015, ela rejeitou a narrativa de que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) seria um golpe. Os autores afirmaram que dizer que um eventual impeachment seria equivalente a um golpe de Estado, como alegava Dilma, era uma falsidade. 

A revista também defendeu a saída de Dilma, em artigo de março de 2016, que relatava que o Brasil passava por sua pior crise econômica desde 1930, causada por erros cometidos pela então presidente em seu primeiro mandato. 

A publicação também fez uma entrevista, em março de 2017, com o presidente Michel Temer (MDB), defendeu suas políticas e disse que o presidente era sensato. O artigo afirmava que Temer preferia “ser impopular a ser populista”. Temer disse na entrevista que a história o vingaria, e a revista pareceu concordar, afirmando que as reformas comandadas por ele estavam livrando o Brasil de obstáculos que bloqueavam o progresso do país por décadas.

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