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Maioria da sociedade prefere a monogamia
Maioria da sociedade prefere a monogamia| Foto: Bigstock

O término do noivado da aristocrata espanhola Tamara Falcó, decorrente da notícia de que o noivo havia sido infiel, despertou um grande debate na opinião pública da Espanha em torno da fidelidade. Algumas pesquisas avalizam o que muitos defenderam com unhas e dentes durante semanas: a relação com uma pessoa de maneira incondicional e permanente é importante para nós, e muito.

Apenas dois dias depois do anúncio do noivado, o vazamento de um vídeo no qual Íñigo Onieva aparecia beijando outra mulher este verão pôs um ponto final em sua relação com Tamara Falcó.

Poucos dias depois, a marquesa de Griñón apareceu no programa televisivo El Hormiguero (Antena 3), onde teve um conflito com o jornalista Juan del Val. Frente à afirmação de Del Val de que "a fidelidade é algo antinatural", Falcó defendeu que os seres humanos somos capazes de dominar os impulsos e defendeu o valor da fidelidade para a felicidade conjugal.

Sua intervenção em pleno horário nobre da televisão espanhola foi seguida em seu pico de máxima audiência por 3,3 milhões de espanhóis, o segundo melhor dado do ano para o programa. Nas redes sociais e em vários meios de comunicação começou uma conversa na qual muitos se somaram à defesa da exclusividade nas relações de casais.

A imensa maioria quer a monogamia

Há alguns meses, uma pesquisa da 40dB para o jornal El País mostrou de maneira precisa que a sociedade espanhola é mais tradicional do que sugerem reality shows como First Dates ["Primeiros encontros"] ou La isla de las tentaciones ["A ilha das tentações"]. A jornalista Patricia Gosálvez resume assim as conclusões da pesquisa: "E como amamos hoje? Segundo a imensa maioria dos 2.000 entrevistados, fazemos isto em casal, de modo heterossexual, monogâmico, em co-habitação e com estabilidade."

De fato, em que pese a insistência nas relações abertas (poliamor) por parte de algumas informações jornalísticas e canções, 83,2% dos entrevistados diz preferir a monogamia como modelo, e uma maioria ainda mais ampla (94,6%) é monogâmica na prática.

Algumas pessoas que praticam o poliamor dizem encontrar nesse tipo de relações uma forma de não ser infiel (não havendo compromisso de exclusividade que se possa quebrar), ou uma maneira de dar caução aos próprios instintos. Assim diz viver Diana Adams, uma ativista norte-americana em prol do reconhecimento dos direitos das relações poliamorosas, por ela praticadas há quase dez anos: "Creio que é interessante ver que os casais monogâmicos terminam neutralizando seus desejos sexuais, diferentemente dos poligâmicos."

Contudo, um estudo publicado em 2021 mostra que a insatisfação entre os que experimentaram o poliamor é alta. Numa amostragem de mais de 3.000 adultos norte-americanos solteiros, um a cada dez havia se envolvido numa relação com mais de uma pessoa, e desses, só 30% afirmaram que repetiriam a experiência. Por outro lado, 33% reconhecem que os efeitos emocionais associados a tais relações são "difíceis demais de gerir".

O ideal e as dificuldades

Em que pese o desejo de fidelidade que está em nós, observa Martiño Rodríguez-González, terapeuta familiar e professor da Universidade de Navarra, os modos de vida atuais põem-lhe obstáculos: "Vivemos numa cultura que promove aspetos que dificultam a fidelidade e a estabilidade, como mudanças e exigências laborais, banalização das relações extraconjugais etc. Também temos uma ideia do amor como algo incontrolável (a paixão), ou como algo de que não é necessário cuidar, porque cresce sozinho e pensamos que todo o mundo sabe amar automaticamente, sem nenhum esforço. Outra ideia que repercute negativamente na fidelidade matrimonial é uma enorme expectativa ou carga sobre o cônjuge, exigindo demais no plano profissional e humano."

Não obstante, e em que pesem os problemas atuais, os dados também dizem que uma ampla maioria prefere o casamento – uma união que a priori está convocada a durar – a novas formas de convivência, como as uniões estáveis. Os últimos números do INE na Espanha mostram que há 9,4 milhões de casamentos, frente a 1,8 milhões de uniões estáveis. Ou seja, 84% dos casais apostam de início na permanência, em que pesem as dificuldades que possam surgir.

©2022 ACEPRENSA. Publicado com permissão. Original em espanhol.
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