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MOAB: explosão equivalente a 11 toneladas de TNT | /Divulgação
MOAB: explosão equivalente a 11 toneladas de TNT| Foto: /Divulgação

Nesta quinta-feira (13), em nova investida contra o Estado Islâmico, os EUA lançaram mão do armamento mais poderoso de seu arsenal não-nuclear: a bomba MOAB, popularmente conhecida como “mãe de todas as bombas”. Desenvolvido em 2003, o equipamento nunca havia sido utilizado em uma situação real de combate até agora, demonstrando uma escalada da investida americana contra os radicais islâmicos. Mas afinal: o que exatamente é a MOAB e por que o governo americano decidiu usá-la só agora?

O poder de destruição

A MOAB tem dimensões impressionantes: medindo pouco mais de 9 metros de comprimento e 1 de diâmetro, sua estrutura inteira pesa cerca de 10 mil quilos – e 82% dessa massa é composta por explosivos. A título de comparação, um míssil Tomahawk, como aqueles utilizados pelos EUA no ataque à Síria da última sexta-feira, pesa cerca de 1,5 mil quilos. Tamanho poder de fogo se reflete no momento da detonação: a explosão da MOAB equivale a 11 toneladas de TNT, e causa destruição em um raio de até uma milha (1,6 quilômetro em linha reta a partir do local onde é jogada).

Ideal para derrubar montanhas

Apesar de ser considerada uma arma de precisão, o peso da MOAB faz com que seu lançamento seja relativamente rudimentar: o ataque de hoje foi feito atirando-a da traseira de um avião Hércules C-130, amarrada a um paraquedas. “É uma forma de chegar a áreas que bombas convencionais não conseguem atingir”, diz Bill Roggio, da Fundação pela Defesa das Democracias, à revista especializada Military Times.

A força explosiva da bomba permite que montanhas inteiras venham a baixo, desde que haja espaços ocos no subterrâneo – é exatamente o caso da região afegã bombardeada nesta quinta-feira, onde o Estado Islâmico está escondido em uma rede de túneis e cavernas escavados no subsolo. “Basicamente, o que a bomba faz é sugar todo o oxigênio e atear fogo ao ar”, prossegue Roggio.

É comparável a uma arma nuclear?

É importante ter essa distinção bem clara: a MOAB é o mais poderoso armamento não nuclear que os Estados Unidos possuem, mas está longe do poderio de uma bomba nuclear. O explosivo utilizado hoje tinha um poder equivalente a cerca de 11 toneladas de dinamite. Uma bomba como a Little Boy, usada em Hiroshima na Segunda Guerra Mundial, tinha seu poder de destruição estimado em 15 mil toneladas de TNT. A arma atômica mais poderosa já desenvolvida pelos EUA, a bomba B-41, equivalia a 25 milhões de toneladas de dinamite – nunca utilizada em combate, foi aposentada em 1976, como parte dos acordos de não-proliferação nuclear assinados junto à União Soviética.

A “avó” foi usada contra Bin Laden

Entre as bombas convencionais (não-nucleares), a MOAB não é a primeira do tipo a ser utilizada pelos americanos. Se a versão atual é a “mãe de todas as bombas”, a “avó”, chamada de BLU-82 e conhecida como “cortadora de margaridas”, também teve uma longa história de participações em guerras: foi usada no Vietnã na década de 70, na Guerra do Golfo em 1991, e também no próprio Afeganistão no início dos anos 2000.

O curioso apelido da BLU-82 se deve ao fato de que, no Vietnã, um dos usos que a bomba teve foi abrir clareiras em florestas, transformando-as em pista de pouso para os helicópteros americanos. Após os ataques de 11 de setembro de 2001, a BLU-82 foi utilizada pelos Estados Unidos com um objetivo parecido ao do ataque de hoje: destruir as bases subterrâneas mantidas por radicais islâmicos no Afeganistão – na época, em vez do Estado Islâmico, o inimigo era a Al-Qaeda de Osama Bin Laden.

Por que agora?

Várias razões ajudam a entender por que o governo Trump decidiu finalmente fazer uso da MOAB, que passou a ser a principal bomba das forças militares americanas após a aposentadoria da BLU-82 em 2008. O plano não é novo: a MOAB vem sendo desenvolvida desde 2003 e a utilização da bomba em combate já havia sido autorizada por Barack Obama em 2016, mas nenhum ataque ocorreu na ocasião.

Segundo o general John Nicholson, comandante das operações no Afeganistão, a decisão por fazer uso da bomba se deve à recente reclusão do Estado Islâmico em cavernas. Como o grupo perdeu força nos últimos meses, seu novo esconderijo seria o mesmo utilizado pela Al-Qaeda no passado. “Esta é a munição correta para reduzir esses obstáculos (montanhas) e manter a força da nossa ofensiva contra o Estado Islâmico”, declarou Nicholson.

A escolha do local do ataque não teria sido casual: “ também deve ter havido um certo grau de represália”, sugere o especialista Bill Roggio. Alvo desta quinta-feira, a província de Nangarhar é a região onde o sargento das Forças Especiais Americanas, Mark de Alencar, foi morto no último sábado.

Arma também psicológica

A MOAB é considerada estratégica não apenas pela força bruta que representa, mas também por ser vista como uma “arma psicológica” pelos especialistas militares americanos. Devido ao enorme grau de destruição que causa em poucos instantes, ela é parte da estratégia de “choque e pavor” que os EUA costumam empregar em conflitos do tipo. “(O objetivo dessa estratégia) é tomar controle do ambiente e paralisar ou sobrecarregar as percepções de um adversário e seu entendimento dos acontecimentos, de modo a tornar o inimigo incapaz de resistência”, definem os analistas Harlan Ullman e James Waden em um guia da National Defense University, instituição mantida pelo Departamento de Defesa dos EUA, em Washington.

Existe um “pai” de todas as bombas?

Desde 2007, a Rússia afirma ter desenvolvido uma bomba convencional ainda mais poderosa que a MOAB – apelidado de “pai de todas as bombas”, o armamento teria poder equivalente a 44 toneladas de dinamite, quatro vezes mais que a bomba utilizada hoje pelos EUA. Mas, assim como a MOAB nunca tinha sido utilizada antes desta quinta-feira, a bomba russa também é cercada de mistérios e jamais foi vista em uma situação real de combate. A existência desse equipamento é inclusive questionada por especialistas americanos, que apontam inconsistências entre os vídeos de testes divulgados pelos russos e o poder de destruição alegado pelo Kremlin.

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