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“The Pitt” tem sido uma das séries mais assistidas no serviço de streaming Max, no Brasil, desde sua estreia. Segue a tradição de dramas médicos com atores famosos e competentes, roteiro cativante, ação frenética, e comentários sociais. A série também é um bom exemplo de como pautas abortistas são inseridas de maneira sutil nestas produções.
Logo no primeiro episódio um diálogo demonstra a naturalidade os médicos comentando sobre uma adolescente que pretende abortar seu bebê. Em outros episódios o tema ressurge, com a insistência dos médicos em defender a agenda abortista, decidindo, inclusive, por falsificar um laudo da idade gestacional do feto para autorizar o assassinato no ventre da mãe.
A mesma série consegue defender o valor da vida ao mostrar dilemas morais profundos sobre como lidar com a morte de um ente querido, jovem ou idoso, bem como a demanda contínua que exige uma pessoa doente na família.
No dilema moral sobre o fim da vida, discute-se sobre cuidados paliativos ou a intervenção mecânica que tende a trazer mais sofrimentos para o paciente e para os familiares. Uma cena marcante mostra o filho rememorando lembranças felizes do pai enquanto a filha pondera que perdeu bons momentos com o pai por rejeitá-lo. Ela desejava que ele tivesse sido o que nunca foi e, assim, lamenta ainda mais a morte daquele que ela teve a chance de tê-lo, mas o perdeu ainda em vida.
Se, por um lado, no fim da vida a vida do paciente é valorizada (com razão), estes mesmos profissionais descartam que ela já tenha valor desde a concepção. Os médicos de “The Pitt” decidem até falsificar a idade gestacional de um bebê para ceifar logo a sua vida. O dilema moral retratado neste caso não está no fato de ser uma vida com direitos, e sim o fato de a médica demonstrar receio de descobrirem a falsificação do laudo e ser punida.
Aqui é bom ressaltar que a inclusão de pautas que despertam a empatia servem justamente para o espectador "comprar o pacote completo" da obra, sem fazer distinção entre os temas apresentados. Ao defender a família e valorizar uma vida bem vivida, a série tenta igualar a pauta abortista às outras pautas que naturalmente são defendidas pelo espectador.
O perigo: produções de sucesso
Apesar da evidente inclinação progressista e das mensagens ideológicas embutidas na trama, The Pitt é uma série tecnicamente bem construída, com um roteiro envolvente e uma abordagem diferenciada dos dramas médicos tradicionais. A escolha de retratar um turno de 15 horas em tempo real confere um ritmo dinâmico e imersivo à narrativa.
É justamente na qualidade da série que reside o perigo. Filmes e séries que defendem, mesmo que de forma implícita, a pauta abortista, costumam ser produções de sucesso e qualidade narrativa. É bem provável que algumas dessas obras tenham marcado sua juventude de forma insuspeita.
Vencedor do Oscar de Melhor Canção Original em 1988, indicado a quatro Globos de Ouro, o filme “Dirty Dancing – Ritmo Quente”, com o astro Patrick Swayze, foi um dos grandes sucessos de 1987, levando milhões de pessoas ao cinema, e sendo o primeiro filme da história a vender mais de um milhão de cópias de VHS. A música do filme, “(I've Had) The Time of My Life”, até hoje é tocada nas rádios ao redor do planeta.
Uma das subtramas da obra, no entanto, é claramente abortista. A personagem principal do filme, Baby (Jennifer Grey), empresta dinheiro para a amiga Penny pagar por um aborto ilegal que dá errado. Na época, o roteiro foi saudado pelos progressistas porque os personagens não julgam a escolha de Penny e porque seria um retrato de uma sociedade onde o aborto é ilegal, já que o filme se passa em 1963, antes da aprovação da lei que tornou o aborto legalizado nos Estados Unidos. Em nenhum momento o filme pondera sobre a vida que foi perdida, e quais alternativas, que não o aborto, poderiam ter sido tomadas pelas personagens.
Outro filme que acumulou elogios e prêmios foi “Regras da Vida”, de 1999, com um elenco composto por atores como Charlize Theron, Tobey Maguire e Michael Caine. “Regras da Vida” conta a história de um médico (Michael Caine) que realiza abortos ilegais em um orfanato durante a Segunda Guerra Mundial. O protagonista e herói do filme, Homer (Tobey Maguire), que no princípio se opunha aos abortos feitos pelo médico interpretado por Caine, acaba ele mesmo realizando um aborto na personagem Rose.
Cheio de cenas bem executadas e atuações primorosas, foi indicado a sete Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, e ganhou dois (o de Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante), mostrando como a pauta abortista era bem recebida pelo establishment de Hollywood.
Também é uma mostra de que a pauta abortista na TV e no cinema vem embutida em produções de primeira linha, conduzida pelos melhores profissionais da área. Por isso mesmo ela é mais insidiosa, e exige atenção de quem defende a pauta pró-vida, muitas vezes retratada nestes filmes como arcaica e retrógrada.






