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Bonecas matryoshkas com desenhos de Putin e Trump à venda em mercado de Moscou. | Alexander Nemenov/AFP
Bonecas matryoshkas com desenhos de Putin e Trump à venda em mercado de Moscou.| Foto: Alexander Nemenov/AFP

O presidente Donald Trump despertou a ira de seu correspondente em Moscou ao atacar um aeroporto da Síria na quinta-feira, 07, e acabou com a narrativa midiática de que ele estava muito confortável com o presidente russo Vladimir Putin.

A cobertura da ação militar de Trump chamou atenção para o fato de que o lançamento de 59 mísseis marítimos Tomahawk — direcionados para a base aérea em que supostamente as forças do presidente sírio Bashar Assad planejaram um ataque com armas químicas a civis — criam um estranhamento entre Estados Unidos e Rússia, que apoia o regime de Assad. Alguns trechos da cobertura:

“Putin denunciou a ação dos EUA como uma “agressão contra um estado soberano, violando as normas do direito internacional sob um pretexto forçado”. Ele afirma que os ataques “afetam as relações entre Rússia e EUA” e que o objetivo da ação foi causar uma distração das mortes de civis depois de uma colisão de ataques aéreos no Iraque. As informações são de um anúncio da imprensa oficial.” (CNN)

“Putin considerou o ataque uma ruptura do direito internacional feito sob um falso pretexto, disse Peskov. Moscou também chamou o Conselho de Segurança das Nações Unidas para uma reunião de emergência, e o ministro russo para assuntos internacionais afirmou que parou uma negociação com os EUA para coordenar operações aéreas na Síria.” (New York Times)

“A decisão de Trump de atacar as forças governamentais sírias é uma mudança notável para um líder que afirmou repetidamente no passado querer relações melhores com Moscou, incluindo a cooperação com a Rússia para lutar contra o Estado Islâmico. A mídia russa retratava Trump como uma figura que promoveria uma relação mais próxima com Moscou. Em casa, os oponentes de Trump o acusaram de apoiar Putin excessivamente.” (Reuters)

O trecho da agência de notícias Reuters captura perfeitamente a dinâmica. Durante a campanha presidencial, Trump elogiou Putin, dizendo que ele era um “líder mais forte” que o ex-presidente Barack Obama.

Depois de assumir, Trump fez pouco para mostrar que ele pode enfrentar Putin, principalmente quando defendeu o líder russo numa entrevista no Super Bowl. O entrevistador Bill O’Reilly, da Fox News, lembrou que “Putin é um assassino”, se referindo às suspeitas de que o Kremlin fosse responsável pela morte de jornalistas e dissidentes políticos.

“Existem muitos assassinos”, respondeu Trump. “Nós temos muitos assassinos. Ou você acha que nosso país é inocente?”

E mais significativo ainda, o diretor do FBI James B. Comey confirmou no último mês que sua agência está investigando se a campanha de Trump conspirou com a Rússia para influenciar a eleição espalhando informações negativas sobre a candidata democrata Hillary Clinton. Não existem provas da conspiração, mas o FBI e a CIA concordam que a Rússia procurou ajudar na vitória de Trump — uma conclusão que causa a impressão de que o presidente americano não estaria inclinado a contrariar um aliado tão poderoso.

Mas foi exatamente isso que Trump fez quando autorizou o ataque da última quinta-feira. A medida não responde questões sobre conspirações de nenhum dos lados, mas afasta a ideia de que Trump poderia ceder a Putin em outras decisões importantes.

Tradução: Gisele Eberspächer

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