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Hitler's American Model: The United States and the Making of Nazi Race Law (o modelo americano de Hitler: os Estados Unidos e a construção das leis raciais nazistas, sem tradução para o português) | Princeton/Divulgação
Hitler's American Model: The United States and the Making of Nazi Race Law (o modelo americano de Hitler: os Estados Unidos e a construção das leis raciais nazistas, sem tradução para o português)| Foto: Princeton/Divulgação

Quando Adolf Hitler tomou o poder na Alemanha, 1933, uma de suas prioridades era criar um arcabouço jurídico para sua visão de um Estado antissemita. Logo, começou uma meticulosa pesquisa dos nazistas sobre legislação baseada na raça com o objetivo de apagar os direitos dos judeus alemães. 

Um país em particular capturou o interesse dos nazistas em virtude de seu avançado e inovador sistema de racismo legal. 

O objeto da fascinação nazista? Os Estados Unidos. 

“No começo do século XX, os Estados Unidos não eram só um país com racismo”, escreve o professor de direito de Yale James Whitman em seu livro "Hitler's American Model". “Era o líder em jurisdição racista – tanto que até mesmo a Alemanha nazista buscou inspiração nos Estados Unidos.” 

Em sua surpreendente nova história, Whitman traça a substancial influência das leis raciais americanas sobre o Terceiro Reich. O livro, na verdade, é um retrato dos Estados Unidos construído a partir de anotações em tom de admiração de legisladores nazistas, que se referiam rotineiramente às políticas americanas no desenho de seu próprio regime racista. 

Conforme eles escreviam suas próprias leis para excluir judeus alemães da vida pública e cívica, legisladores nazistas estudaram cuidadosamente como os Estados Unidos tinham suprimido imigrantes não brancos e relegado minorias a uma cidadania de segunda classe. Em audiências privadas, eles discutiram como o modelo dos Estados Unidos para a supremacia branca no sul Jim Crow poderia ser transposto para a Alemanha e infligido aos judeus. 

Os nazistas foram vivamente influenciados pelas leis americanas que proibiam o casamento inter-racial. Dezenas de estados não apenas proibiam casamentos entre brancos e negros, como sujeitavam os infratores a longas penas de prisão. A dura criminalização dos casamentos inter-raciais nos Estados Unidos serviu de exemplo aos nazistas conforme eles criaram sua Lei para Proteção do Sangue Alemão e a Honra Alemã, que proibiu judeus alemães de casar com não judeus, invalidou casamentos mistos existentes e mandou os infratores para campos prisionais de trabalhos forçados. 

Influência americana

O livro de Whitman contribui para um crescente reconhecimento da influência americana sobre o pensamento nazista. Outros historiadores já mostraram, por exemplo, que o vigoroso movimento de eugenia nos Estados Unidos encorajou os nazistas, que copiaram os programas de esterilização forçada dos Estados Unidos e se protegeram com as teorias pseudocientíficas dos eugenistas americanos. 

O biógrafo John Toland observou que Hitler admirava a conquista americana do oeste, particularmente o extermínio da população de indígenas americanos. Os campos de concentração nazistas podem ter sido inspirados em parte, argumentou Toland, no sistema de reservas indígenas americano. 

As atrocidades nazistas mostraram um espelho sombrio a alguns dos mais vergonhosos impulsos dos Estados Unidos. Em algum nível, os americanos entenderam isso. Depois da Segunda Guerra Mundial, a eugenia perdeu a popularidade, e os Estados Unidos gradualmente reverteram parte de suas leis racistas. O sistema Jim Crow foi desmontado, ao menos formalmente, pelo esforço do movimento por direitos civis nos anos 60. E as últimas leis antimiscigenação foram derrubadas em 1967. Esse progresso foi lento, mas provavelmente teria sido mais lento se o regime nazista não tivesse horrorizado o mundo com sua intolerância racial.

Tradução de Pedro de Castro
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