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O presidente dos EUA, Joe Biden, durante uma cúpula virtual com o ditador chinês, Xi Jinping, na Sala Roosevelt da Casa Branca, em Washington DC, EUA, 15 de novembro de 2021.
O presidente dos EUA, Joe Biden, durante uma cúpula virtual com o ditador chinês, Xi Jinping, na Sala Roosevelt da Casa Branca, em Washington DC, EUA, 15 de novembro de 2021.| Foto: EFE /EPA/SARAH SILBIGER

"Alguém acha que estaríamos no Oriente Médio se tivéssemos mesmo independência energética?", perguntou Joe Biden em 2006. Treze anos depois, os EUA enfim conquistaram essa independência energética tão buscada. Mas hoje, graças a uma combinação entre as terríveis políticas do atual Presidente Biden e uma guerra empreendida há décadas contra a produção energética dos EUA, os americanos finalmente se veem implorando a nações estrangeiras por petróleo e gasolina.

A corte que o presidente faz para o ditador da Venezuela Nicolás Maduro e para o príncipe herdeiro da Arábia Saudita Mohammed bin Salman são bem documentados, tal como seus sermões paternalistas dirigidos às empresas americanas. Mas o que está por vir é ainda mais constrangedor para os Estados Unidos: com quase toda a certeza, o Presidente Biden vai pedir ao Partido Comunista Chinês para turbinar as suas refinarias e enviar para os EUA os produtos do refino do petróleo. E estaremos dispostos a pagar caro por eles, provavelmente tirando centenas ou milhares de tarifas, as quais ajudam a indústria americana a competir com o trabalho barato -- e forçado -- dos chineses.

Enquanto os americanos criticam, com razão, a recusa do governo Biden a expandir a exploração da energia doméstica, esta é só uma parte do problema. A outra parte é a capacidade minguante do nosso refino, que caiu cerca de 5% só nos últimos dois anos. Refinamos um milhão de galões diários a menos do que antes da pandemia -- e por quase o triplo do preço, graças às demandas repentinas pós-covid.

A recente redução na capacidade do refino ajuda a explicar por que a gasolina custa quase 5 dólares por galão, mas não ajuda a explicar por que ela ocorreu. A verdade é que estivemos nessa trajetória por décadas. Mais da metade das refinarias dos EUA foram fechadas desde 1977, que foi a última vez em que uma grande refinaria entrou em operação.

Isto não deveria surpreender. Construir refinarias demanda capital intensivo, e por décadas a indústria tem estado sob o assalto de ambientalistas radicais, políticos simpatizantes e investidores cada vez mais fanáticos no progressismo (woke). Os leitores não precisam acreditar em mim. Ouçam o CEO Michael Wirth, da Chevron, que recentemente disse ao Washington Post: "Acho que nunca mais veremos uma refinaria ser construída neste país. [. . .] Como a política ambientalista tenta reduzir a demanda por esses produtos, não vamos encontrar empresas para colocar bilhões e bilhões de dólares nisso."

Enquanto íamos extinguindo nossa capacidade de refino para correr atrás de devaneios ambientalistas, a China era rápida em se posicionar como a principal refinadora de petróleo do mundo — uma meta alcançada em 2020.

Neste momento, a China está com um terço da capacidade de refino ociosa, já que sua economia sofre com os confinamentos e os problemas na cadeia produtiva deles decorrentes. Mas Pequim poderia com facilidade dar uma guinada e começar a exportar produtos refinados pelo globo, tanto para aliados quanto para adversários — e ter ganhos políticos e financeiros nesse processo.

O Presidente Biden já está se preparando para falar com Xi Jinping sobre aliviar as tarifas dos EUA sobre importações chinesas, algo que muitos no Congresso e no mundo dos negócios vêm pedindo desde quando o presidente foi empossado. Muitos membros importantes do governo Biden também anseiam por apaziguar Pequim reduzindo tarifas. Não é preciso muita antevisão para perceber como o petróleo refinado pode se tornar parte da barganha.

Implorar à China por gasolina seria algo de curto prazo, ingênuo e desastroso para os EUA. Seria um golpe estratégico para Xi, que deseja acima de qualquer coisa demonstrar a superioridade da China sobre os EUA. E levaria a pique toda esperança de um dia se livrar da dependência econômica do regime genocida de Pequim.

Não engulam a conversa de que é uma solução de curto prazo enquanto abandonamos os combustíveis fósseis. É a mesma conversa que sufocou a capacidade de refino dos EUA. Ademais, ignora o fato de que já dependemos da China para a energia renovável, incluindo tudo: desde painéis solares até baterias de veículos. A China controla 76% da produção global da bateria de íon-lítio. Os EUA controlam só 8%.

Durante muito tempo, Pequim seguiu um plano estratégico para dominar indústrias cruciais, e agora os EUA estão correndo atrás. Em vez de nos prostrarmos perante um regime marxista determinado a superar o nosso país, deveríamos focar no âmbito doméstico e dar boas-vindas a toda produção americana de energia, incluindo petróleo e gás natural. Se o Presidente Biden precisar de mais recursos e autoridade para manter na ativa as refinarias atuais e apressar o aumento da capacidade, deverá pedir ajuda ao Congresso. Mas ele deve pedi-la a nós, não ao Partido Comunista Chinês.

MARCO RUBIO é senador dos EUA pela Flórida. Ele é vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado e membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado.

©2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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