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Mesmo sem corrupção, na Inglaterra o dinheiro do contribuinte é desperdiçado em quantidades faraônicas
Mesmo sem corrupção, na Inglaterra o dinheiro do contribuinte é desperdiçado em quantidades faraônicas| Foto: Eli Vieira com Midjourney

Nada ilustra melhor a sujeição do povo britânico ao seu governo do que a falência da cidade de Birmingham. O Conselho Municipal [N.t. na Inglaterra, trata-se da estrutura de governode um município] anunciou que a partir de agora poderá prestar apenas os serviços mais básicos e urgentes, o que antes fazia com eficiência neutra em todos os casos.

A principal causa da falência são os cerca de 2,4 bilhões de dólares que o Município foi obrigado a pagar a antigas trabalhadoras, ao longo de mais de uma década, em um processo antidiscriminação, e que constituem agora o primeiro recurso aos seus fundos. Aparentemente, as trabalhadoras – principalmente na área da assistência social – perderam os “bônus” pagos a outros trabalhadores municipais, sobre os quais seria indelicado fazer perguntas.

Isto significa que uma família de quatro pessoas em Birmingham tem, na verdade, uma dívida de aproximadamente 10.000 dólares para com as mulheres que não receberam a sua parte dos bônus, uma dívida contraída em nome da família pelo Município. Em troca de impostos locais mais elevados, a população receberá menos serviços como coleta de lixo, já bastante reduzida, e foi até sugerido que o museu e galeria de arte da cidade (que tem a maior colecção de pinturas pré-rafaelitas do mundo) talvez precisem ser vendidos.

Não é que o litígio seja a única fonte de dívida. O Conselho comprou um novo sistema informatizado de contabilidade por 25 milhões de dólares, para depois descobrir que não funcionava. A estimativa para consertar isso é de 125 milhões de dólares. Mais 600 dólares a cada família de quatro pessoas.

Há alguns anos, salientei que a associação de taxistas da cidade, provavelmente sem formação universitária entre os seus membros, comprou e operou um sistema altamente sofisticado semelhante, mas anterior, ao da Uber, a um custo que o Município teria considerado irrisório. A diferença era que a associação dos taxistas tinha todo o interesse em tomar a decisão certa e garantir que o sistema funcionasse: o oposto dos incentivos do Conselho.

O Conselho de Birmingham não está sozinho na sua incompetência. O Conselho Municipal do meu condado comprou um centro comercial por 62,5 milhões de dólares, no momento em que o comércio varejista entrou em colapso, e o centro foi avaliado em 8 milhões de dólares dois ou três anos mais tarde – se é que poderia ser vendido. O conselho eliminou assim as suas reservas estatutárias. Assim, os impostos locais terão de aumentar sem qualquer benefício para os contribuintes.

É difícil não suspeitar de corrupção do tipo tradicional, mas mesmo sem tal corrupção (que pelo menos apontaria para algum tipo de competência), o dinheiro é desperdiçado em quantidades faraônicas. O governo Tony Blair, por exemplo, tentou produzir um sistema de informação unificado para o Serviço Nacional de Saúde – algo que a Suécia e a Dinamarca conseguiram sem problemas. Depois de gastos de 15 mil milhões de dólares, a tentativa foi abandonada sem nada a mostrar, exceto, talvez, muitos novos milionários.

Os britânicos têm responsabilidade ilimitada perante o seu Estado; seu Estado não tem nada para eles.

© 2023 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Pound Foolish -Birmingham’s bankruptcy and the plight of British taxpayers

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