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Em várias partes do mundo, os preços do ovo e do café aumentaram por razões como o aumento do consumo, valor da commodity e por fenômenos meteorológicos como geadas, secas e chuvas em excesso. No Brasil de Lula, a má gestão econômica colaborou para transformar os dois produtos quase em itens de luxo.
No lugar da picanha e cerveja prometidas pelo presidente, o brasileiro hoje não consegue nem comprar o básico, ficando sujeito à comida racionada e de má qualidade na mesa. Os dois itens são básicos na cesta de consumo das famílias brasileiras.
No caso do ovo, seu encarecimento pelos custos de produção que acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa).
O problema é que o ovo já é o substituto da carne e do frango. Ou seja, com uma cartela de 30 ovos podendo chegar a R$ 40, o brasileiro fica sem a proteína mais barata a qual tinha acesso.
As famílias são afetadas, ainda, indiretamente, pois o ovo é ingrediente base de várias receitas em padarias, confeitarias e restaurantes. Seu aumento é embutido nos produtos, assim como o reajuste da conta de luz e de embalagens que o empresário precisa arcar.
Café aguou e polpa ganhou espaço
O clima ruim que enfraqueceu o café não atingiu só a lavoura. O ambiente político e econômico contribuiu (e muito) para fazer com que um dos itens mais básicos de consumo no país evaporasse na mesa das famílias.
A alta dos preços do café impacta também Estados Unidos e Europa, mas nenhuma delas é a maior produtora de café do mundo como o Brasil. Ainda assim, a bebida tomada pelos brasileiros até num calor de 40ºC por aqui subiu 50,3% nos últimos 12 meses até janeiro.
Esse salto é reflexo da desconfiança do mercado com o governo Lula e uma série de decisões e omissões dele e de sua equipe que levou o país a enfrentar juros altos e pressão da inflação, principalmente nos alimentos. Nem o infeliz conselho “se o produto está caro, você não compra” surtiu um efeito tão negativo quanto tirar o cafezinho dos brasileiros.
A popularidade de Lula despencou após a bebida tradicional subir de preço. E a população ficou à mercê de produtos de qualidade duvidosa. Nas crises, primeiro, as famílias trocam de marca para economizar. Depois, reduzem o consumo. Por último, deixam de comprar ou recorrem às alternativas.
Com pacotes de 500 gramas vendidos, em média, entre R$ 25 e R$ 30, as opções “sabor café” ou “com polpa de café” a R$ 13 se tornaram atrativas. Apelidados de “cafés fakes” ou “cafakes”, são misturas para cafés à base de milho e cevada com outros componentes.
Existem duas categorias de alternativas de café. As que já vendiam produtos opcionais à cafeína e viram sua visibilidade aumentar. E as que são vendidas como pó “sabor café”, mas misturam outros ingredientes, inclusive pedaços de mato, como palha e cascas, e cuja embalagem imita a de marcas famosas de café de verdade.
O “cafake” é qualquer produto vendido como café, mas que, na verdade, em sua composição há resíduos da lavoura, que contêm impurezas, como paus, palhas e cascas ou até mesmo outros vegetais como cevada e milho, conforme esclarece Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Inácio ressalta que o café de verdade é feito apenas do grão do café. A polpa de café, como consta em algumas embalagens dos “cafakes”, não é café.
A Abic já notificou o Ministério da Agricultura e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre tais produtos.
O Ministério da Agricultura iniciou uma investigação para apurar irregularidades do "café fake" Procurada pela Gazeta do Povo, a pasta não respondeu até o fechamento desta reportagem.
“Além de não ser café, é um produto fraudulento que não passou por nenhuma certificação de pureza e qualidade e que não respeita a legislação do Ministério da Agricultura. Não há garantia sobre a sua composição, não é um alimento seguro. É uma enganação ao bolso e até mesmo um perigo à saúde do consumidor”, reforçou Inácio.
Como saber quando o café é falso ou verdadeiro
Os cafés fakes levam polpa ou algum elemento do café para manter o gosto e a reação química estimulante. A intenção de confundir o consumidor também fica evidente na apresentação da embalagem e na exposição nos supermercados: ao lado dos cafés “de verdade”.
Nas últimas semanas circulou pela internet um pacote de marca genérica com nome, visual e cores bem semelhante a outra famosa que está há décadas no mercado.
“De forma geral, essa categoria está rotulada de forma adequada. O problema maior desses produtos é a enganosidade publicitária no rótulo. É uma estratégia que pode induzir o consumidor ao erro por se assemelhar muito com o produto que não é o que ele é de fato”, explica Mariana Ribeiro, nutricionista do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec).
Uma outra categoria de bebidas que entrou no radar dos consumidores, pois também são mais baratas, são os “cafés de milho e de cevada”. A diferença é que estas se apresentam como substitutas do café e suas embalagens destacam o produto que usam.
Ivan Souza, gerente comercial e marketing da Superbom, marca que fabrica café de cevada e milho desde a década de 1960 e 2016, respectivamente, explica que estas bebidas foram criadas para pessoas que buscam uma dieta específica sem cafeína. Por isso, apesar da procura maior nesses dias de café caro, não houve aumento significativo nas vendas.
“Como estes grãos são torrados, lembram um pouco o café, porque muito do sabor do café coado vem da torrefação. Mas eles não têm sabor nem a reação química estimulante do café”, explica Souza.




