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No programa Última Análise desta terça-feira (06), os dados recentes sobre o QI médio do brasileiro e o analfabetismo funcional foram os pontos de partida para uma discussão a respeito da educação brasileira. Os participantes debateram se há alguma relação entre eles e a histórica chaga educacional do país.
Diversos estudos e meta-estudos tentam identificar a média de QI – Quociente de Inteligência de vários países. A qualidade dos estudos varia, assim como os resultados. O brasileiro tem, segundo esses estudos, um QI entre 83 e 87 pontos, o que é bem baixo.
Para o advogado André Marsiglia, um dos comentaristas do Última Análise, tais dados não trazem respostas definitivas e, para alcançarmos uma solução, precisamos de "parâmetros aferíveis mais concretos".
O colunista da Gazeta do Povo Paulo Polzonoff Jr. também expressou descrédito em relação aos dados citados, lembrando do caso de Israel, um polo tecnológico e científico que, a despeito disso, apresentou números similares aos do Brasil. Ainda, demonstrou receio de que isto sirva de pretexto para mais gastos estatais, para além do já significativo investimento de 10% do PIB na área.
Estado: o culpado ou a solução?
A solução estatal também foi debatida pelos participantes e é vista com ressalvas. Marsiglia a considera fruto de um pressuposto problemático: "A gente tem uma visão de que o Estado é o grande provedor. Não conseguimos conceber a nossa vida sem ele. Esse é o grande problema da política e, de alguma forma, também da educação", acredita.
A comentarista Anne Dias criticou a centralização do ensino nas mãos do Estado. Para a advogada, isso cria dificuldades e limita a liberdade de escolha para as famílias. Ela argumenta que modelos onde o Estado concede mais liberdade de escolha aos pais e mães são preferíveis, pois trazem "mais inovação na educação".
Exemplo Chinês, escolas cívico-militares e homeschooling
Ainda, foi debatido se, diante do aumento do QI na China, poderíamos importar o modelo educacional do país. Dias lembrou que, apesar de ter uma "educação forte", o país chinês é "opressor" e tem "zero liberdade de expressão". Já em relação às escolas cívico-militares, vistas como um outro caminho, Polzonoff explicou que se trata de educação mais "direcionada às virtudes", em contraponto a outra mais "ideologizada".
Sobre a prática do homeschooling, Anne acredita que é algo atualmente proibido no Brasil, mas que, em sua opinião, deveria ser uma escolha para as famílias. Ela vê essa falta de liberdade de opção como uma dificuldade gerada pela centralização do ensino.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a quinta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.



