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Conhecido por aparecer em vídeos curtos e práticos, em que ensina como enfrentar conversas difíceis sem abrir mão de seus princípios, o americano Jefferson Fisher conquistou milhões de seguidores nos últimos anos.
Advogado e palestrante, Fisher combina experiência jurídica e comunicação estratégica para oferecer ferramentas aplicáveis a qualquer situação do cotidiano. Muitas delas são apresentadas no livro “Discuta Menos, Dialogue Mais” (editora Intrínseca), lançado neste ano no Brasil.
A obra é um convite para refletir sobre nossos valores e a alinhar nossas palavras a eles, garantindo que a comunicação seja coerente, autêntica e eficaz. O recorte que você lê a seguir explora exatamente esse ponto: como identificar suas convicções pessoais e utilizá-las como guia em diálogos cotidianos — para falar com sinceridade, ser compreendido e, ao mesmo tempo, manter a própria essência intacta.
Em uma conversa, os valores funcionam como uma bússola pessoal, assegurando que seus objetivos indiquem a direção do que você considera verdadeiramente importante, gratificante e significativo. Independentemente do tema de discussão, seus valores sempre apontam para o norte verdadeiro.
Em vez de se concentrar na outra pessoa, seus valores conversacionais respondem à pergunta: “Como defenderei meus valores?”. Ou seja, como você quer ser visto ao final da conversa.
Eis um breve exemplo. Digamos que seu objetivo seja encerrar a conversa sentindo-se ouvido e que seu valor seja a sinceridade. Ao final, a outra pessoa pergunta: “Estamos conversados?”.
Normalmente, você ficaria tentado a concordar só para pôr uma pedra no assunto. Mas, no fundo, continua sentindo que não foi ouvido.
Em vez de responder com um descompromissado “estamos”, você diz: “Agradeço pelas coisas que falou e entendo sua perspectiva. Mas, de minha parte, acho que ainda não fui totalmente entendido”.
Ao se manter fiel a seu compromisso com a sinceridade, você garante que alcançará seu objetivo sem atentar contra seus princípios. Os valores projetam uma imagem de quem somos e do que defendemos.
Em um diálogo, também ajudam a demonstrar os comportamentos que influenciam como escutamos, reagimos e nos envolvemos. Quando alinhamos o diálogo a nossos valores, ficamos preparados para alcançar nossos objetivos até antes de a conversa começar.
Pense nos momentos em que se sentiu mais como você mesmo. Não estou me referindo a suas lembranças mais felizes.
Pode ser quando ajudou alguém ou defendeu algo em que acredita. Reflita sobre os valores que expressou nesses momentos.
Compaixão? Justiça? Equidade? Pense nos valores que considera importantes em seus amigos mais próximos.
A imagem que você projeta
Um exercício fácil para ajudá-lo a encontrar seus valores pessoais é consultar quem o conhece melhor, como um amigo íntimo, o cônjuge ou alguém da família. Faça à pessoa cada uma das seguintes perguntas e escreva suas respostas.
1. O que você acha que considero importante, com base em nossas conversas diárias?
2. Quais três palavras você usaria para descrever minha personalidade a alguém que não me conhece?
3. Quais assuntos me deixam mais entusiasmado?
4. Que qualidade eu mais valorizo nas minhas amizades?
5. Qual emoção você gostaria que eu demonstrasse com mais frequência?
Não há respostas certas ou erradas, embora você talvez se surpreenda com o que vai ouvir. Essa pesquisa se destina apenas a ajudá-lo a perceber a imagem que você atualmente projeta no mundo.
Depois do feedback, tire um tempo para si. Reflita sobre como gostaria de ser lembrado — quem você quer ser, pelo que deseja ficar conhecido, o bem que você deseja espalhar pelo mundo.
Talvez leve horas, semanas ou até meses para internalizar e identificar seus valores pessoais. Não tem problema. Vale o tempo investido.
E lembre-se de que seus valores não precisam ser expressos em uma única palavra. Também podem vir na forma de frases ou textos maiores. O importante é que façam sentido para você.
A título de ilustração, eis alguns dos meus:
• Onde houver margem para a bondade, eu a usarei.
• Dizer quem sou sem dizer meu nome.
• Se não posso ser uma ponte, serei um farol.
Meus valores pessoais enfatizam as coisas que são importantes para minha personalidade. A bondade, por exemplo, me faz pensar em minha mãe e no modo como ela trata a todos.
Além disso, quero tratar os outros com bondade, independentemente de seu comportamento. Quero que minhas ações falem mais alto do que minhas palavras. E quero ser uma fonte constante de luz, um lugar seguro ao qual se pode voltar, mesmo quando uma resolução não seja imediatamente possível.
Esses valores ajudam a me alinhar aos momentos em que estou me comunicando. Dúvidas quanto ao que dizer ou a como agir em momentos de conflito se dissipam quando respondo respeitando meus valores.
E a questão é essa. Não precisamos nos afligir quanto ao que ou como falar. Não precisamos tentar decidir se a outra pessoa merece provar do próprio veneno.
Nossos valores tomam as decisões difíceis por nós. Quando alinhamos nossa comunicação a nossos valores, aumentamos a probabilidade de atingir nossos objetivos e asseguramos que, se estivermos em apuros, nosso verdadeiro eu se fará presente.
Mas isso quer dizer que o trabalho de verdade precisa ser realizado antes de abrirmos a boca.
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Conteúdo editado por: Omar Godoy






