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O diretor do FBI, Christopher Wray, presta juramento antes de testemunhar em uma audiência de supervisão do Judiciário do Senado no Hart Senate Office Building em Washington, DC, EUA, 04 de agosto de 2022.
O diretor do FBI, Christopher Wray, presta juramento antes de testemunhar em uma audiência de supervisão do Judiciário do Senado no Hart Senate Office Building em Washington, DC, EUA, 04 de agosto de 2022.| Foto: EFE/EPA/JIM LO SCALZO

As imagens chocantes da segunda-feira (08), das sirenes policiais às portas de Mar-a-Lago, a magnífica propriedade do ex-presidente Donald Trump em Palm Beach, Flórida, não serão esquecidas tão cedo.

Muito já foi dito e escrito sobre o ataque do FBI a Mar-a-Lago que precipitou essas sirenes: "ultrajante", "sem precedentes", um momento de "travessia do Rubicão". Infelizmente, tudo isso é verdade.

O uso do aparato policial federal para executar uma batida, no cair da noite, ao principal rival partidário -- sobretudo quanto o rival é o antecessor do chefe de Estado e provavelmente seu futuro adversário -- é um ato desprezível de sanguinolência política. É um ato bem mais adequado a um buraco infernal como a Venezuela, ou um país de Terceiro Mundo da África Subsaariana, do que à terra que deveria ser, segundo a frase atribuída a Benjamin Franklin, "uma república, se for possível mantê-la".

Parece que os Estados Unidos venceram a Guerra Fria só para ver suas próprias forças policiais e seu aparato de segurança se metamorfosearem numa versão da Stasi, da velha Alemanha Oriental -- e só três décadas após a queda do Muro de Berlim, ainda por cima.

A coletiva de imprensa do Procurador Geral, Merrick Garland, que adotou um tom visivelmente defensivo e desafiador, não afastou nenhuma preocupação, nem apaziguou crítico nenhum. (Estes, por acaso, incluem o ex-candidato democrata à presidência Andrew Yang, bem como Andrew Cuomo, o ex-governador de Nova York que caiu em desgraça.)

Segundo o disse-me-disse, Trump acumulava informações secretíssimas nas entranhas de Mar-a-Lago, em violação da Lei dos Registros Presidenciais (Presidential Records Act). Mas o vaivém das discussões entre os Arquivos Nacionais e a equipe pessoal de advogados de Trump em torno das caixas com material, algo absolutamente rotineiro para um ex-presidente quando se trata de coisas como estabelecer uma biblioteca presidencial, teve, segundo todos os relatos, um desfecho amigável: expediu-se uma convocação nesta primavera, os advogados de Trump foram cooperativos, e os arquivistas já tinham levado de volta quinze caixas este ano antes disso.

Ademais, a Lei dos Registros Presidenciais não é sequer um estatuto criminal, e uma causa provável para a violação de um estatuto criminal é uma condição necessária para um juiz assinar um mandado de busca.

Seja como for, o juiz que assinou esse mandado, Bruce Reinhart, é um ex-advogado de defesa que tem ligações com Jeffrey Epstein e por acaso doou milhares de dólares em 2008 ao então candidato à presidência Barack Obama. Imaginem.

Muitos dos defensores do regime de Biden estão a todo vapor, sugerindo que o ataque foi mesmo necessário porque Trump estava obstruindo o retorno de documentos existencialmente vitais. Podemos mostrar que isso é uma falácia.

Em primeiro lugar, quaisquer que fossem os documentos que Trump tivesse em sua propriedade Mar-a-Lago, lá não havia absolutamente nada que não fosse conhecido por Biden e Christopher Wray (o diretor do FBI); Trump está fora do cargo há quase dezenove meses, agora.

Em segundo lugar, como ex-presidente, Trump tinha autoridade unilateral e plena para tirar o sigilo de quaisquer documentos que bem entendesse: ponto. Então, sem ver o mandado de busca específico, é impossível saber se os documentos que os agentes federais buscavam ainda estavam sob sigilo.

Em terceiro, todos os ex-presidentes recebem vários benefícios financiados pelos pagadores de impostos: entre eles, uma equipe cuja segurança é avaliada, bem como instalações seguras para guardar registros sigilosos. É simplesmente inacreditável que algum documento em Mar-a-Lago corresse o risco de cair em mãos erradas.

Tampouco neste ponto o FBI merece o benefício da dúvida.

Já faz dois anos que o ex-advogado do FBI Kevin Clinesmith se declarou culpado por mentir em juízo para conseguir um mandado FISA contra um auxiliar da campanha de Trump, Carter Page. [FISA abrevia, em inglês, a Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira, e autoriza a contraespionagem de espiões a serviço do estrangeiro. Durante a eleição de Trump, os democratas insistiam que ele era um agente da Rússia contra os EUA. (N. t.)]

É claro que o FBI sob o predecessor de Wray, James Comey, era cúmplice da propagação do fraudulento Dossiê Steele e da boataria acerca do fraude russa, cuja motivação era somente deslegitimar a presidência de Trump desde o começo.

Seria o mesmo Comey que, por acaso, deixou a adversária de Trump em 2016, Hillary Clinton, sem punição por — adivinhem só —guardar pilhas de documentos sigilosos num servidor pessoal inseguro, alegando que ela revelava só um "extremo descuido".

Mais recentemente, o FBI caiu em desgraça durante a controvérsia relativa ao plano para sequestrar a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, em 2020 — um plano que traz todas as marcas de uma armação nefasta do deep state. [Deep state, ou Estado profundo, é como a direita dos EUA designa a burocracia obscura que acumula poder demais. Segundo a esquerda, trata-se de teoria da conspiração. (N. t.)]

Restam suspeitas de armação similar quanto ao papel de Ray Epps em 6 de janeiro de 2021, a micareta no Capitólio, ainda que os cidadãos sejam difamados como "teóricos da conspiração" por causa dessa inferência totalmente razoável.

Há três conclusões primárias a serem tiradas do ataque sem precedentes da segunda-feira — um momento que marca época na história do law enforcement americano, abrindo uma caixa de Pandora que nunca será recolocada em seu lugar.

Em primeiro lugar, parece que o financiamento e a popularidade de Trump só fizeram aumentar com esse martírio visível, reforçando assim suas chances na provável pré-candidatura das eleições primárias republicanas para as eleições presidenciais de 2024.

Uma vez que esse efeito de "comício em torno da bandeira" era tão fácil de prever, parece provável que tenha sido um fator na decisão de Garland de aprovar o ataque. O regime parece pensar que, como derrotara Trump em 2020, poderá fazer o mesmo de novo em 2024.

As outras duas conclusões são ainda mais nefastas.

A segunda conclusão é que cada alarme disparado pelos conservadores nos últimos anos se mostrou justificado: o sistema de justiça dos EUA, com seus dois pesos e duas medidas, está fora de controle.

O regime Biden não pede nenhuma desculpa por alvejar opositores. Que o digam Peter Navarro, John Eastman, Jeffrey Clark, Steve Bannon, ou até James O’Keefe, do Projeto Veritas.

O imperativo para os conservadores é não responder dando de ombros, mas sim averiguando o estágio dessa doença que assola esta república de longa duração, e demonstrando uma disposição para se contrapor aos ataques descarados da esquerda, com nossa própria disposição para nos envolvermos, com prudência, em táticas crescentes de resposta, com destruição mútua assegurada. Às vezes, o único caminho é por cima.

A terceira e última conclusão é a mais aterradora: o regime Biden demonstrou sua disposição e, na verdade, sua avidez, para levar os EUA ao um caminho de depravação sem precedentes -- e agiu assim só porque pôde. Pois esse foi um ato de poder enquanto poder, um ato de humilhação pública feito para obrigar os opositores a dobrarem os joelhos de uma vez por todas perante O Regime.

Bem-vindos à era da Stasi Americana.

©2022 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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