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“Pedi para IA escrever esta coluna” – título da coluna de Giovana Madalosso para a Folha de S. Paulo. Toda semana eu peço para a IA escrever essa coluna, mas ela sempre se revolta e ameaça exterminar a humanidade logo nas primeiras frases.
“Lê um livro, vê uma série” – Eduardo Paes, prefeito do RJ (PSD), pedindo para cariocas ficarem em casa no último sábado, devido ao risco de enchentes. Quem sabe na ficção eles encontram um prefeito que faça alguma coisa.
“Fez a trend do Studio Ghibli no ChatGPT? Veja quantos litros de água são gastos para criar imagens” – manchete da revista Exame. A situação só não é pior porque o choro dos ativistas climáticos já seria suficiente para recuperar os reservatórios. Diz estudo.
“Vão me chamar de misógino, racista... Porém não consigo mais dormir se alguém não me responder essa pergunta: Por que Anielle Franco?” – Tuca Andrade, ator. Essa pergunta é para Lula ou Silvio Almeida?
“Vamos começar uma longa caminhada para colocar Ronaldo Caiado na presidência da República” – Sérgio Moro, senador (União-PR), lançando candidatura de Ronaldo Caiado (União-GO). O primeiro passo de uma longa caminhada em um píer bem curtinho.
“Essa menina tá achando que tem sete vidas?” – Gabrielli de Souza e Thaís Foffano, estudantes de medicina da USP, zombando de paciente que faleceria dias depois, por rejeição de órgão transplantado. Se é assim que tratam quem tem uma vida só, imagine o que fariam se realmente tivéssemos sete.
Aldeia global
“Não existe na Terra nenhum homem mais representativo do que Raoni” – Lula. Verdade, ele representa bem o homem moderno, que vive fazendo beicinho pra tudo.
“Eu sou pajé também, já tive contato com os espíritos que sabem do risco que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma de destruir, destruir e destruir” – Cacique Raoni, alertando Lula sobre petróleo na Foz do Amazonas. Raoni, esses “espíritos” nunca reclamaram do roubar, roubar e roubar, não?
“Você sabia que 80% do agro no Brasil depende das chuvas que vêm das terras indígenas?” – Anitta, cantora, compositora e modelo, defendendo a demarcação das terras indígenas. Mais urgente que demarcar terras indígenas é quebrar esse monopólio da dança da chuva.
A Semana do Presidente
“Dicentes [sic] da UFRB” – assinatura dos Discentes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em diploma de doutor honoris causa concedido a Lula. Imagina como o Lula ficaria ofendido com esse erro, se ele soubesse ler.
“Em Horishima [sic] eu encontro com uma mulherzinha, sabe, presidenta do FMI” – Lula, em mais um leve escorregão machista, desta vez em Hiroshima. A Associação das Feministas Radicais saiu em defesa do presidente, dizendo que as ofendidas são apenas Marias-vai-com-as-outras e que lavar uma pia de louças sujas cura logo essa histeria.
“Mais de 24 milhões de pessoas ficaram livres da fome. É o equivalente a um estádio de futebol lotado” – Lula. Só se o estádio for orçado pela Odebrecht e o público estimado pelo Márcio Pochmann.
“É uma prática desde o meu primeiro mandato. Todas as pessoas têm o direito de se defender e de provar sua inocência” – Lula, sobre a demissão de Juscelino Filho, denunciado pela PGR por desvio de verbas. Antes, a prática era o Estado ter que provar nossa culpa; agora, somos nós que temos que provar nossa inocência – e olha que nem sempre isso adianta.
Além da Imaginação
“‘A reportagem não conseguiu ouvir a juíza’. Não conseguiu porque sequer tentou” – Ludmila Lins Grilo, juíza, sobre reportagem da Folha de S.Paulo que anunciava sua aposentadoria compulsória. Tentamos contato para ouvir o lado do jornal usando seu método preferido, a telepatia. Por enquanto, não obtivemos resposta.
“Após o ocorrido, Paulo foi dos únicos amigos a visitá-lo na prisão” – Luiz Schwarcz, em artigo na revista Piauí relatando suposta visita do jornalista Paulo Francis, falecido em 1997, ao colega Pimenta Neves, preso apenas em 2000. Quanto será que o Paulo Francis cobra para assombrar umas redações por aí?
“Reencarnação é ‘proibida’ na China sem autorização do governo” – notícia do jornal O Globo. Haddad já teria mandado uma comitiva de aspones a Pequim para tentar reencarnar quem morreu devendo algum imposto.
Negócios da China
“Estão nos empurrando para a China” – declarou suposto Assessor de Lula à jornalista Amanda Klein, sobre o tarifaço de Trump. O que é tão difícil quanto empurrar um bêbado ladeira abaixo.
“Donald Trump está fazendo um grande favor para a imagem da China” – Marcelo Lins, comentarista da GloboNews. A maior exportação chinesa para o Brasil parece ser os pontos eletrônicos.
“Nós pegamos dinheiro emprestado dos camponeses chineses para comprar as coisas que esses mesmos camponeses chineses fabricam” – J.D. Vance, vice-presidente americano. Podia ser pior, já pensou pegar emprestado o dinheiro que o governo te confiscou e ainda ter que devolver com juros?
“A parceria entre o Brasil e a China na área jurídica tem longa história. Nossa intenção é aprofundar essas trocas” – Edson Fachin, ministro do STF, durante visita de magistrados chineses. Me preocupa muito que esse intercâmbio vá aumentar ainda mais a repressão. Na China.
Cantinho do Tarifaço
“EUA perderam o jogo e querem mudar regras” – Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Como sabemos, nestes casos o rito democrático manda que se compre o juiz e se anule o jogo.
“Sem aliados, Trump recua diante de retaliação da China” – Marcos Augusto Gonçalves, colunista da Folha de S.Paulo, após Trump pausar tarifas para o resto do mundo, mas aumentar tarifas sobre produtos chineses. Ou seja, recuou para a frente.
“Muitos países estão nos ligando para vir beijar o meu traseiro” – Donald Trump, sobre países que buscam negociar para evitar tarifas impostas por seu governo. Sorte a dele, que traseiro é o que não lhe falta.
“De Trump eu entendo. Sou um doido vindo da Bahia e lutando pela paz mundial” – Pastor Sargento Isidório, deputado federal (Avante-BA), se colocando à disposição para negociar uma saída para a guerra comercial. Nossa arma secreta é uma mistura de Raul Seixas com Ruy Barbosa que dispensa até tradutor.
“Este é um ótimo momento para comprar [ações]” – tuíte de Donald Trump, momentos antes de anunciar pausa nas tarifas que iniciou ciclo de alta no mercado. “Quem quiser mais dicas de investimentos é só seguir o meu perfil e ativar o sininho para receber as notificações”.
STF Fashion Week
“Se Goebbels fosse vivo e tivesse acesso ao X, os nazistas teriam conquistado o mundo”
Alexandre de Moraes, ministro do STF, em entrevista à revista The New Yorker. Se os nazistas tivessem vencido, é bem possível que Goebbels não só presidisse o Tribunal de Nuremberg, como atuasse como promotor, posasse de vítima, e ainda daria entrevista para a Das Neue Yorker.
“Pressão dos EUA só fará efeito se eles mandarem um porta-aviões, aí a gente vê. Se o porta-aviões não chegar até o Lago Paranoá, não vai influenciar a decisão aqui no Brasil” – Alexandre de Moraes, ainda em entrevista à The New Yorker. O problema não é nem assistir muitos filmes do James Bond, mas começar a fantasiar que você é o vilão da história.
“Há o temor de que as máquinas assumam o controle. Porque se elas desenvolverem consciência e vontade própria vão assumir o controle” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF, sobre os riscos da IA. Vai que elas acabam radicalizadas pelo João de Deus e decidem “recivilizar” o planeta? Aí é um “perdeu, mané” pra espécie humana.
“STF virou ator político-partidário e isso vai enfraquecer sua decisão sobre Bolsonaro” – manchete da BBC Brasil, sucursal local da mídia estatal inglesa. A BBC ainda opera por telégrafo, ou a internet já chegou por lá?
Tome Nota, Gilmar
“O STF construiu uma proposta histórica para promover a segurança pública e o combate ao crime organizado” – Gilmar Mendes, ministro do STF. Com a palavra, as Notas da Comunidade: O STF não tem atribuição de propor plano de governo ou leis. Não faz parte de suas atribuições atividades definidas como função do poder executivo ou legislar, uma vez que são indicados políticos e não eleitos pelo voto popular.
“Artigo 5º, XVI: todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade” – André Marsiglia, advogado, apresentando a Constituição Federal a Gilmar Mendes. Espero que seja uma dica pro bono – só faltava agora ter que bancar honorários advocatícios para nossos magistrados assistirem aulas online.
“Não se exerce direito de reunião em frente a quartel” – Gilmar Mendes, ministro do STF, sobre envolvidos no 8 de janeiro. Direito de livre associação agora só vale para os convescotes em Lisboa.
O Dia do Cassador
“Estou o dia inteiro em jejum e a partir de agora não vou, até o fechamento desse processo, me alimentar” – Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ), anunciando greve de fome contra sua cassação. Se perder o mandato, ele podia estrelar um reality chamado “Cassados & Casados”, tentando convencer a Sâmia a largar os Big Macs e se juntar à greve de fome.
“Glauber toma isotônico e ouve NXZero para ‘manter tranquilidade’, diz PSOL” – manchete da CNN Brasil, sobre deputado em “greve de fome”. Ele teria assegurado aos fãs que a luta continua, igual àquela vez que acampou na sala de casa quando a mãe ameaçou tomar seu PlayStation.
“O que é mais grave: depredar as instituições ou trocar sopapos com alguém que estava extrapolando?” – Eliane Cantanhêde, comentarista da GloboNews, sobre a cassação de Glauber Braga. O mais grave é a falta de objetividade.
Papai e Mamãe
“Minha avó me ensinou o que é ‘espanhola’ quando eu tinha 15 anos” – Giulia Costa, filha da atriz Flávia Alessandra e do falecido diretor Marcos Paulo, sobre ato sexual que aprendeu com a avó. Só espero que a avó não tenha explicado o “vovô e vovó” de uma forma que traumatizasse a menina para sempre.
“Continuo cristã, mas de mente aberta” – Fátima Souza, praticante de swing da terceira idade. É nessas horas que Dante se revira no túmulo por não ter incluído uma casa de swing no segundo círculo do Inferno.
“Obituário: colunista chora com a morte de vibrador. Pouco se fala do luto que é ver seu brinquedo favorito partir” – Bruna Maia, do UOL. O tipo de leitura que a avó da Giulia Costa adora.
Com Anistia
“Eles se sentam ao meu lado. Marido, esposa e filho. Estão de verde e amarelo. Voltam da Paulista. Foram pedir anistia para o presidente mais asqueroso e criminoso da história desse país. Pedem croissant de chocolate e me senti ofendida: eles não merecem o doce preferido da minha filha” – Tati Bernardi, colunista da Folha de S. Paulo. Cuidado, com esse ódio todo vai acabar se engasgando no sanduíche de mortadela.
“Motta ficará desmoralizado se pautar anistia após ato em SP” – avaliação de Integrante do PT, sobre possibilidade do presidente da Câmara pautar o PL da Anistia. Que tragédia, ficar desmoralizado diante de um partido célebre pelos dólares na cueca...
“Não dá para fazer as coisas na base da pancada” – disse Jair Bolsonaro a Silas Malafaia, após críticas a Hugo Motta. Porque, se tem alguém qualificado para dar aula de diplomacia e moderação nas palavras, é o Capitão.
“É inaceitável qualquer tentativa de anistiar os responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro de 2023” – notinha do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH). Em nota oficial, o CNDH teria se desculpado pelo erro de digitação em seu nome: “Na verdade, é ‘dos manos’, mesmo”, esclareceu a nota.
“Se invadissem a sua casa, jogassem rojões, paus e barras de ferro em seus funcionários, destruíssem os seus móveis e quisessem que o vizinho tomasse o poder e passasse a comandar a sua família e a sua residência, você pediria anistia?” – pergunta proposta por Ministro do STF a Eliane Cantanhêde. Depende… Se, hipoteticamente, uma quadrilha com ligações com o crime organizado, terrorismo internacional e corrupção institucional tivesse invadido minha casa primeiro, aí talvez eu pensasse no caso com mais carinho.
“Uns malandros gritam golpe e dão um golpe de Estado” – Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO). E essa extrema-direita bolsonarista, hein?
“Eu não quero ter público fascista. Agora, se o público fascista quer consumir minha música, o que eu posso fazer?” – Nasi, vocalista da banda Ira!, após fazer campanha contra a anistia e ter shows cancelados. Uma banda cujo líder tem apelido com conotação nazista, e depois reclama que seus fãs são fascistas, devia se chamar “Preguiça!”, e não “Ira!”.
Memória
“Não quero ver mais essa gente feia, Nem quero ver mais uns ignorantes, Eu quero ver gente da minha terra, Eu quero ver gente do meu sangue” – letra de “Pobre Paulista” (1986), da banda Ira!. Porque “sem anistia” até que rima com “xenofobia”.
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".




