Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Guerra cultural

Fundação de George Soros financiou até o carnaval: Mangueira recebeu R$ 4,3 milhões

Doação da Open Society para a Mangueira foi intermediada pelo petista Marcelo Freixo, presidente da Embratur e agora cotado para assumir o cargo de ministro do Turismo
Doação da Open Society para a Mangueira foi intermediada pelo petista Marcelo Freixo, presidente da Embratur e agora cotado para assumir o cargo de ministro do Turismo (Foto: André Borges/EFE)

Ouça este conteúdo

A lista atualizada das organizações financiadas pelo bilionário progressista George Soros no Brasil, por meio da Open Society Foundations, traz um nome inusitado: a escola de samba Mangueira. 

A inclusão da “verde e rosa” entre os beneficiários de Soros chama a atenção por representar uma novidade no histórico de doações da fundação no país — mais conhecida por apoiar entidades ligadas aos direitos humanos, à reforma da segurança pública e ao jornalismo de viés esquerdista. 

Na base de dados da Open Society, não existem outros registros de doações a escolas de samba. 

Outra informação que surpreende é o valor da subvenção, concedida em 2024: US$ 800 mil (o equivalente a R$ 4,3 milhões, pela cotação média da época), destinados a fornecer “apoio geral” à Mangueira. 

A história ainda traz uma informação de bastidor igualmente curiosa. Segundo jornais cariocas, a doação foi intermediada pelo petista Marcelo Freixo, presidente da Embratur e agora cotado para assumir o cargo de ministro do Turismo no lugar de Celso Sabino — que está de saída do governo. 

A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com as assessorias de imprensa da Open Society, da Mangueira e de Freixo para tentar esclarecer por que o dinheiro foi doado e como exatamente ele acabou sendo gasto. Mas não obteve resposta até a conclusão deste texto. Também não há registro público de uma prestação de contas detalhada. 

VEJA TAMBÉM:

Sintonia identitária 

O que se sabe é que a doação foi destinada ao desfile da Mangueira de 2025, cujo tema se alinhava à agenda identitária defendida pela fundação de Soros. Intitulado “À Flor da Terra: No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, o enredo era centrado “em memória negra e resistência dos povos Bantu”. 

A letra do samba, por sua vez, foi descrita pelo carnavalesco Sidnei França como “um manifesto sociopolítico contundente”. Ainda segundo ele, o trecho mais forte ("O alvo que a bala insiste em achar / Lamento informar… um sobrevivente") sugere que a sobrevivência diária da população negra é um “fracasso para o sistema”. 

Os versos também condenam a apropriação cultural da cultura negra por parte da elite — que “imita meu cabelo” e “acha que está na moda dizer que é macumbeiro”. 

Durante o carnaval, a Open Society postou fotos da escola na Marquês de Sapucaí e justificou o apoio ao seu compromisso em “avançar reparações, reduzir desigualdades e defender valores democráticos através da cultura na América Latina”. As postagens também definiam o carnaval como “um espaço de resistência, crítica social e política”.

O “Grande Benemérito” 

Marcelo Freixo é um torcedor fervoroso da Mangueira — paixão que divide com a mulher, a roteirista Antonia Pellegrino, atual diretora de conteúdo e programação da EBC, estatal de comunicação do governo federal. O casal costuma postar fotos participando de ensaios e eventos da escola, ao lado de celebridades, políticos e outras figuras influentes. 

Em 2022, por exemplo, uma nota do colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, informou que os dois curtiram uma noitada no camarote da diretoria com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay (um dos melhores amigos de José Dirceu), e o deputado estadual Chiquinho da Mangueira (preso em 2018 num desdobramento da Lava Jato). 

Naquele ano, Marcelo Freixo concorreu ao governo do Rio de Janeiro pelo PSB, com apoio de Lula. Segundo a coluna, “Chiquinho, apesar de ser da chapa de Claudio Castro [concorrente de Freixo e vencedor da eleição], compartilhou o espaço com os demais muito bem”. 

Freixo também é muito próximo da atual presidente da Mangueira, Guanayra Firmino, neta e filha de membros da velha guarda da agremiação. 

Em entrevista concedida em janeiro ao jornal Última Hora, ela reconheceu o “papel fundamental” do político na “conquista” dos recursos fornecidos pela Open Society. Na mesma matéria, Guanayra revelou que o presidente da Embratur seria agraciado pelo Conselho Deliberativo e Fiscal da Mangueira com o título de Grande Benemérito. 

Para 2026, a Estação Primeira já anunciou o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju: O Guardião da Amazônia Negra”. O foco será a exaltação de tradições afro-indígenas — mais uma vez em sintonia com a agenda ambiental e identitária que Soros tem promovido naquela região. Não há, no entanto, informações disponíveis sobre uma possível nova doação por parte da Open Society.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.