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Ativistas pró-Palestina encontraram um novo alvo: a Microsoft. Radicais interromperam o discurso principal da empresa, organizaram acampamentos e outras manifestações em sua sede, enviaram uma "flotilha" de caiaques às casas de executivos da Microsoft e encenaram uma "ocupação" do escritório do presidente da Microsoft, Brad Smith, onde supostamente tentaram plantar dispositivos de escuta.
A campanha é liderada pelo No Azure for Apartheid, um grupo de funcionários atuais e ex-funcionários da Microsoft. O grupo, cujo nome faz referência à plataforma de computação em nuvem da empresa, pediu que a Microsoft encerre seus contratos com o governo israelense, endosse publicamente um cessar-fogo, pague reparações aos palestinos e "garanta a segurança de funcionários palestinos, árabes, muçulmanos e aliados".
O No Azure está conectado a uma rede mais ampla de grupos pró-Palestina radicais em Seattle. Algumas dessas organizações sugerem que seus apoiadores imitem o Hamas; outras elogiam as "táticas de resistência" usadas em Caxemira. Pelo menos um desses grupos desempenhou um papel central na ocupação do prédio de engenharia da Universidade de Washington, que causou mais de um milhão de dólares em danos e marcou o início de uma campanha coordenada de interrupções em Seattle. Esse movimento, se não for contido, pode inspirar ações radicais semelhantes em todo o país.
A atividade pró-Palestina tem causado tumulto na Microsoft por mais de um ano. A campanha do No Azure começou com uma petição pública, lançada no "Dia da Nakba" em 2024, acusando a empresa de "um padrão de militarização, falta de supervisão e desrespeito" às suas "próprias políticas e compromissos". A campanha se intensificou em fevereiro, quando membros do grupo compareceram a um evento interno da Microsoft usando camisetas combinando que perguntavam "Nosso código mata crianças, Satya?", em referência ao CEO Satya Nadella.
As interrupções aumentaram nos meses seguintes. Em março, um manifestante pró-Palestina interrompeu o evento de 50º aniversário da Microsoft. Em um evento em abril, dois funcionários da Microsoft — Ibtihal Aboussad e Vaniya Agrawal — jogaram um keffiyeh no palco e interromperam um palestrante, respectivamente. Ambos enviaram e-mails em massa aos trabalhadores da Microsoft e foram acabaram sendo demitidos.
Em maio, o No Azure estava abertamente pedindo escalada, bem a tempo para o Microsoft Build, a conferência anual de desenvolvedores da empresa. Em 19 de maio, manifestantes interromperam o discurso de abertura de Satya Nadella. Nos dias seguintes, o grupo empregou várias táticas, incluindo pendurar uma faixa fora do centro de convenções, usar dispositivos sonoros para interromper o evento e marcar a entrada do centro com glitter vermelho para representar sangue. Eles se tornaram uma perturbação pública tão grande que pelo menos um manifestante foi preso.
Os painéis do Microsoft Build também foram atacados. Jay Parikh, vice-presidente executivo da Microsoft CoreAI, teve seu discurso de abertura interrompido. Dois ex-funcionários que haviam sido demitidos da Microsoft, Hossam Nasr e Vaniya Agrawal, infiltraram-se e interromperam um evento com Sarah Bird, chefe de produto de IA responsável.
O No Azure posteriormente causou estragos na Conferência de Ética e Tecnologia 2025, patrocinada pela Microsoft, na Universidade de Seattle. Espelhando táticas usadas no Microsoft Build, manifestantes gritaram contra o presidente da Universidade de Seattle, Eduardo Peñalver, usaram técnicas de interrupção sonora e até expulsaram o gerente geral da Microsoft, Mike Jackson, do palco antes de tomá-lo para si.
Se Shakespeare estava certo ao dizer que "o passado é prólogo", a Microsoft deveria ter esperado o ataque de agosto do No Azure. Em 19 de agosto, o No Azure e seus aliados estabeleceram uma "zona liberada", que deu início a tudo, desde a flotilha até a eventual ocupação do escritório do presidente Brad Smith.
As ações do No Azure fazem parte de uma campanha mais ampla de radicalismo pró-Palestina em Seattle. Essa campanha se intensificou em maio, quando uma ocupação do novo prédio de engenharia interdisciplinar da Universidade de Washington culminou na prisão de 33 manifestantes. Os manifestantes bloquearam entradas, incendiaram caçambas de lixo, criaram explosões usando patinetes elétricos e foram finalmente removidos do prédio à força.
Embora muitos dos manifestantes da UW fossem afiliados ao Students United for Palestinian Equality and Return (SUPER UW), alguns também estavam envolvidos com outros grupos. Anna Hattle e Jade Chen Wu, por exemplo, foram presas tanto na UW quanto em um evento posterior do No Azure.
A Universidade de Washington suspendeu o SUPER UW no outono de 2024, mas o grupo continua a operar no campus e colaborar com o No Azure. O SUPER UW recentemente co-organizou um evento chamado “Genocidal Tech is Cooked” (que pode ser traduzido como “As empresas de tecnologia genocida estão queimadas”) com o No Azure e se juntou aos manifestantes da Microsoft para endossar uma marcha futura por Gaza.
Uma semana após a ocupação do prédio de engenharia, uma nova organização chamada Nidal foi formada em Seattle. (Nidal é a palavra árabe para "luta".) A militância do grupo é refletida em seu logotipo, que se assemelha a um AK-47 virado de cabeça para baixo.
A missão do Nidal é criar “uma cultura de resistência que se assemelhe à de casa”. Seu manifesto cita o líder do Hamas, Yahya Sinwar, e o porta-voz da Frente Popular para a Libertação da Palestina, Ghassan Kanafani, como modelos. O objetivo do grupo é criar um “berço popular” que apoie a resistência de dentro do “núcleo imperial”.
O grupo concentrou seu ativismo no destino dos “UW33”, os 33 ativistas e estudantes da Universidade de Washington presos durante a ocupação do prédio de engenharia. O Nidal, que organizou um evento com o SUPER UW, pediu a retirada de todas as suspensões e acusações. O grupo também defendeu a libertação de Elias Rodriguez, que supostamente assassinou dois funcionários da embaixada israelense em Washington, D.C., e expressou sua “firme solidariedade” com o Palestine Action UK, que foi classificado como uma organização terrorista pelo Reino Unido.
Nidal, o No Azure e os UW33 fazem parte de um contingente radical maior em Seattle. A cidade abriga grupos como Sông2Sea, South Asians Resisting Imperialism, bil-Yad e o Kashmir Resistance Collective, que organizam palestras radicais, arrecadam fundos e se alinham com os movimentos mais militantes da cidade.
Os ativistas que violam a lei serão responsabilizados? O Promotor do Condado de King ainda não apresentou acusações pelo vandalismo na UW.
“As pessoas serão responsabilizadas pelos danos de mais de um milhão de dólares? A resposta é sim, se houver evidências para isso”, disse o porta-voz do gabinete, Casey McNerthney, à imprensa local. “E muitas pessoas olhariam e diriam: ‘Você está no prédio; há muitos danos.’ Isso é evidência suficiente para mim, mas não é evidência suficiente sob a lei.”
Não é surpresa que a Microsoft tenha buscado o envolvimento do escritório local do FBI. Ainda assim, as autoridades federais devem olhar além do No Azure e sua rede de trabalhadores de tecnologia. Esse grupo é apenas uma cabeça de uma hidra muito maior — uma que poderia inspirar radicais em outras cidades se não for interrompida.
Stu Smith é um analista investigativo do City Journal.
©2025 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Microsoft Under Siege



