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Steve Jobs cofundou a Apple aos 21 anos.
Nove anos depois, aos 30, foi afastado e demitido da própria empresa que ajudou a fundar e a construir, por uma gestão profissional que ele mesmo havia recrutado.
Onze anos mais tarde, após essa gestão levar a empresa à beira da falência, Jobs retornou ao comando e a salvou da ruína.
Em 1997, quando reassumiu o cargo de CEO interino, a Apple havia registrado uma perda de US$ 1,04 bilhão, e as estimativas apontavam que a empresa estaria a apenas 90 dias da insolvência.
Jobs então restaurou a disciplina e o foco. Reduziu a linha de produtos de 15 para apenas quatro e demitiu 3.000 funcionários.
Ao final do exercício fiscal seguinte, a Apple já havia voltado a dar lucro.
Pouco tempo depois, lançaria o iPhone e o iPad, tornando-se a primeira empresa da história a atingir um valor de mercado de US$ 1 trilhão.
Mas e se, em vez de uma empresa privada, fosse um governo? Suponha que Jobs precisasse de votos no Congresso para cortar produtos? Ou que estivesse legalmente impedido de demitir os 3.000 funcionários?
Provavelmente hoje não existiriam iPhones, iPads, Apple Inc., nem a riqueza de trilhões de dólares que essa inovação gerou.
Talvez cada dólar que sai do setor privado para o governo devesse vir com a inscrição "para sempre" estampada sobre ele, já que nunca vai voltar.
Estima-se que os esforços de Elon Musk para implementar a DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) tenham gerado uma economia de cerca de US$ 150 bilhões. Embora não seja exatamente o trilhão que ele disse que alcançaria, é uma conquista notável em apenas três meses de trabalho.
A realidade, como os exemplos mostram, é que o governo, por sua própria natureza, tende à ineficiência. A eficiência decorre da noção de propriedade — e no setor público, não há proprietários.
Não é possível tornar o governo eficiente. O objetivo, portanto, deveria ser restringi-lo a funções que claramente só ele pode desempenhar.
Existe um manual para isso: chama-se Constituição dos Estados Unidos. Contudo, até esse documento foi progressivamente distorcido ao longo dos anos.
Dos US$ 6,7 trilhões em gastos federais dos Estados Unidos, US$ 4,1 trilhões são obrigatórios — ou seja, automáticos. Eles englobam os grandes programas de assistência social, como a Previdência Social (Social Security), o Medicare (seguro de saúde para idosos), o Medicaid (para pessoas de baixa renda) e o CHIP (programa federal de seguro de saúde infantil). Incluem ainda US$ 881 bilhões em juros da dívida pública americana — valor que já supera o orçamento de defesa do país.
Dos US$ 1,8 trilhão restantes, os chamados gastos discricionários, que o Congresso aprova anualmente, cada dólar tem atrás de si um grupo de interesse fazendo lobby para que ele continue onde está.
Vale observar que grande parte desses programas — Medicare, Medicaid, assistência social e combate à pobreza — remonta à década de 1960, ao período da chamada Grande Sociedade (Great Society) e da Guerra contra a Pobreza (War on Poverty), políticas lançadas pelo presidente Lyndon B. Johnson.
Em 1965, pouco antes dessas iniciativas ampliarem significativamente o papel do governo, os gastos federais representavam 16% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. Hoje, aproximam-se de 25%.
Está claro que o ex-presidente Donald Trump atua com um senso de missão muito definido.
E, por isso, deve ser reconhecido. Ele compreende que, ao longo das últimas décadas, os Estados Unidos mudaram de forma profunda e preocupante. Foi transferida uma fatia gigantesca das atividades nacionais ao controle do governo. O resultado é a ineficiência estrutural da economia e um ritmo menor de crescimento.
Apesar dos esforços de Trump, o The Wall Street Journal observou que, nos seus primeiros 100 dias de governo, os gastos federais aumentaram em US$ 154 bilhões — mais do que os US$ 150 bilhões que Musk economizou.
A raiz disso está no crescimento contínuo das demandas dos beneficiários de programas assistenciais e no custo crescente dos juros da dívida.
A dedicação e o foco de Trump são dignos de elogio. Mas reverter essa tendência é uma tarefa árdua.
Ele enfrenta ataques incessantes dos democratas, que, segundo os conservadores, preferem manter a máquina estatal funcionando e em expansão, mesmo que isso prejudique o país.
No curto prazo, a principal preocupação de Trump e dos republicanos é o desempenho nas pesquisas eleitorais.
Por isso, sua prioridade agora deve ser aprovar uma nova legislação tributária robusta, nos moldes da reforma de 2017, com cortes de impostos que impulsionem a economia.
Esse crescimento é vital para manter bons índices de aprovação.
A prioridade seguinte deve ser conter a expansão desenfreada do Estado, que compromete o presente e ameaça o futuro da nação.
Star Parker é colunista do portal The Daily Signal e presidente do Center for Urban Renewal and Education (Centro para Renovação Urbana e Educação), organização americana voltada a políticas públicas com base em princípios conservadores.
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©2025 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Can’t Make Government Efficient





