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Volta por cima

Como uma jornalista americana enfrentou o radicalismo de esquerda — e venceu

Bari Weiss, demitida do New York Times, agora é chefe na CBS.
Bari Weiss, demitida do New York Times, agora é chefe na CBS. (Foto: IMAGEM CRIADA USANDO A FERRAMENTA GOOGLE AI/GAZETA DO POVO)

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Se é verdade que a agenda woke está perdendo força, o caso da jornalista Bari Weiss é uma boa ilustração disso.

Em 2020, a americana denunciou a perseguição que vinha sofrendo por seus pares dentro do jornal The New York Times, onde era uma das editoras de Opinião. A intimidação vinha principalmente daqueles mais alinhados à esquerda e à então predominante cultura woke, justamente por ela ser uma voz dissonante no jornal majoritariamente progressista – apesar de ser esse o motivo pelo qual ela havia sido contratada pelo periódico.

No texto, que também era uma carta de demissão, Bari afirmou se sentir menosprezada e desiludida com o assédio que vinha sofrendo. “Tornei-me alvo de constante intimidação por quem discorda das minhas opiniões. Fui chamada de nazista e racista, difamada publicamente como mentirosa e intolerante. Alguns colegas insistem que preciso ser erradicada para que esta empresa seja verdadeiramente ‘inclusiva’. E assim a autocensura se tornou a norma”, escreveu.

De saída do jornal e em clima de guerra contra a cultura woke, ela decidiu criar seu próprio site de notícias, cujo objetivo, segundo a própria Weiss, era publicar “notícias que reflitam a realidade”, baseada em um jornalismo “que não demoniza, mas sim busca entender” o que acontece ao seu redor. O sucesso do projeto foi avassalador.

O recomeço como jornalista independente

Com mais de 1,5 milhão de assinantes (175 mil deles pagantes) e um faturamento anual estimado em US$ 20 milhões, o The Free Press, criado do zero por ela após a saída do New York Times, foi adquirido neste mês de outubro pelo grupo Paramount Skydance pela quantia de US$ 150 milhões – mais de R$ 800 milhões.

Além de seguir como CEO do site, Bari Weiss ainda vai assumir o cargo de editora-chefe do tradicional canal de notícias CBS News, também operado pela Paramount. Esse movimento do mercado foi visto por analistas da mídia dos EUA como um importante sinal de declínio do movimento woke no país.

Bari se diz longe de se identificar com republicana apoiadora de Donald Trump – mesmo que em questões como as negociações de paz na Faixa de Gaza seu site tome uma clara posição pró-Israel. Em 2017, ela mesma se definiu como uma “sem-teto política” para deixar clara sua posição independente entre os dois maiores partidos políticos dos Estados Unidos.

Críticas ao presidente estão presentes em seu site, como no artigo em que um colunista aponta para os riscos iminentes da política de Trump de tentar controlar grandes empresas americanas. Os planos do republicano de abrir uma fábrica da Intel em Ohio são tratados como “uma cópia do modelo chinês de controle estatal sobre empresas privadas”.

Por outro lado, não faltam colunas contrárias ao radicalismo que tomou conta da esquerda americana nos últimos anos, sobretudo nos temas de gênero e sexualidade.

O CEO da Paramount, David Ellison, disse ao jornal The Washington Post que espera que a unificação de comando entre a CBS News e o The Free Press crie “um dos locais mais confiáveis para notícias” nos EUA. “Queremos que a CBS fale com aqueles 70% do público que realmente se definem como centro-esquerda ou centro-direita”, detalhou.

Resta saber se Bari vai conseguir impor à emissora de TV os mesmos princípios que levaram seu site independente a ser um sucesso de audiência. Em um comunicado à imprensa, a nova editora-chefe da CBS News disse que “essa aliança permite que a nossa filosofia de jornalismo independente e audaz chegue a uma audiência enorme, diversa e influente”.  

Segundo ela, o The Free Press “foi concebido com o que já foi um dia a base do jornalismo americano: honestidade, obstinação e uma independência feroz”. Bari conclui, dizendo que o leitor nem sempre vai concordar com tudo aquilo que é publicado em seu site. “Esse é o ponto. Somos uma imprensa livre, para pessoas livres”, pontua.

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