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Última Análise

Liberalismo: de aliado a vilão da direita?

Hayek
Friedrich Hayek (1899-1992), economista e filósofo austríaco, foi um dos grandes expoentes do liberalismo clássico. (Foto: )

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No programa Última Análise desta quinta-feira (18), os convidados analisaram o estágio atual da doutrina do liberalismo que, antes uma firme aliada da direita, hoje é alvo de várias críticas. Muitos conservadores acusam os liberais de serem excessivamente materialistas e até de responsáveis pela degeneração moral e política no Brasil e no mundo. Seria o liberalismo culpado ou se trata de um "espantalho" que a direita atual inventou?

O economista Claudio Shikida trouxe uma definição do que seria liberalismo a partir da elaboração de Friedrich Hayek, economista austríaco-britânico. "Liberalismo é você construir instituições que levem à ausência de coerção. A coerção de alguma pessoa obrigar você a fazer alguma coisa que você não quer", ele explica.

Já para o escritor Francisco Escorsim, o liberalismo promoveu diversas contribuições à humanidade, mas afirma que ele carrega uma armadilha. Para ele, "o liberalismo criou a estrutura do mundo no qual nós vivemos. Fez uma revolução, no bom sentido da palavra, com a redução da pobreza, o desenvolvimento tecnológico e até a capacidade de curar doenças. Mas, ao absolutizar a liberdade, traz um problema, especialmente no caso da interrupção da gravidez". Escorsim se refere à possibilidade do aborto, pauta que alguns liberais defendem.

Libertarianismo, neoliberalismo e os caminhos da direita

Distinção importante se faz quando da comparação do liberalismo com outras derivações, como o libertarianismo e o neoliberalismo. O primeiro, segundo Shikida, seria uma versão "turbinada" do liberalismo clássico, enquanto o último é aquele relacionado ao Consenso de Washington, acordo firmado entre políticos, economistas e organismos internacionais em 1989, cujo programa era a defesa da liberalização do comércio entre as nações.

"Há muitos da direita dita liberal adotando ideias contrárias ao liberalismo, como o modelo de Nayib Bukele, presidente de El Salvador, político que Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Tarcísio de Freitas e o Movimento Brasil Livre (MBL) elogiam", lembrou o jornalista da Gazeta do Povo Leonardo Desideri.

Influência nas eleições de 2026

Em relação às eleições presidenciais do próximo ano, as várias correntes do liberalismo vão exercer influência sobre a decisão dos eleitores. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pode incorporar a doutrina liberal, enquanto Lula seguirá defendendo o intervencionismo econômico. O exemplo de Bukele também poderá ser tema de discussões entre candidatos.

"A economia e a segurança sempre decidem o eleitor, mas o que é colocado para ele já vem impactado por isso. No frigir dos ovos, o eleitor escolhe aquele que prometer polícia na porta e cerveja barata", ironiza Escorsim.

Já para Desideri, "o Congresso pode começar a ser reconfigurado de acordo com essas ideias. O modelo do Bukele deve ter uma influência muito grande, com defesa de medidas de controle estatal na segurança pública".

O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.

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