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África, Grupo Wagner
Mercenários russos fazem esquema de segurança em torno do carro do presidente da República Centro-Africana em 2022.| Foto: Clément Di Roma/VOA

Enquanto o Oriente Médio é novamente consumido por guerras de agressão terrorista, a África também está experimentando um aumento da violência. Apesar da região receber bilhões em ajuda externa dos EUA anualmente, grupos afiliados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico ganharam terreno em todo o continente.

Em 2023, a região do Sahel — uma ampla faixa de terra subsaariana que se estende do Oceano Atlântico ao Oceano Índico — representa 43% de todas as mortes globais causadas pelo terrorismo. Isso é um aumento de 7% em relação ao ano passado, sem sinais de diminuição.

Todo esse caos ajudou adversários americanos como China e Rússia a obterem posições mais fortes no continente africano — um continente rico em recursos naturais críticos para o comércio e a segurança nacional dos EUA, mas um santuário para terroristas que buscam atacar o país e seus aliados. É também um lugar onde as pessoas não merecem terrorismo, violência e ditadores autoritários. No entanto, a influência dos EUA na região tem diminuído desde que o governo Biden começou e implementou uma estratégia africana extremamente fraca.

Formado como uma facção do Boko Haram — o grupo terrorista tornado infame pelo sequestro de 276 meninas nigerianas em 2014 (das quais 98 ainda permanecem em cativeiro) — o Estado Islâmico da Província da África Ocidental está ativo no nordeste da Nigéria e na área vizinha do Lago Chade. Com uma força estimada de 5.000 combatentes, o Estado Islâmico ataca qualquer um que se oponha à sua interpretação extremista salafista do islã, enquanto se financia por meio de sequestros e extorsão da população local.

Ao oeste está o Jama'at Nasr al-Islam wal-Muslimin, um grupo alinhado à Al-Qaeda ativo no Mali, Níger, Togo, Benin e Burkina Faso. O grupo concentra seus ataques em forças de segurança e figuras políticas. Em 2019, o grupo terrorista atacou uma base das Nações Unidas no Mali, matando 10 soldados da paz e ferindo outros 25.

O Departamento de Estado dos EUA designou tanto o Boko Haram quanto o Jama'at Nasr al-Islam wal-Muslimin como organizações terroristas estrangeiras.

A África Central não é exceção. Em países como a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, Uganda e Ruanda, grupos afiliados ao Estado Islâmico, como as "Forças Democráticas Aliadas", ameaçam forças de segurança, soldados da paz da ONU e civis.

No Chifre da África, o grupo terrorista Al-Shabaab continua a operar na Somália, Quênia, Etiópia e Mogadíscio. O governo federal da Somália tem lutado para conter o grupo, que agora controla grandes faixas de terra. O Al-Shabaab ganhou fama pelo seu notório ataque a um shopping no Quênia em 2013, que matou 60 pessoas. Seu objetivo é estabelecer um califado islâmico radical na região.

Após o presidente Barack Obama derrubar o ex-homem forte da Líbia, Muammar al-Gaddafi, em 2011, o enorme arsenal de armas e combatentes do país foi para a região do Sahel, especialmente para Mali e Níger, e provou ser uma vantagem para os grupos terroristas regionais. Instabilidade política endêmica e conflitos se seguiram, levando a crises humanitárias, contração econômica e grandes fluxos de emigrantes fugindo para o norte, para a Europa.

Grupos afiliados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico são tanto a causa quanto se aproveitam do caos. Eles recrutam jovens locais desempregados e espalham suas ideologias extremistas para além da África.

Desde janeiro de 2020, houve 13 tentativas de golpe na África — seis bem-sucedidas — refletindo uma crescente instabilidade global desde que Joe Biden se tornou presidente e sua administração escolheu focar na promoção de ideologias climáticas, de gênero e raciais no exterior.

"A reversão dos ganhos democráticos ocorre paralelamente à insegurança que a África Ocidental e o Sahel enfrentam há algum tempo", disse Omar Touray, presidente da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental.

Enquanto isso, a instabilidade regional, ditadura e corrupção em países com abundância de recursos naturais atraíram a atenção de potências malignas globais. Sob o pretexto de "contraterrorismo", o Grupo Wagner paramilitar da Rússia sustenta regimes autoritários com "conselheiros de segurança" e forças de segurança que lutam contra esses grupos terroristas em troca de lucrativas licenças de mineração, especialmente minas de ouro.

"Era para ser apenas algumas armas e instrutores, mas quando os russos chegaram, viram o estado de caos em que nosso país está e pensaram que também poderiam fazer negócios, montar empresas, comprar matérias-primas, explorar minas… Eles vieram. Eles viram. Eles tiraram proveito", disse o Cardeal Dieudonné Nzapalainga, Arcebispo Metropolitano de Bangui, República Centro-Africana.

Com a violência patrocinada pelo terrorismo assolando grande parte da África, as empresas ocidentais relutam a investir lá, proporcionando à China comunista um caminho claro para atuar como o banqueiro do continente. A Nova Rota da Seda da China, o programa de construção de infraestrutura de trilhões de dólares de Pequim para afastar os Estados Unidos como a superpotência global, dá acesso aos recursos naturais da África, incluindo metade do ouro mundial e 90% do cobalto do mundo, um componente essencial das baterias de íon de lítio.

No Djibuti, a China construiu sua primeira base militar no exterior em uma das rotas marítimas mais estratégicas do mundo, proporcionando acesso às rotas marítimas que conectam o Mar Mediterrâneo ao Oceano Índico através do Canal de Suez.

Enquanto a influência da China cresce, a influência dos EUA na região diminuiu desde que o governo Biden emitiu sua muito divulgada estratégia para a África — uma estratégia que prioriza uma agenda ideológica divorciada das necessidades econômicas da África e dos interesses de segurança nacional dos Estados Unidos.

O terrorismo na África é um desafio complexo e multifacetado. Certamente, mais investimentos em educação, infraestrutura e indústrias geradoras de emprego ajudariam a lidar com as queixas sociais, políticas e econômicas relacionadas da população civil que são constantemente exploradas pelos terroristas. No entanto, a falha do Ocidente em ajudar efetivamente os africanos a derrotar esses grupos terroristas torna o desenvolvimento econômico e o progresso social quase impossíveis.

Para reverter o curso, é necessário que o goerno americano adote uma nova estratégia para a África que priorize uma assistência robusta à segurança em vez de ideologia progressista, mais diplomacia comercial para contrapor a penetração da China e outros atores malignos no continente, e uma abordagem de ajuda externa mais alinhada aos resultados de segurança nacional dos EUA.

©2024 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

Conteúdo editado por:Eli Vieira
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