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Brasília: Posto de combustíveis do DF vende gasolina com desconto de até 40% no Dia de Liberdade de Impostos | Marcelo Camargo/
Agência Brasil
Brasília: Posto de combustíveis do DF vende gasolina com desconto de até 40% no Dia de Liberdade de Impostos| Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Quer gasolina barata? Vá para a Venezuela. A consultoria Global Petrol Prices  monitora os valores do combustível em dezenas de países no mundo. No dia 4 de junho, um litro custava US$ 0,01. A Venezuela não conta, porque o governo local gerou uma crise gravíssima de abastecimento? Pois os demais países em que a gasolina é mais barata no mundo são, pela ordem, Irã, Sudão, Kuwait, Algéria e Egito. 

Agora veja a lista dos países onde o combustível de origem fóssil é mais caro: Islândia (é o vencedor, ali o litro custa US$ 2,15 — equivalente a R$ 8,39), Hong Kong, Noruega e Holanda. Ou seja: países democráticos e desenvolvidos pagam mais caro pela gasolina. As nações onde o combustível é mais barato estão mal posicionadas no ranking de democracia publicado anualmente pela revista The Economist. A Venezuela recebeu nota 3,87, num índice que vai de 0 a 10. Irã, 2,45. Sudão, 2,15. Kuwait, 3,85. Argélia, 3,56. Egito, 3,36. Todos esses países, de acordo com o indicador, são considerados autoritários. 

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Já os lugares onde é mais caro rodar receberam notas bem mais altas. 9,58 para a Islândia, 6,31 para Hong Kong, 9,87 para a Noruega e 8,89 para a Holanda. Com exceção de Hong Kong, considerada uma democracia com falhas, as demais são todas democracias consolidadas, na avaliação do estudo.

“Como regra geral, países mais ricos têm maiores preços, enquanto que países mais pobres e os que produzem e exportam petróleo mantêm preços significativamente mais baixos”, aponta o relatório da Global Petrol Prices, lembrando que essas diferenças se manifestam independentemente das grandes oscilações no valor do barril de petróleo no mercado internacional: “as diferenças nos preços entre os países são resultado das variações de taxas e subsídios. Todos os países têm acesso aos mesmos preços de petróleo nos mercados internacionais, mas então decidem impor tarifas diferentes.” 

Livre mercado 

O acesso à vida política democrática não é o único indicador característico de países onde o petróleo é mais caro. Eles também se caracterizam pela liberdade econômica. O ranking mundial sobre esse quesito, desenvolvido pela Heritage Foundation, dá nota máxima para Hong Kong, que pratica o segundo maior preço pela gasolina no planeta. A Islândia está em 11º, numa lista de 187 países. A Noruega, em 23º. A Holanda, em 17º. Por outro lado, a Venezuela está na posição 179, o Irã na 156 e o Sudão na 162. 

Além da democracia e do livre mercado, o que mais influencia no preço praticado para o consumidor final? Ser produtor de petróleo também é importante. Em geral, os países que cobram menos pelo combustível são também produtores de petróleo. O Irã, por exemplo, é o quinto maior produtor do planeta, com 5% do total mundial, e o Kuwait é o 10º, com 3% – os líderes são Estados Unidos, com 15%, e Arábia Saudita, com 13%. Na Arábia Saudita, neste momento, o litro de gasolina custa US$ 0,54, o 14º mais barato do planeta. Os Estados Unidos, são uma exceção notável: um país desenvolvido que mantém os preços baixos, a US$ 0,86. 

Ainda assim, existem exceções notáveis. Por exemplo, a Noruega, que é a 15ª maior produtora do mundo, tem o terceiro maior preço. Isso porque existem também outras questões, como as políticas de controle de inflação e de estímulo ao consumo da parte dos cidadãos. O governo norueguês, por exemplo, não estimula os moradores do país a abastecer com combustíveis fósseis. Prefere que as pessoas priorizem o transporte público e pretende que, até 2025, apenas automóveis elétricos sejam comercializados no país. A extração petroleira seria, então, quase que inteiramente exportada. A Holanda adota estratégia semelhante. 

País intermediário 

E o Brasil? O país, que é o 9º maior produtor mundial, estava, no ranking de preços do dia 4, numa posição intermediária, com a 70ª gasolina mais barata, ou a 96ª mais cara, numa lista de 166 países. O preço médio de US$ 1,23 por litro era o mesmo praticado, naquele mesmo dia, por África do Sul e Congo. No ranking de democracia da Economist, o Brasil recebeu nota 6,86, a África do Sul, 7,24, e o Congo, 1,61. O ranking de liberdade econômica considera o Brasil majoritariamente não-livre, na posição 153 – uma posição abaixo do Uzbequistão e uma acima do Afeganistão. 

Em outras palavras: somos uma nação moderadamente democrática, de baixa liberdade econômica, e que não cobra assim tão caro por sua gasolina, na comparação com outros países do mundo.

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