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Covid, Arcturus
Conjuntivite é um dos sintomas mais distintivos da subvariante da Covid-19 sob monitoramento da OMS.| Foto: Hızır Erdem Uygun

Há um ano e meio a Covid-19 tem como variante dominante a ômicron, classificada como variante de interesse pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em comparação às formas anteriores, é mais contagiosa e mais leve nos sintomas, preferindo as vias aéreas superiores. Vírus evoluem continuamente, e há cerca de 600 subvariantes do coronavírus dentro dessa variante. Uma delas, sob investigação desde março, foi declarada de interesse pela OMS em abril: a subvariante Arcturus. A Gazeta do Povo traz a seus leitores os principais pontos a se entender a respeito dela.

O que é a Arcturus?

Seu nome mais técnico é XBB.1.16, é um vírus híbrido de duas outras subvariantes da ômicron. As variantes e subvariantes são bem conhecidas porque os cientistas hoje podem investigar de forma relativamente barata a sequência do material genético do vírus. Na classificação da OMS, uma variante de interesse está um nível abaixo de uma variante preocupante.

Uma variante de interesse (VOI) para a OMS é uma cepa de um vírus que possui alterações genéticas que podem afetar seu comportamento, como maior transmissibilidade, maior gravidade da doença ou menor eficácia das medidas de saúde pública, diagnósticos, vacinas ou tratamentos. As VOIs são monitoradas e estudadas de perto para entender seu impacto potencial na saúde pública global. Se uma VOI for considerada um risco significativo, ela pode ser designada como uma variante de preocupação (VOC). A diferença, portanto, é entre suspeita e confirmação.

De onde veio? Onde está?

Até 17 de abril, quase quatro mil sequências da Arcturus haviam sido registradas a partir de 33 países no banco de dados GISAID. A maior parte veio da Índia, seguida por EUA, Cingapura, Austrália, Canadá, Brunei, Japão e Reino Unido. Nos Estados Unidos, ela foi de 1% de prevalência dos casos de Covid para cerca de 10%, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A média semanal de casos no país até 19 de abril, diz o CDC, é de 94 mil casos. Para comparação, a média semanal um ano atrás era de 300 mil casos, quando a subvariante dominante era a BA.2.

Na última sexta (28) o primeiro caso foi registrado no Brasil: um homem de 75 anos da cidade de São Paulo, acamado e com comorbidades, que apresentou os primeiros sintomas em 7 de abril. Ele passa bem e teve alta no dia anterior à notificação. Ele foi vacinado e tinha tomado a dose bivalente da Pfizer.

O que ela faz?

Os sintomas mais distintivos da Arcturus são a febre alta e a conjuntivite, especialmente entre crianças, de acordo com a Academia Americana de Oftalmologia — a organização diz que não há motivo para preocupação, é uma conjuntivite como as outras. Os dois sintomas juntos ajudam a não confundir com alergias, que geralmente não vêm com febre. A doença ainda é Covid, e a OMS informa que a severidade não parece ter mudado comparada às subvariantes que estão sendo substituídas. Na Índia e na Indonésia, foi observado um pequeno aumento nos leitos ocupados por pacientes com Covid, não comparável aos níveis das variantes anteriores durante a pandemia.

Como a Arcturus acumula algumas mudanças genéticas, deve ganhar alguma habilidade de escapar à proteção conferida por imunidade natural de infecção anterior e/ou imunidade adquirida com vacinas, não se sabe a que nível, mas as mudanças não são tão dramáticas como as mutações originais da ômicron em relação às variantes anteriores. Quem teve Covid mais recentemente deve estar protegido.

Como em outros assuntos que foram politizados na pandemia, a comunidade médica está se manifestando de forma diversa: há tanto os médicos que alegam que a Arcturus é uma “prova” de que a pandemia não terminou quanto aqueles que ridicularizam o fato de que apelidos ainda estão sendo dados para variantes de uma doença que agora é tão preocupante quanto a gripe, cujas variantes não costumam atrair esse tipo de atenção.

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