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Por mais de 40 anos, Paul Johnson fez uma defesa intelectual de suas instituições favoritas, que incluíam o capitalismo e o cristianismo
Por mais de 40 anos, Paul Johnson fez uma defesa intelectual de suas instituições favoritas, que incluíam o capitalismo e o cristianismo| Foto: Reprodução YouTube/ Prager University

O jornalista e historiador Paul Johnson escreveu mais de 50 livros, muitos deles pesquisas magistrais, como Tempos Modernos, uma história do mundo durante o século XX. Ele nunca lecionou em uma universidade - suas enormes vendas mostram que o mundo era sua sala de aula.

Mas, quando ele morreu em Londres na semana passada, aos 94 anos, todos os obituários certamente mencionariam sua conversão política: na década de 1970, ele deixou o Partido Trabalhista e se juntou aos conservadores, tornando-se até uma espécie de mentor de Margaret Thatcher, a quem conheceu quando estudaram em Oxford na mesma época.

A transformação política de Johnson foi uma grande perda para a esquerda. O Daily Telegraph diz em seu obituário que, para muitos, ele foi “o jornalista mais provocador” de sua época.

Por 15 anos, Johnson foi editor do New Statesman, o jornal trabalhista mais influente. Michael Foot, o candidato do Partido Trabalhista a primeiro-ministro em 1983, zombou que, embora todo movimento tivesse seu Judas, esta foi a primeira vez que ele conseguiu pensar em quando as 30 moedas de prata foram convertidas em uma renda permanente para o apóstata.

Johnson disse que os sindicatos que controlavam o processo de seleção de candidatos trabalhistas eram dirigidos por “gangsters. . . homens poderosos que conspiram juntos para espremer a comunidade” fechando serviços essenciais com greves. Ele não podia mais vê-los destruir a Grã-Bretanha e, em 1979, o eleitorado concordou com ele votando em Margaret Thatcher.

Por mais de 40 anos depois disso, Johnson fez uma defesa intelectual de suas instituições favoritas, que incluíam o capitalismo e o cristianismo. Ele argumentou que ambos eram forças libertadoras que permitiam que homens e mulheres “trouxessem à tona o que havia de melhor dentro deles”.

Ele abordou todos os assuntos concebíveis - uma história do cristianismo, depois uma dos judeus; ataques a Picasso, Karl Marx e Jean-Jacques Rousseau; e biografias de Sócrates, Charles Darwin, Napoleão e Winston Churchill. Este último, um herói da Segunda Guerra Mundial, pode agora ser insultado pela esquerda como um colonialista racista, mas Johnson estava convencido de que “toda a vida de Churchill foi um exercício de como a coragem pode ser exibida, reforçada, guardada e distribuída cuidadosamente, intensificada e concentrada, transmitida a outros”.

Johnson estava igualmente entusiasmado com seu amor pelos Estados Unidos. Em 2002, após o 11 de setembro, ele escreveu: "O que é a América? Não é uma raça, mas uma coesão de todas as raças do mundo. Em breve será uma nação de 300 milhões, 10% dos quais nem nasceram lá. Sua criação da Europa[,] África e Ásia é um processo contínuo, pois inúmeros imigrantes chegam a cada ano e são silenciosamente absorvidos e prosperam. Além disso, esses cidadãos, cujos pais, avós ou antepassados ​​vieram de todas as partes do mundo, têm a chance de participar da democracia em todos os níveis, o que não existe em nenhum outro lugar do mundo. Mais de 600.000 cargos nos EUA são eleitos. Todo o ethos público da América é moldado para descobrir o que os eleitores querem e construir políticas de acordo com seus desejos. A América é bem-sucedida precisamente porque é uma democracia multirracial funcional. Ser antiamericano, portanto, é ser anti-humanidade. Odiar a América é odiar a humanidade".

Não foi surpresa que Johnson tenha recebido a Medalha Presidencial da Liberdade do presidente George W. Bush, uma honra rara para um estrangeiro.

Em 1983, Johnson publicou o que se tornou seu livro mais influente, uma história abrangente da era pós-Primeira Guerra Mundial em todo o mundo Tempos Modernos: o mundo dos anos 20 aos 80. Ele o revisou 18 anos depois para incluir a cobertura do resto do século XX.

Os tempos modernos moldaram uma geração e mais de pessoas que haviam estudado a história segundo a interpretação da esquerda. Sua explicação da Grande Depressão baseou-se muito nas obras de economistas libertários e forneceu um forte antídoto para a sabedoria convencional de que Franklin Delano Roosevelt salvou o capitalismo de si mesmo.

Todos os seus livros eram fenomenais. Acho que o primeiro que li foi Tempos Modernos, depois História do CristianismoHistória dos JudeusThe Birth of the Modern [(de Napoleão em diante), O Nascimento da Modernidade, em tradução livre, sem edição no Brasil], Intelectuais e muitos que não tive tempo de estudar direito.

James Lucier, o bem-sucedido proprietário de um serviço de inteligência política e econômica em Washington, contou-me sobre o impacto que o Tempos Modernos teve sobre ele. “A mim, com 19 ou 20 anos, espantou-me sua capacidade de sintetizar vastas quantidades de informação e de as apresentar de forma clara e simples, de forma erudita. Eu sempre quis escrever dessa maneira desde então".

Tive o privilégio de ser o editor de Johnson para seus artigos de opinião no Wall Street Journal nos anos 80 e 90. Lembro-me vividamente de como, durante um almoço no Journal, ele descreveu para mim seus métodos de pesquisa ao escrever um livro na era pré-internet: "Leio tudo o que posso de relevante, coloco as referências e partes importantes em fichas e catalogo-as. Então alugo o ginásio da escola local em um fim de semana e as distribuo, montando meus cartões de acordo com meu esboço. Em seguida, abordo cada capítulo por vez, descartando e expandindo as cartas conforme necessário, até que uma narrativa viva e vibrante tenha surgido. Basta uma parteira assim e você tem um livro!".

Até hoje, sigo alguns dos conselhos de Johnson sobre pesquisa e redação.

Uma cultura que produziu Paul Johnson e outros como ele explica por que a literatura e o jornalismo britânicos, em geral, são muito melhores do que a maior parte do que é produzido nos Estados Unidos. Como explica Stephen Glover, do Daily Mail da Grã-Bretanha: “Mesmo os leitores que pensavam que poderiam discordar dele esperavam ansiosamente por seu próximo lançamento. Ele nunca escreveu uma frase chata ou teve um pensamento chato”.

Que tanto de elogios um escritor pode esperar? Se você explorar o trabalho de Paul Johnson, não ficará desapontado.

©2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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