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Estudo em larga escala

Por que as mulheres vivem mais que os homens? Novo estudo explica diferença

Diferença de longevidade entre homens e mulheres se repete em outras espécies.
Diferença de longevidade entre homens e mulheres se repete em outras espécies. (Foto: IMAGEM CRIADA UTILIZANDO O GOOGLE AI/GAZETA DO POVO )

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É difícil negar que os homens são mais propensos a um comportamento de risco, muitas vezes simplesmente por diversão. A internet está repleta de evidências desse fenômeno, em vídeos com o título de “Por que as mulheres vivem mais que os homens”. Agora, cientistas do renomado Instituto Max Planck, na Alemanha, apresentaram uma explicação mais detalhada para essa diferença.

Uma pesquisa divulgada neste mês analisou mais de mil espécies animais e descobriu que a maior longevidade feminina tem origem na evolução: a competição por parceiras leva machos a comportamentos que encurtam sua vida.

O estudo, que de acordo com o instituto alemão pode ter seus resultados aplicados a humanos, desvenda um surpreendente padrão que vem se mantendo verdadeiro em quase todos os países e períodos da história. Avanços médicos e melhorias nas condições de vida podem até afetar nessa diferença; mas, para os pesquisadores, é pouco provável que a maior longevidade das mulheres se altere.

Essa diferença a favor das fêmeas foi observada pela pesquisa em três de cada quatro espécies de mamíferos estudados na natureza e em zoológicos, padrão que se repete em humanos. Entre as aves, porém, a vida mais longa é mais comumente associada aos machos, com 68% das espécies registrando essa característica. 

Se as fêmeas de mamíferos em zoológicos vivem cerca de 12% a mais do que os seus correspondentes machos, a diferença a favor deles entre as aves é de apenas 5%. Curiosamente, na natureza a vantagem feminina nos mamíferos é cerca de 1,5 vez maior e pode chegar a 5 vezes entre as aves do sexo masculino.

Diferença notável também entre os humanos

No mundo dos humanos, as mulheres vivem, em média, cinco anos e três meses a mais que os homens no mundo todo. Essa diferença se mantém em diferentes países, culturas e épocas históricas, mostrando que não é apenas uma questão social, mas tem raízes biológicas profundas que vêm de nossa evolução como espécie.

Curiosamente, a explicação não está diretamente ligada aos genes. Os cientistas até testaram essa teoria para checar se o simples fato de ter cromossomos XY no DNA reduziria a expectativa de vida. A hipótese tem algum fundamento, mas não explica toda a variação encontrada. Há muitos outros fatores em jogo além da genética básica. 

O mais importante deles é a forma de acasalamento. Em outras palavras, machos de espécies não monogâmicas gastam muita energia competindo pelas fêmeas. Nessa competição entram situações que vão desde o desenvolvimento de características atraentes, como pelagens, até o combate propriamente dito com outros machos. Aqueles com parceiros fixos, diz a pesquisa, não enfrentam esse problema. 

Outra descoberta do estudo está relacionada ao tamanho corporal dos machos. Quando eles são muito maiores do que elas – algo comum naquelas espécies onde há uma competição mais intensa –, a diferença de tamanho está associada a uma vida mais curta para os machos. Ter um corpo grande consome muita energia e recursos, o que cobra seu preço na longevidade. 

Por outro lado, o gasto de energia envolvido no cuidado dos filhotes parece não ter um impacto significativo na longevidade das fêmeas. Em zoológicos, fêmeas que investem mais no cuidado das crias vivem ainda mais tempo. Isso pode acontecer porque a evolução favoreceu fêmeas mais resistentes justamente nas espécies onde o cuidado materno é essencial para a sobrevivência dos filhotes. 

Era de se esperar que nesses ambientes fechados, com alimentação e cuidados de saúde garantidos e sem ameaças naturais, a diferença na expectativa de vida de machos e fêmeas diminuísse de forma significativa. A disparidade é menor, mas ainda persiste, mostra o estudo, o que reforça que se trata de algo com causas biológicas profundas, não apenas ambientais ou comportamentais. 

Segundo o estudo, essa diferença deve permanecer nas espécies pesquisadas – assim como entre homens e mulheres – porque está gravada em nossa história evolutiva. Nossos parentes primatas, como gorilas e chimpanzés, também apresentam esse padrão. A competição entre machos por parceiras moldou características que reduzem sua longevidade. Fatores sociais podem diminuir ou aumentar essa diferença, mas ela tende a persistir.

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