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O Campo de Santana, que fica na Praça da República, no Rio de Janeiro: local  foi inaugurado por Dom Pedro II em 1880 e nove anos depois, a praça acabou sendo palco da Proclamação da República | Fernando Frazão/Agência Brasil
O Campo de Santana, que fica na Praça da República, no Rio de Janeiro: local foi inaugurado por Dom Pedro II em 1880 e nove anos depois, a praça acabou sendo palco da Proclamação da República| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A confusão é grande para muitos brasileiros quando se trata dos feriados de 7 de setembro e 15 de novembro. Independência? Proclamação da República? Afinal, o que é comemorado na próxima terça-feira (15)?

“O grito do Ipiranga” foi dado no dia 7 de setembro de 1822 pelo então príncipe Dom Pedro I. Neste dia, comemora-se a independência do Brasil da Coroa Portuguesa. Já, 67 anos, dois meses e nove dias depois, o Brasil iniciava um novo trecho de sua história.

Há 126 anos, uma estratégia político-militar desbancou o regime monárquico que tinha Dom Pedro II, filho de Dom Pedro I, como imperador do Brasil. O líder do grupo de militares republicanos, Marechal Deodoro da Fonseca, proclamou a República em 15 de novembro de 1889, na Praça da Aclamação, no centro do Rio de Janeiro – praça esta que, não por acaso, teve o nome mudado para Praça da República.

Após a Guerra do Paraguai, que acabou em 1870, o Império já vinha perdendo prestígio diante da elite econômica do país, pois o país acabou se endividando e entrando em uma crise econômica. Além disso, a igreja também estava descontente com o Império.

Outro fato que contribuiu para a queda do Império foi o movimento de uma elite intelectual que encabeçou o movimento abolicionista, que acabou com a escravidão no país um ano antes. Além disso, o fato de Pedro II não ter filhos e apenas filhas, o trono seria herdado pela princesa Isabel, que era casada com o francês Gastão de Orléans. Corria-se o risco, portanto, do país ser governado por um estrangeiro.

Para Wilson Maske, professor de história contemporânea do departamento de História da PUCPR, o principal objetivo do grupo de militares e ativistas, que envolvia nomes como Marechal Floriano Peixoto, Antônio da Silva Jardim e José do Patrocínio, era depor o governo de Pedro II e não a monarquia em si. “A República já era um fato consumado e a população acabou por aceitar o novo regime. O próprio Pedro II já havia expressado a sua admiração pela República, dizendo que, se não fosse Imperador, seria Ministro, Presidente ou professor”, contou o especialista.

Ainda de acordo com Maske, o Brasil era visto com maus olhos pelos vizinhos latino-americanos, já que era o último dos países a ter um governo monárquico. “A República foi uma consequência, já que era o regime mais moderno, adotado por todos os países vizinhos, inspirados pela independência dos Estados Unidos”, disse.

Apoio, mas não muito

Segundo o historiador, os militares proclamaram a República e não houve resistência por parte de grande parte da população, mas não por muito tempo. Quando começaram a surgir revoltas como a Guerra de Canudos, na Bahia, e, um pouco mais tarde, a Guerra do Contestado na divisa de Santa Catarina com o Paraná. “Os governos militares eram na realidade, ditaduras, e a população começa a se revoltar, pois os ideais de justiça social que foram prometidos não estavam sendo cumpridos. As revoltas têm um caráter religioso forte, com figuras fortes de liderança”, comentou Maske.

O regime republicano, na opinião do professor, se encaminha para um modelo mais democrático após a saída dos militares do poder. “Quando Prudente de Morais assume, o modelo passa a ser mais voltado para a democracia, por ser o primeiro presidente civil do Brasil”, completou.

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