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Opinião

Presidente colombiano erra ao ameaçar retaliação contra Israel

Gustavo Petro, presidente da Colômbia, deu reiteradas declarações acusando Israel de cometer "genocídio" em Gaza
Gustavo Petro, presidente da Colômbia, deu reiteradas declarações acusando Israel de cometer "genocídio" em Gaza (Foto: EFE/ Bienvenido Velasco)

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O presidente colombiano Gustavo Petro ameaçou cortar relações diplomáticas com Israel, escrevendo em seu X (antigo Twitter): “Se Israel não cumprir a resolução de cessar-fogo das Nações Unidas, romperemos as relações diplomáticas com Israel”, tuitou o ex-guerrilheiro de esquerda.

Se ele pensou que suas terríveis ameaças levariam pavor à população de Israel ou prejuízos significativos ao país, enganou-se redondamente. Do ponto de vista econômico:

  • A Colômbia responde por 0,03% das importações de Israel sendo carvão e esmeraldas os produtos principais.
  • A Colômbia responde por 0,1% das exportações de Israel, principalmente equipamentos de telecomunicação, aparelhos médicos e fibras óticas.

Assim, economicamente a influência é absolutamente desprezível para Israel, mas grave para a população colombiana, que produz pouquíssimos insumos tecnológicos avançados.

Politicamente a Colômbia jamais deu apoio substancial a Israel. Nas mais importantes votações na ONU, absteve-se de votar com o mundo ocidental. Assim, pela Partilha da Palestina que deveria criar dois países para dois povos, a Colômbia se absteve. Absteve-se também de votar na vergonhosa resolução que qualificava o sionismo como uma forma de racismo. Em 2012, sobre a admissão da Palestina, nova abstenção. Portanto, do ponto de vista político, Israel aparentemente nada perde.

Na questão do turismo, cerca de cinco mil israelenses visitam a Colômbia anualmente, enquanto pouco mais de mil colombianos visitam Israel. Também neste quesito perde a economia colombiana.

Na area acadêmica, Israel, com seus 9,4 milhões de habitantes, tem três universidades na lista das 100 melhores do mundo e mais uma ao incluirmos as 200 melhores. A Colômbia, com 58,4 milhões conseguiu apenas a posição 508 para sua melhor universidade e 789 para a segunda melhor. Na troca de conhecimentos, novamente a decisão do presidente pune a própria população.

Finalmente, os principais aliados políticos da Colômbia são Venezuela, Nicarágua, Cuba, Equador enquanto os principais aliados de Israel são Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra e Itália. No plano geopolítico não há comparação entre ambos.

Assim, a punição que Gustavo Petro pensa impingir a Israel penaliza fortemente o povo colombiano.

Marcos L. Susskind é ativista comunitário, palestrante e guia de turismo em Israel.

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