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Queime um Tesla, destrua a democracia

Manifestantes se reúnem do lado de fora de uma concessionária Tesla para protestar contra o papel atual do empresário Elon Musk na administração do presidente dos EUA, Donald Trump, no Park Royal, Londres, Grã-Bretanha, 15 de março de 2025. Os manifestantes encorajaram as pessoas a boicotar a marca Tesla, vender os carros que já possuíam e se desfazer das ações da empresa para impactar o cofundador e CEO da Tesla.
Manifestantes se reúnem do lado de fora de uma concessionária Tesla para protestar contra o papel atual do empresário Elon Musk na administração do presidente dos EUA, Donald Trump, no Park Royal, Londres, Grã-Bretanha, 15 de março de 2025. Os manifestantes encorajaram as pessoas a boicotar a marca Tesla, vender os carros que já possuíam e se desfazer das ações da empresa para impactar o cofundador e CEO da Tesla. (Foto: EFE/EPA/TOLGA AKMEN)

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No mês passado, ativistas anti-Trump encontraram um novo alvo: os carros da Tesla. Em resposta às críticas de Elon Musk à burocracia estatal, vândalos em diversas cidades dos Estados Unidos quebraram vidros, furaram pneus e arrombaram portas dos populares veículos elétricos. Alguns chegaram a incendiá-los.

Vários funcionários do governo rotularam os atos de "terror doméstico". Os críticos de Musk menosprezaram essas ações como o preço da participação política ou sugeriram que elas são uma reação previsível ao seu suposto extremismo. De fato, os defensores mais fervorosos veem a queima de carros como uma resposta proporcional — como dizia o cartaz de um manifestante, "Queime um Tesla: Salve a Democracia".

Esses esforços para confundir a linha entre protesto e terrorismo, no entanto, são profundamente antidemocráticos. A ideia de que a destruição de propriedade e a violência são formas legítimas de protesto tem raízes profundas na esquerda, mas é inimiga da liberdade de expressão que torna a vida democrática possível.

Os extremistas de hoje seguem um manual antigo. No final do século XIX e início do século XX, anarquistas na Europa e nos EUA realizaram ataques a bomba e outros atos violentos, inspirados pelo teórico russo Piotr Kropotkin, que via a violência como meio de impulsionar a revolução.

Os sovietes revolucionários não apenas se envolveram em violência brutal, mas também a justificaram ativamente como uma pré-condição necessária de sua revolução. No livro "Terrorismo e Comunismo", por exemplo, Leon Trotsky responde a um crítico liberal insistindo que a classe revolucionária tem a obrigação de usar meios violentos para atingir seus fins.

Esses exemplos do início do século XX claramente inspiraram sucessivos movimentos de "protesto" de esquerda. Nos anos 1970, o grupo Weather Underground promoveu uma campanha de atentados contra edifícios públicos nos EUA, incluindo o Pentágono e o Capitólio. Seu manifesto, Prairie Fire, endossou explicitamente essa atividade como um ato revolucionário essencial contra o imperialismo americano. Os Weathermen não estavam sozinhos. A década de 1970 foi o pior período registrado para o terror doméstico nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.

A violência continua sendo uma característica do protesto radical de esquerda hoje. Além dos ataques à Tesla, vale lembrar o caso do Greenpeace, que foi condenado a pagar US$ 660 milhões por seu papel nos protestos violentos contra o oleoduto Dakota Access Pipeline. Outro exemplo ainda mais grave foi o assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, um crime amplamente celebrado e justificado por setores da esquerda.

O que une esses episódios é a crença de que a violência pode ser usada como ferramenta política. Se um ato for cometido em nome de uma "causa justa", seus praticantes se sentem justificados. Essa é a mesma lógica que levou os soviéticos a aceitarem assassinatos em massa para criar uma "utopia comunista".

Há, é claro, outro termo para violência expressiva destinada a criar mudança política: terrorismo. O propósito da Al-Qaeda em destruir as Torres Gêmeas, por exemplo, era enviar uma mensagem ao Ocidente. O objetivo não era simplesmente o assassinato de mais de 3.000 americanos, mas também a destruição de ícones do capitalismo americano e do poder nacional. O terrorismo é uma estratégia pela qual os fracos desafiam os fortes no domínio simbólico, precisamente porque não têm força para lutar em um campo de batalha mais convencional.

Essa estratégia é absolutamente incompatível com a democracia. O sistema democrático depende do debate e da livre expressão para resolver disputas políticas. Onde há violência, não pode haver liberdade de expressão. Se manifestar uma opinião resulta em seu carro ser incendiado, então não há um ambiente seguro para o dissenso.

Por essa razão, o terrorismo doméstico é crime. Atos de "expressão" violenta precisam ser coibidos para que a livre expressão pacífica seja garantida.

A história mostra que a esquerda radical sempre teve uma relação estreita com a violência. O que se exige de quem valoriza a democracia é a recusa categórica a qualquer tentativa de normalização desse comportamento, independentemente da justificativa ideológica.

Aqueles que queimam Teslas, quebram vidraças ou se envolvem em violência política devem ser processados ​​com toda a extensão da lei. Aqueles que os defendem devem ter vergonha de si mesmos. Eles violam os princípios básicos da constituição americana.

Charles Fain Lehman é membro do Manhattan Institute e editor sênior do City Journal.

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©2025 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Burn a Tesla, Break Democracy

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