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O americano Frank Caprio, conhecido como o “juiz mais gentil do mundo”, morreu na noite desta quarta-feira, aos 88 anos, vítima de um câncer no pâncreas. Juiz municipal em Providence, no estado de Rhode Island, ele se tornou famoso pelo bom-humor e pela compaixão com que julgava infrações de trânsito e pequenas multas em seu tribunal.
Sua fama na internet cresceu significativamente depois do programa de TV “Caught in Providence”, onde os casos eram televisionados. “Uma vida baseada em gentileza é uma vida que ecoa por um longo tempo após nós partirmos”, diz uma das várias mensagens postadas em seu Instagram.
Católico praticante e fervoroso, o diferencial de Caprio que lhe rendeu a fama de gentileza era ouvir as pessoas e entender as circunstâncias por trás da infração. Em sua decisão, ele considerava, por exemplo, se alguém tinha um problema de saúde grave na família, passava por dificuldades financeiras ou tinha perdido um ente querido.
Este contexto interferia na sua decisão quanto à multa, que geralmente era reduzida ou até mesmo perdoada – se a pessoa estivesse em uma situação de vulnerabilidade, por exemplo. Outra marca do juiz era a interação com as crianças no tribunal.
Um dos julgamentos mais memoráveis foi o de um senhor de 93 anos, multado por passar pelo sinal vermelho. Com a voz embargada diante do juiz, ele explica o motivo: levava o filho de 63 anos, com câncer, para o hospital. Caprio não só perdoou como o parabenizou por cuidar do filho apesar da idade avançada.
Outro caso que viralizou foi o de um pai que, após passar por um sinal vermelho, foi ao tribunal com o seu filho. Caprio chamou a criança para ver o vídeo com o flagrante da infração ao lado dele. Mesmo diante do erro do pai, o garoto o defendeu, o que rendeu risadas na corte. O juiz manteve a cobrança, mas reduziu o valor da multa.
Sua rede social era repleta de mensagens positivas e histórias de superação. Nos últimos posts, Caprio compartilhou sua batalha no hospital e recebeu carinho de fãs de várias partes do mundo, inclusive do Brasil, onde era muito querido. “Eu não uso um distintivo sob meu manto. Eu uso um coração”, dizia o juiz “mais gentil do mundo”.
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