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A educação é fundamental para o desenvolvimento de uma cidade. Não apenas como um fator de ascensão social, mas como um ativo capaz de afetar diretamente indicadores como emprego, saúde e segurança pública.
A segunda edição do Ranking das Cidades da Gazeta do Povo avaliou todos os 5.570 municípios brasileiros e levou em conta indicadores em dez categorias diferentes para identificar quais cidades oferecem, no conjunto, a melhor qualidade de vida. Uma dessas dez categorias foi a Educação.
Entre as localidades mais bem colocadas neste critério, predominam cidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em comum: redes educacionais, baixa evasão escolar e altos índices de alfabetização e formação superior. São os casos de São Caetano do Sul (SP) e Goiânia (GO), por exemplo.
No extremo oposto, os municípios com as piores colocações expõem desigualdades históricas. Pequenas cidades do Nordeste sofrem com déficits básicos, como alfabetização, enquanto grandes locais na periferia de metrópoles acumulam problemas estruturais.
As melhores e piores cidades do país
O município de Águas de São Pedro (SP) é normalmente reconhecido como um oásis a 339 quilômetros de São Paulo. A localidade abriga estâncias hidrominerais, parques aquáticos e virou um concorrido destino turístico para famílias de todo o Brasil. Com pouco mais de 2.900 habitantes, os água-pedrenses também se orgulham da atenção dedicada à educação.
A cidade figura com a melhor performance educacional entre as 5.570 cidades brasileiras, de acordo com o levantamento da Gazeta do Povo. É o resultado de altas taxas de escolaridade adulta e quase zero evasão escolar. Em Águas de São Pedro, por exemplo, 42,7% da população acima de 25 anos possui diploma superior e a taxa de alfabetização, conforme o Censo 2022, alcançou 98,76 %.
Abaixo de Águas de São Pedro, aparecem, pela ordem, Luzerna (SC), Ceres (GO), Itapiranga (SC) e Fernandópolis (SP). Em comum, todos os municípios possuem menos de 100 mil habitantes (somente Fernandópolis tem mais de 50 mil) e estão localizados entre o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
No extremo oposto do ranking geral, as cinco cidades com o pior desempenho em Educação estão todas posicionadas no Nordeste. Santa Filomena do Maranhão, município fundado há apenas três décadas, aparece como o pior desempenho em Educação no país.
Com pouco mais de 6 mil habitantes e uma economia baseada na agricultura familiar, o local tem taxa de alfabetização de 76,39% da população acima dos 15 anos, dado que está bem abaixo da referência nacional, de 93%, segundo o levantamento do Censo 2022.
As cinco melhores notas
- Águas de São Pedro (SP) 8,88
- Luzerna (SC) 8,63
- Ceres (GO) 8,52
- Itapiranga (SC) 8,49
- Fernandópolis (SP) 8,48
As cinco piores notas
- Santa Filomena do Maranhão (MA) 0,66
- Ourolândia (BA) 0,78
- Arês (RN) 0,78
- Marcação (PB) 0,8
- Ielmo Marinho (RN) 0,85
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Os destaques nas cidades médias
Entre os municípios que têm população de 100 mil a 500 mil habitantes, dois de São Paulo e três do Paraná ocupam o topo em Educação no Ranking das Cidades da Gazeta do Povo. São Caetano do Sul, a apenas 25 minutos de carro da capital do estado, São Paulo, aparece na primeira colocação com nota 8,45 na avaliação dos cinco indicadores pesquisados.
O excelente desempenho de São Caetano do Sul no Ranking das Cidades não é uma novidade. A cidade coleciona, há anos, posições expressivas em levantamentos de índice de desenvolvimento humano.
São Caetano do Sul apresenta 5,8 como nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), a melhor pontuação entre as cidades brasileiras. Outro número de destaque é a porcentagem da população acima de 25 anos com diploma superior: 48,2% possuem um grau acadêmico.
Por sua vez, Santa Rita, na Paraíba, vive uma realidade bem diferente. Entre as pessoas com mais de 25 anos que residem no local, somente 7,1% concluíram uma faculdade. O distrito industrial, vizinho a João Pessoa, é a pior cidade em Educação do país. O desempenho fraco contrasta com o poderio econômico do município, quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, com R$ 3,2 bilhões alcançados entre 2022 e 2023.
Duas localidades no estado do Rio de Janeiro, uma no Rio Grande do Norte e outra em Sergipe fecham o grupo dos desempenhos piores conforme a pesquisa realizada pela Gazeta do Povo.
As cinco melhores notas (cidades médias)
- São Caetano do Sul (SP) 8,45
- Ourinhos (SP) 8,44
- Toledo (PR) 8,4
- Maringá (PR) 8,35
- Campo Mourão (PR) 8.34
As cinco piores notas (cidades médias)
- Santa Rita (PB) 2,08
- Japeri (RJ) 2,53
- São Gonçalo do Amarante (RN) 2,93
- Nossa Senhora do Socorro (SE) 3,09
- Magé (RJ) 3,19
Os destaques nas cidades grandes
Está no Centro-Oeste a cidade com a melhor performance em Educação na pesquisa da Gazeta do Povo. Goiânia alcançou o topo graças ao forte histórico em todos os cinco indicadores levantados.
Com 1,5 milhão de habitantes, a capital de Goiás oferece 5.598 vagas de ensino superior por 100 mil habitantes, um dos melhores índices entre os 5.570 municípios do país. Outro dado significativo é a nota 4,8 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Ensino Médio, também entre as maiores da pesquisa.
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O conceito dos goianos no IDEB do Ensino Médio só perde para o alcançado por Curitiba. A capital do Paraná detém 4,9 e surge como segunda melhor performance em educação entre as cidades com mais de 500 mil habitantes do Brasil. Na sequência, aparecem municípios que não são capitais, um no Paraná, Londrina, e outro em São Paulo, Sorocaba. Por fim, Belém, no Norte do país, fecha o orgulhoso top 5.
Motivo para se vangloriar, em se tratando de educação, o estado do Rio de Janeiro não tem. Entre os municípios grandes do Brasil, os cinco com a pior nota geral no setor são do estado do Sudeste. Partindo do pior de todos, são eles Belford Roxo, Duque de Caxias, São Gonçalo, Nova Iguaçu e Campo dos Goytacazes.
As cinco estão ligadas de alguma forma à capital e sofrem com a dependência histórica. Belford Roxo, na Baixada Fluminense, o sétimo mais populoso do estado, apresenta a pior nota, 3,13. O resultado se explica, entre outros fatores, pelo fraco desempenho no IDEB do Ensino Médio (nota 3,1) e o fraco índice de 5,7% da população acima de 25 anos com formação superior.
As cinco cidades também enfrentam desafios sociais importantes, como altos índices de criminalidade. Todas registraram mais de 32 homicídios por 100 mil habitantes em 2024, segundo o Atlas da Violência divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Estão entre as mais violentas do país.
As cinco melhores notas (cidades grandes)
- Goiânia (GO) 8,4
- Curitiba (PR) 8,38
- Sorocaba (SP) 8,24
- Londrina (PR) 8,1
- Belém (PA) 8
As cinco piores notas (cidades grandes)
- Belford Roxo (RJ) 3,13
- Duque de Caxias (RJ) 4,33
- São Gonçalo (RJ) 4,79
- Nova Iguaçu (RJ) 5,09
- Campos dos Goytacazes (RJ) 5,8
Desigualdades históricas
Entre as 100 cidades mais bem colocadas, há uma concentração de municípios localizados no Sudeste (45), Sul (35) e Centro-Oeste (16). Estados como São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais dominam o topo do ranking.
Somente quatro cidades do Norte e Nordeste aparecem: Belém (PA) e Palmas (TO) no Norte e Teresina (PI) e Recife (PE) no Nordeste. Retrato que reforça a persistência de desigualdades regionais históricas no campo educacional.
Outro ponto marcante entre as localidades que ocupam as 100 melhores posições é o porte populacional. São cidades pequenas e médias, muitas com menos de 100 mil habitantes e, em diversos casos, com menos de 30 mil pessoas. Esse dado sugere que redes educacionais menores tendem a ser mais facilmente geridas.
Um panorama consistente
O conjunto de indicadores adotado no Ranking das Cidades da Gazeta do Povo permite traçar um retrato consistente do desempenho educacional dos municípios brasileiros. As informações utilizadas são a porcentagem da população acima de 25 anos com diploma superior; as notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) em escolas públicas nos ensinos Fundamental e Médio; vagas de ensino superior por 100 mil habitantes; e a taxa de alfabetização de acordo com o Censo 2022.
Ao combinar dados de formação da população adulta, qualidade da educação básica e capacidade de oferta educacional ao longo da vida escolar, o levantamento cruza variáveis que olham para o presente e resultados acumulados ao longo do tempo. Assim, consegue oferecer um panorama mais fiel da realidade educacional local.
Acesse o Ranking das Cidades completo
Na ferramenta abaixo, você pode buscar a sua cidade pelo nome. Todos os 5.570 municípios brasileiros estão listados.
Não houve empates no levantamento. Para simplificar a leitura, a tabela mostra apenas duas casas decimais. Belém, por exemplo, teve uma nota 5,713 contra 5,707 de Palmas. Com o arredondamento, ambas aparecem com 5,71.
Como a nota foi calculada
O Ranking das Cidades da Gazeta do Povo considerou 27 indicadores nacionais, que são divididos em 10 categorias diferentes. Os mais relevantes ganharam peso maior no cálculo. Confira abaixo os indicadores contabilizados em suas categorias.
- Homicídios — peso 4
Taxa de Homicídios 2019-2023, ponderada (peso maior para os anos mais recentes). Fonte: IPEA – Atlas da Violência / Estatísticas de Homicídios.
2. Economia — peso 3
Vagas de empregos formais no setor privado. Fonte: CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Agosto 2025).
Salário mensal médio. Fonte: IBGE – CEMPRE 2023.
Número de empresas atuantes. Fonte: IBGE – CEMPRE 2023.
PIB per capita 2021. Fonte: IPEA.
- Moradores de rua, favelas e dependentes químicos — peso 3
Famílias em situação de rua. Fonte: Cadasteo Único(CADUNC) (Outubro de 2025).
Percentual de moradores em favelas. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
- Educação — peso 2
População adulta com diploma superior. Fonte: IBGE – Censo 2022.
Taxa de alfabetização. Fonte: IBGE – Censo 2022.
Nota do IDEB - Anos Finais do Fundamental. Fonte: INEP – IDEB 2023.
Nota do IDEB - Ensino Médio. Fonte: INEP – IDEB 2023.
Vagas presenciais no ensino superior. Fonte: Censo da Educação Superior 2024.
5. Saúde — peso 2 Internações por uso de drogas (jan/2024–set/2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
Número de médicos (setembro/2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
Total de leitos de internação (setembro/2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
Mortes evitáveis de 0 a 4 anos (2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
6. Saúde financeira do município — peso 2
Capacidade de Pagamento do município. Fonte: Tesouro Nacional – CAPAG.
7. Infraestrutura urbana — peso 3
Porcentagem de domicílios com esgotamento sanitário. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Porcentagem de domicílios com coleta de lixo. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Arborização urbana. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Vias pavimentadas. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Bueiros e bocas de lobo (%). Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Iluminação pública. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Porcentagem de calçadas. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
8. Mortes no Trânsito — peso 1
Mortes no trânsito por 100 mil habitantes. Fonte: DATASUS/Tabnet (2024).
9. Suicídios — peso 1
Número de suicídios. Fonte: DATASUS/Tabnet (2024)
10. Salas de cinema — peso 1
Número de salas de cinema. Fonte: ANCINE – 2025.









