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“Só o começo”: rejeição da IBM à agenda woke pode iniciar realinhamento no setor corporativo

Antiga sede da IBM em Moscou, na Rússia, em foto de junho de 2022: empresa abandona diretrizes woke
Antiga sede da IBM em Moscou, na Rússia, em foto de junho de 2022: empresa abandona diretrizes woke (Foto: EFE/EPA/YURI KOCHETKOV)

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As recentes decisões da IBM, que vêm se afastando da ortodoxia "woke" — termo usado para descrever um ativismo identitário progressista — e do movimento de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI, na sigla em inglês), podem desencadear um "realinhamento corporativo" nos Estados Unidos, segundo um de seus acionistas.

A assembleia anual da International Business Machines Corporation (IBM), foi marcada para esta terça-feira, 29, um dia após a empresa anunciar um investimento de US$ 150 bilhões no setor industrial norte-americano. A Heritage Foundation, uma entidade conservadora que detém ações da companhia, tem pressionado a empresa a manter seu afastamento das diretrizes DEI.

“DEI nunca foi sobre diversidade — foi sobre dominação”, afirmou Andy Olivastro, diretor de desenvolvimento da Heritage Foundation. “A direita precisou aprender onde pressionar as empresas para reverter os danos causados pela esquerda — e fizemos isso mais rápido do que se imaginava. Este é um momento decisivo, e é só o começo.”

“Vimos empresas norte-americanas trocarem o mérito pela ideologia”, acrescentou Olivastro. “Estudamos os pontos de pressão. E, quando atuamos, o fizemos com rapidez. A mudança de rumo da IBM não é o fim — é o início de uma nova fase do mundo corporativo, pautada pela excelência, e não pelo ativismo.”

Robby Starbuck, pesquisador associado da Iniciativa de Mercados de Capitais da Heritage, também celebrou o anúncio do investimento. Ele tem liderado campanhas para que grandes empresas revejam suas políticas de diversidade. Segundo Starbuck, a reversão da IBM se deu após uma série de diálogos com a empresa.

“Com esse investimento de US$ 150 bilhões nos Estados Unidos, a IBM está colocando a América em primeiro lugar”, declarou. “Mostramos que investir nos EUA, aliado a políticas baseadas no mérito, traria resultados concretos. Agora, essa visão começa a se realizar.”

Mudança na IBM

Sob pressão de Starbuck, a IBM alterou suas políticas no início de abril, afastando-se de compromissos com a agenda DEI e retirando-se do "Índice de Igualdade Corporativa", elaborado pela Human Rights Campaign (HRC) — uma das principais organizações de defesa dos direitos LGBTQIA+ nos EUA.

A nova diretriz de conteúdo da empresa passou a adotar uma posição de neutralidade política e religiosa:

“As políticas de compra de mídia e conteúdo da IBM são centradas no público, buscando atingir todos os consumidores de forma autêntica e neutra quanto a status ou opiniões políticas ou religiosas.”

Anteriormente, o CEO da IBM, Arvind Krishna, havia declarado que os executivos seriam responsabilizados por metas de DEI, como o aumento em 1% anual da presença de minorias sub-representadas. Essa política levou o procurador-geral do estado do Missouri, o republicano Andrew Bailey, a processar a empresa, alegando discriminação ilegal com base em raça e gênero.

Críticos do movimento DEI argumentam que suas práticas incentivam promoções e contratações com base em identidade racial, de gênero ou orientação sexual, em detrimento da qualificação técnica ou do mérito.

As novas medidas da IBM ocorrem em meio a um ambiente político nos EUA em que o presidente Donald Trump, assinou decretos que reinterpretam a legislação federal de direitos civis, proibindo políticas que favoreçam determinados grupos identitários.

O "Índice de Igualdade Corporativa" da HRC avalia empresas com base em critérios como uso de pronomes de gênero nos ambientes corporativos e apoio explícito a causas LGBTQIA+. O mesmo índice foi um dos motivadores para que marcas como Bud Light e Target adotassem, respectivamente, campanhas com influenciadores transgênero e a venda de roupas consideradas inclusivas, como maiôs "tuck-friendly" (com reforço para acomodar genitálias masculinas). Ambas foram alvo de boicotes em 2023.

Reações no mercado

Starbuck tem pressionado outras empresas a reverem suas práticas de DEI. Segundo ele, seus esforços já influenciaram gigantes como Tractor Supply, John Deere, Harley-Davidson, Lowe’s, Ford, Coors, Jack Daniel’s, Boeing, Toyota, Walmart e McDonald’s.

A reversão da IBM aconteceu após a apresentação, pela Heritage Foundation, de uma proposta exigindo um relatório sobre as práticas de diversidade da empresa. A proposta afirmava:

“A IBM deveria recrutar funcionários sem distinção de raça, gênero, crença religiosa ou filiação política, e capacitar seus gestores a promover decisões igualmente imparciais em contratações e promoções.”

Assembleia e futuro

Na véspera da assembleia, Olivastro elogiou a nova postura da empresa: “A IBM deu um passo crucial para restaurar a igualdade, a transparência e o compromisso com o mérito. Agradecemos à empresa por ter ouvido a voz dos acionistas. Agora, ela pode liderar a transformação do mercado corporativo.”

Segundo ele, “a IBM precisa deixar claro — a acionistas, funcionários e clientes — que nenhuma política corporativa deve priorizar características imutáveis, como raça ou gênero, em detrimento do mérito. Ponto final”.

Starbuck também aproveitou para pressionar o restante do mercado: “A IBM está novamente fazendo a coisa certa ao se livrar de uma ideologia tóxica que contaminou o setor corporativo. Isso mostra que, juntos, podemos eliminar a DEI.”

“Minha mensagem aos executivos de todas as empresas é: tenham coragem de abandonar a DEI e salvar suas companhias. Sabemos o que torna os Estados Unidos fortes — e não é essa ideologia.”

O novo investimento

Nesta segunda-feira, 28, a IBM anunciou que investirá US$ 150 bilhões [equivalente a R$ 846 bilhões na cotação atual] nos EUA ao longo dos próximos cinco anos. O pacote inclui mais de US$ 30 bilhões destinados à fabricação de computadores quânticos e mainframes em território norte-americano.

A empresa também destacou seu papel histórico na infraestrutura tecnológica dos EUA, desde o apoio à Previdência Social e ao Programa Apollo (que levou o homem à Lua) até o suporte a grandes empresas. Segundo a IBM, mais de 70% das transações financeiras globais, em valor, passam por seus mainframes fabricados nos EUA.

A companhia enfatizou ainda sua crescente rede de computação quântica, que hoje conta com cerca de 300 organizações participantes, entre empresas da lista Fortune 500, universidades, laboratórios e startups.

O anúncio foi feito poucos dias após o presidente Donald Trump defender o aumento de tarifas para estimular a produção nacional e a criação de empregos no setor industrial.

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©2025 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: ‘ONLY THE BEGINNING’: IBM’s Rejection of DEI Will Spark a ‘Corporate Realignment,’ Shareholder Says

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