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A liberdade religiosa está sendo atacada e censurada, com o aval ou iniciativa do Estado, indicando uma possível transformação do Estado laico em algo diferente, como um estado ateu ou teocrático. Essa foi uma das ideias centrais discutidas durante o programa Última Análise da última quinta-feira (17), que abordou a situação atual da liberdade religiosa no país.
Os recentes avanços do Judiciário sobre a questão trazem um debate sobre os limites do Estado laico. O vereador Gilherme Kilter, um dos comentaristas do programa, afirma que "uma nova ideologia se tornou uma religião e, por isso, ameaça a liberdade religiosa como um todo". O momento atual, portanto, seria o da transformação do Estado laico em um "Estado religioso".
Isso porque, na visão do comentarista Francisco Escorsim, esta mentalidade "caótica", que reúne movimento "woke" e as pautas identitárias, se assemelha a uma crença religiosa: "Por incrível que pareça, ainda que não com as características de uma religião, mas com a típica mentalidade de um estado teocrático", disse.
Assim também afirma o advogado André Marsiglia. "Essas pessoas que estão atacando a religiosidade estão criando um outro estado, unido a uma realidade que acham que é laica, mas não é."
Liberdade religiosa só para um lado
Em um país em que o Judiciário se coloca como regulador de tudo, até mesmo de crenças pessoais, as interferências na liberdade de crença se somam. O caso da cantora Claudia Leitte, investigada pelo Ministério Público da Bahia por "racismo religioso", foi mais uma delas.
Para André Marsiglia, a acusação seria um sintoma de um Estado que, ao tentar impor uma visão "neutra" ou "laica", acaba violando a liberdade religiosa e se tornando intolerante — especialmente contra expressões ligadas à cristandade. A existência de tal crime, então, não seria possível. "Não existe a possibilidade de você ter uma intenção religiosa e ser racista", acredita o jurista.
Além do Judiciário, os comentaristas também criticaram a atuação do Ministério Público em situações do tipo. Kilter acusa a instituição de ser um verdadeiro "capelão do Estado laico" - que, ao fim, acabará por transformá-lo em um "Estado ateu".
A especialização de promotores em questões relacionadas a minorias poderia levar a uma ampliação no tratamento desses temas, nem sempre de forma adequada, especialmente na questão da liberdade de crença.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a quinta-feira. A proposta é discutir com mais reflexão, e menos paixão, os grandes temas desafiadores para o futuro do país.



