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Voluntários do Dobrando Alegrias ensinam pacientes e familiares  a fazer origami no Hospital de Clínicas. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Voluntários do Dobrando Alegrias ensinam pacientes e familiares a fazer origami no Hospital de Clínicas.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Oferecer um pouco do seu tempo e do seu conhecimento em favor de terceiros sem retorno financeiro, apenas afetivo. Essa é a definição mais básica de voluntariado, um tipo de trabalho cada vez mais importante para a manutenção de ações da sociedade organizada que visam a suprir demandas sociais não contempladas pelo baixo ou inexistente investimento governamental.

Há muitas maneiras de se voluntariar: por meio de organizações não-governamentais ou entidades sociais atuantes em prol de causas determinadas, através de ações e projetos promovidos por empresas e até mesmo de maneira autônoma, sem vínculo institucional.

“Para ser voluntário, basta prestar atenção às necessidades do entorno e dedicar algum talento e tempo para atendê-la. Você pode caminhar um pouco pelo seu bairro, identificar um problema e contribuir para uma solução. Pronto, isso também é trabalho voluntário”, resume Lurdinha Drabik, analista de projetos do Centro Ação Voluntária de Curitiba (CAV).

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Lurdinha ressalta que voluntariar-se requer um comprometimento desenvolvido com o tempo e é mais do que apenas fazer doações. “Diria que a doação é uma ação de solidariedade que impacta sobre uma necessidade pontual. O voluntariado implica envolvimento, vínculo e ações contínuas; os resultados são conquistas de médio e longo prazo.”

Por isso, a sugestão é que o interessado em experimentar o voluntariado procure por ações ou projetos que envolvam metas diárias, como a montagem de kits de sobrevivência em vista de uma catástrofe natural. “É uma boa maneira de testar, de descobrir se você está pronto para se dedicar a um projeto mais longo e que exija maior envolvimento”, diz.

Se você quer ser voluntário, fique atento às dicas a seguir.

Tempo

Antes de se comprometer com algum projeto, tenha certeza sobre quanto tempo está disposto a oferecer à causa. Responda com honestidade: “De quantas horas eu estou disposto a abdicar em benefício do outro?” Lurdinha diz que o tempo que o voluntário dedica à atividade é tão precioso quanto o tempo destinado ao trabalho ou ao lazer. “Assuma somente aquilo que realmente pode cumprir. Não adianta se comprometer além da sua capacidade e desistir rapidamente.”

Talento

Conheça seus talentos. Muita gente nem imagina que certas habilidades e conhecimentos podem fazer a diferença para outras pessoas. “A dica é pensar o que sabe fazer bem e o que gostaria de fazer para ajudar o próximo. Mas o voluntariado também é aprendizado, também é espaço para o desenvolvimento de outras habilidades. Nada impede que o voluntário aprenda novas competências para participar de um projeto.”

Necessidades

Identifique demandas e possibilidades de ação. Entender o que uma comunidade ou entidade precisa de verdade é essencial – o voluntariado é transformador justamente quando enxerga as necessidades em contextos diversos. “Às vezes achamos que estamos levando uma solução para uma comunidade, mas desconhecemos a realidade e carências mais básicas. Não adianta chegar em uma comunidade com kits de higiene bucal, por exemplo, se aquelas pessoas não possuem água em casa”, explica Lurdinha.

Conheça alguns projetos de voluntariado bem sucedidos

Dobrando alegrias

Promovido pelo Centro Cultural Tomodachi, o Dobrando Alegrias objetiva multiplicar alegrias no ambiente hospitalar através da prática lúdica do origami (dobradura japonesa). Os voluntários visitam hospitais, clínicas, ambulatórios e consultórios para ensinar a pacientes e acompanhantes a arte das dobraduras.

Apesar de ter sido oficialmente lançado em 2013, o acontecimento que originou o projeto aconteceu há mais de dez anos, quando Lina Saheki, a idealizadora, ficou quase dois meses internada por causa de um problema cardíaco.

“O tempo no hospital não passa e eu me sentia muito mal por dar trabalho, por causar preocupação. O origami me ajudou a combater essa sensação. É um pedacinho de papel que transforma o paciente em sujeito ativo: é ele que faz a dobradura, é ele que compartilha seus origamis com outras pessoas”, explica.

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Cão Amigo

Aqui, o voluntariado é feito em parceria com os pets. A proposta do Cão Amigo é convidar pessoas a levarem o amigo de quatro patas a asilos, creches e escolas especiais, promovendo o contato de idosos e crianças com o animal. A associação oferece avaliação veterinária e realiza testes com cada cachorro para verificar o comportamento dos animais, que devem ser dóceis e obedientes para que a socialização ocorra tranquilamente.

Vicentinos

Nascido na Paris do início do século 19, é um grupo religioso, católico, porém independente da Igreja – cada paróquia forma seu próprio grupo de Vicentinos. Uma vez por semana, os participantes fazem visitas domiciliares a famílias carentes “adotadas”. Os encontros visam a construção de um vínculo sólido com as famílias assistidas, de modo que os vicentinos passam a atuar como amigos e conselheiros, escutando suas histórias e problemas, aconselhando, acompanhando eventuais problemas de saúde e as necessidades do grupo. Quando a família necessita, recebem doações de alimentos, roupas e remédios. Porém, o objetivo maior dos vicentinos é promover a vida e ajudar pessoas em situação de miséria a conquistarem alguma autonomia. Semanalmente, os voluntários reúnem-se para ler o Evangelho e compartilhar as vivências junto às famílias.

Centro de Ação Voluntária

O centro oferece palestras gratuitas para quem quer ser voluntário; divulga o trabalho desenvolvido por entidades sociais e quais são suas demandas; e presta consultoria a empresas. No site há também um banco de dados no qual é possível buscar por projetos e opções de atuação. O CAV conta com mais de 14 mil pessoas cadastradas para serem voluntárias e mais de 160 entidades sociais que precisam desse serviço. Mais informações no site da organização.

Empresas têm de olhar para a comunidade

O voluntariado não precisa ser uma atividade desenvolvida apenas por organizações não-governamentais ou indivíduos, pelo contrário, muitas empresas têm se envolvido cada vez mais com esse tipo de ação, que é parte também da responsabilidade social da instituição. Segundo Lurdinha, a empresa que deseja desenvolver algum projeto voluntário deve, primeiro, prestar atenção na comunidade na qual está inserida e pensar em ações que envolvam e atendam a essa comunidade.

“O voluntariado aprimora a relação da empresa com a comunidade e com o quadro de colaboradores. O ideal é que a empresa pense sobre o qual é o seu negócio, qual é o seu público e qual é a sua comunidade para, então, pensar no que pode fazer para qualificar essas relações. Geralmente, as empresas optam por projetos e ações correlatos aos seus negócios”, explica.

Para ajudar empresas interessadas, o Centro de Ação Voluntária (CAV), de Curitiba, oferece consultoria para o desenvolvimento de ações voluntárias pontuais e projetos específicos a cada empresa.

O voluntário não substituí o colaborador, que tem competências específicas e deve orientar o voluntário. Por isso, a Lei do Voluntariado prevê a assinatura de um termo de adesão no qual conste quais atividades o voluntário vai exercer e por quanto tempo. O CAV orienta que sejam dedicadas no máximo 8 horas semanais ao voluntariado.

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