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Entre os ex-alunos da Academia Militar dos Estados Unidos em West Point estão presidentes, generais e astronautas. Os seus alunos os chamam de “Long Gray Line” [Longa Linha Cinza, em referência aos seus uniformes], um reconhecimento ao papel central da academia de serviço do Exército na educação de líderes anos antes de ganharem proeminência. 

Spenser Rapone, 26, tornou-se notável um pouco mais rápido que a maioria dos formandos. 

Na segunda-feira (18), a 10ª Divisão de Montanha do Exército aceitou a renúncia do segundo tenente Rapone, menos de um ano depois de ele postar fotos de si mesmo em sua formatura de 2016, posando com uma camiseta de Che Guevara sob o uniforme, fazendo uma saudação e destacando uma mensagem escrita em seu quepe: o comunismo vencerá. 

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As fotos, que Rapone postou nas redes sociais em setembro passado, causaram reações acaloradas, provocaram ameaças de morte e demandas do senador republicano Marco Rubio, da Flórida, para investigar as postagens de Rapone no fim do ano passado. Em resposta, West Point disse em setembro que as ações de Rapone "não refletem os valores da Academia Militar dos EUA ou do Exército dos EUA". 

Rapone, que no passado já foi recrutado como Army Ranger [membros da elite do Exército dos EUA] e serviu no Afeganistão antes de ir para West Point e se tornar oficial, disse à Associated Press que foi repreendido por conduta imprópria de um oficial, e uma investigação concluiu que ele defendia uma revolução socialista enquanto insultava altos oficiais militares. 

Consequências

Sua expulsão ‘não honrosa’, que é altamente incomum para um graduado de West Point em uma circunstância como esta, também pode impedi-lo de acessar muitos benefícios concedidos a veteranos, apesar de seus anos de serviço, inclusive em combate. 

Rubio celebrou a decisão em uma declaração fornecida ao Washington Post na terça-feira (19). 

"Enquanto estava de uniforme, Spenser Rapone defendeu o comunismo e a violência política, e expressou apoio e simpatia por inimigos dos Estados Unidos", disse ele. "Fico feliz em ver que eles lhe deram uma demissão 'não honrosa'". 

Rapone não foi encontrado para comentar. Mas sua entrevista com a AP esclareceu como ele passou de um graduado de uma das instituições mais exclusivas e tradicionais da Terra para um pária dentro das fileiras antes de ser convocado. 

Ele disse à AP que twittou as fotos em solidariedade a Colin Kaepernick, o ex-jogador da NFL (a Liga de futebol americano dos Estados Unidos) que se ajoelhou durante o hino nacional em protesto contra a brutalidade policial, e que atraiu críticas intensas do presidente Donald Trump, que interpretou o ato como menosprezo pelos militares. 

Rapone também explicou que seu período no Afeganistão como assistente de metralhadora na volátil província de Khost em 2011 estimulou um interesse em mudanças sociais radicais, começando com as forças armadas. 

"Temos um dos exércitos mais tecnologicamente avançados de todos os tempos e tudo o que estávamos fazendo era brutalizar, invadir e aterrorizar uma população que não tinha nada a ver com o que os Estados Unidos alegavam ser uma ameaça", disse ele à AP. 

Ainda havia sobrado idealismo, disse ele, e ele aceitou um dos poucos e cobiçados postos na academia reservados aos soldados alistados. 

Visão socialista

Seu tempo na academia só aprofundou suas visões socialistas. Ele foi atraído pelos escritos de Stan Goff, um socialista antiguerra e companheiro veterano de Forças Especiais que lecionou em West Point, disse ele. 

A carreira de Rapone, rotulado “cadete comunista”, como recém-nomeado oficial nunca se recuperou após a designação para Fort Drum. Ele disse à AP que recebeu ameaças de morte, mas encontrou consolo ao ouvir soldados que compartilham da mesma opinião. 

"Há muitos veteranos tanto na ativa quanto fora que sentem como eu sinto", disse ele. 

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Rapone recebeu uma dispensa não honrosa, informou a AP, uma separação administrativa reservada à má conduta. 

Don Christensen, ex-promotor-chefe da Força Aérea, disse ao Post na terça-feira que era muito incomum para um graduado de West Point receber esse tipo de dispensa militar, a menos que fosse por um crime sério, como o uso de drogas. 

Oficiais do Exército não retornaram um pedido de mais informações sobre a expulsão de Rapone. Christensen disse que era possível que lhe fosse oferecida uma chance de renunciar à sua comissão para evitar uma audiência de corte e uma punição mais rigorosa. 

Mas como Rapone havia servido como soldado alistado, ele teria recebido uma dispensa não honrosa antes de se tornar um oficial, disse Christensen. Isso é crucial se ele for buscar os benefícios do Departamento de Assuntos de Veteranos. 

Quaisquer ferimentos sofridos em serviço pelo seu período de serviço anterior podem se qualificar para o tratamento pelo Departamento, Christensen disse, mas muitos outros benefícios seriam restringidos, a menos que ele receba uma isenção do Departamento. 

Embora Rubio e outros tenham repudiado o desejo de Rapone de desmantelar a ordem social do país e apoiar uma revolução radical, ele não seria o primeiro da West Point a fazê-lo. 

Os líderes confederados Jefferson Davis e o General Robert E. Lee frequentaram a academia. Escolas, estradas e estátuas levam seu nome por todo o país.

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