
A casa de uma pessoa alérgica, principalmente se for respiratória, tem muitas restrições de decoração quando se trata de cortinas, estofados, almofadas, carpetes e tapetes. Quando o problema está nas crianças, inclui-se o cuidado com brinquedos, como os de pelúcia. Uma rotina mais frequente de limpeza desses itens é fundamental para um dia a dia confortável, principalmente no dormitório. A escolha correta dos produtos permite ter uma casa bonita e decorada de maneira saudável.
A primeira recomendação dos especialistas é evitar ao máximo o uso de tecidos nos ambientes. Se for inevitável ter uma cortina, a solução é preferir tecidos laváveis e de fácil manutenção, como indica a designer de interiores Arabella Galvão, coordenadora da pós-graduação em Projeto de Interiores do Centro de Educação Profissional de Design, Artes e Profissões (Cepdap). "A cortina acumula muito pó. Sugiro tecidos leves, como o voil, e que seja de fácil fixação e retirada, porque a limpeza tem de ser frequente". Se preferir as persianas, opte pelas de aletas verticais, que são mais fáceis de manter, diz a profissional. "A limpeza da persiana horizontal é chata, deve ser feita aleta por aleta. A vertical é mais fácil, porém, o visual fica muito comercial, por isso não aconselho em quartos de dormir."
Para ter praticidade no dia a dia, Arabella indica que as argolas das cortinas sejam de pano, costuradas na própria cortina, para utilizar em varão e poderem ser limpas em máquina de lavar, ou trilho suíço, que funciona como um pregador. A franqueada da Trilho Suisso em Curitiba, Cristiane de Medeiros Rodrigues, explica que o acessório é muito prático e de fácil manutenção. "Custa um pouco mais do que os acessórios convencionais, mas o custo/benefício é maior. Ele corre com facilidade e permite maior variedade de pregas no tecido, que dão charme". Outra sugestão é o acabamento com botão de pressão. "A cortina sai retinha, sem marcas. Naturalmente formam-se as pregas ao ser presa."
Adaptação
A dona de casa Fátima Terezinha Carvalho Moraes teve de adaptar o lar em nome da saúde e bem-estar dos filhos. Ela se desfez de cortinas, tapetes e carpetes para que Júlia, de 17 anos, e Otávio, de 20 anos, sobrevivessem aos problemas de sinusite, rinite e bronquite. As janelas têm venezianas em alumínio. No lugar de cortinas de tecido, o visual de um bosque como decoração. "A área aqui é muito arborizada e posso deixar tudo aberto, porque não temos vizinhos em volta", diz a mãe.
Durante o dia, a casa fica com as janelas abertas, para ficar bem arejada. "Se deixar fechada, a respiração logo tranca assim que entram e ficam muito mal". Júlia conta que seus bichinhos de pelúcia precisam de banho toda semana, para mantê-los na decoração do quarto. "Não posso ficar muito perto, abraçada com eles, senão logo começa a dar coceira no nariz", relata.
Bichos de pelúcia como os de Júlia acumulam poeira muito facilmente, por causa dos pelos longos. Ela fica impregnada e alimenta os ácaros, que se proliferam. Para não ter de abrir mão de objetos que decoram e de brinquedos, a melhor solução é optar por produtos sem pelos e antialérgicos. "Como têm superfície lisa e recebem tratamento específico na sua produção, não provocam esses tipos de alergia. É possível uma criança ter um quarto alegre e divertido, mesmo tendo esse tipo de problema", comenta a arquiteta Betina Lafer, responsável pelo desenvolvimento dos produtos da Fom. Ela indica itens que possam ser lavados com água e sabão ou pano úmido. "Espirrar antialérgicos e acaricidas em tecidos, paredes e cabeceiras de cama aumentam a proteção."
A ação, no entanto, é recomendada para situações temporárias, diz o dermatologista e alergologista Ronaldo Régis Möbius, do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital Cajuru, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). "Esse tipo de produto age, mas tem efeito passageiro, não vale a pena. O melhor é a limpeza contínua de objetos e superfícies, para dificultar a procriação de fungos."
As paredes de banheiro e cozinha, por exemplo, podem receber tintas com fungicidas e bactericidas na composição, que reduzem a possibilidade de bactérias e fungos, devido ao calor e umidade. Para os demais ambientes, como quarto, há tintas acrílicas, sem cheiro. "Em apenas um dia não se sente mais cheiro de tinta e um alérgico pode dormir no local tranquilamente."










