Calor
Aquecimento solar da água também gera economia
Mais comum nas residências, o aquecimento da água pela luz solar é outra forma de reduzir o consumo de energia das casas e contribuir com a sustentabilidade das construções. Apesar de também utilizar módulos solares, o sistema é diferente do utilizado para a produção de eletricidade, pois suas placas possuem serpentinas internas por onde a água circula enquanto é aquecida. "Neste sistema, o morador regula a temperatura mínima que deseja para a água e só aciona o gás ou a eletricidade quando o aquecimento armazenado não for equivalente", explica Cassiano Garcia, engenheiro civil e sócio-diretor da Construtora Monreal.
Ao contrário do que ocorre com a geração de energia fotovoltaica, que pode ser adequada à construção sem grandes transtornos, é recomendável que os sistemas de aquecimento solar da água sejam instalados ou tenham sua estrutura preparada ainda durante a construção do imóvel. Isso evita a necessidade de quebrar paredes para criar ramais de água ou substituir a tubulação. "Se a casa já contar com o reservatório de água, a instalação é facilitada", acrescenta Garcia.
Em relação aos custos, o investimento em um sistema de aquecimento solar de água não fica muito distante do custo da autogeração de energia. Segundo o engenheiro, são necessários cerca de R$ 15 mil para adquirir o equipamento já com o suporte do aquecimento a gás. "Os sistemas fotovoltaicos e solares são complementares. Ambos resultam em economia energética para a residência", diz Garcia.
Opinião
Energia excedente é injetada na rede e vira créditos para o consumidor
Eloy Casagrande Júnior, coordenador do Escritório Verde da UTFPR
Os Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica (SFCRs) têm apresentado grande crescimento entre as fontes de geração de energias renováveis no cenário mundial. No Brasil, sua aplicação ainda é incipiente comparada a de outros países, mas apresenta grande potencial de crescimento nos próximos anos. Em 2011 e 2012, por exemplo, empreendimentos de vulto no setor fizeram saltar de cerca de 200kWp para mais de 2MWp a capacidade instalada, demonstrando que, mesmo sem políticas públicas de incentivo, existe viabilidade na expansão desta tecnologia.
Desde abril de 2012, uma regulamentação da ANEEL que trata das relações entre as concessionárias e pessoas físicas ou jurídicas que investem em energia solar fotovoltaica permite que o excedente produzido seja injetado na rede elétrica e se transforme em créditos de energia.
O primeiro SFCR instalado no Paraná, em dezembro de 2011, foi o do Escritório Verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Trata-se de uma edificação de 150m² com 10 módulos fotovoltaicos de 210 watts instalados, que podem gerar, em média, 210 quilowatts ( kWh) por mês. Esta energia é suficiente para abastecer uma residência padrão, mesmo em uma cidade como Curitiba, que é considerada "nublada" e "cinza".
A capacidade de geração de energia própria é a nova fronteira para a sustentabilidade na construção civil. A popularização das tecnologias disponíveis e o maior conhecimento sobre a eficiência desses equipamentos têm feito com que sistemas como o de geração fotovoltaica produção de eletricidade a partir da luz solar , surjam como a grande tendência do setor nos próximos anos.
"Estamos nos primeiros degraus da escada, e vamos continuar subindo. A energia fotovoltaica é modular e de fácil implantação. Esta simplicidade fatalmente fará com o que o mercado se expanda no país", sinaliza Rafael Takasaki, coordenador do Projeto Megawatt Solar da Eletrosul Centrais Elétricas.
Inaugurado em junho deste ano, o projeto é um exemplo das iniciativas realizadas com o objetivo de promover o sistema. Instalada na sede administrativa da empresa, em Florianópolis, a usina fotovoltaica é a maior da América Latina integrada a um edifício e produz 1,2 gigawatts-hora (GWh) de energia por ano, o suficiente para atender cerca de 540 residências. "A produção não é consumida pelo prédio, mas direcionada à rede distribuidora local. Nosso objetivo é que a usina seja uma espécie de vitrine para estimular o uso da energia fotovoltaica", diz Takasaki.
Em Curitiba, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) está em fase final de implantação do Projeto Smart Energy Paraná, que irá estudar as possibilidades de geração eólica e solar na cidade. "Temos índices médios de radiação solar maiores do que a média de países europeus que utilizam essa fonte de energia há muito tempo. As temperaturas mais baixas também potencializam o desempenho do sistema, o que é outra vantagem da cidade", explica o engenheiro eletricista e pesquisador do Centro de Energias do Tecpar, André da Silva Gomes.
Em casa
A facilidade de instalação e manutenção dos sistemas fotovoltaicos fazem deles uma alternativa para quem deseja investir na produção de energia elétrica em casa. O engenheiro civil e sócio-diretor da Construtora Monreal, Cassiano Garcia, diz que qualquer construção, seja nova ou antiga, pode receber os módulos solares. "A ligação é feita diretamente com o relógio de entrada de energia da residência. Basta verificar se não há pontos de sombra e instalar as placas, preferencialmente voltadas para a face norte", explica.
O investimento para a aquisição dos equipamentos de geração de energia ainda é relativamente alto cerca de R$ 20 mil para produzir 50% da energia que uma casa de 400 m2 consome, ou seja, cerca de 2 mil kilowatts/hora por ano , mas tem reflexos na redução da conta de luz, principalmente nas residências que contam com sistemas de aquecimento interno. Isso porque, além de utilizar a energia própria, o excedente produzido pela casa é repassado à companhia distribuidora e se transforma em créditos nas próximas faturas. "Em grande escala, a energia fotovoltaica representa uma alternativa em termos de matriz energética, uma forma de desafogar o sistema elétrico", comenta Garcia.
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