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Alvenaria estrutural

Blocos de concreto no lugar de vigas e pilares

A alvenaria estrutural com blocos de concreto começou a se consolidar no país na década de 1980, mas sua história é bem mais antiga. Conheça como o método funciona e quais vantagens e limitações oferece

A SH possui uma das soluções que usam fôrmas preenchidas com concreto in loco para produzir casas, o Lumiform SH | SH/Divulgação
A SH possui uma das soluções que usam fôrmas preenchidas com concreto in loco para produzir casas, o Lumiform SH (Foto: SH/Divulgação)

Alvenaria estrutural é o mé­­todo que baseia a sustenta­ção da casa ou prédio nas paredes (em blocos de concreto altamente resistentes) em vez de vigas e pilares de concreto armado (e preenchimento dos vazios com tijolos de cerâmica comuns e argamassa, a chamada alvenaria convencional). O jeito de construir que começou a se consolidar no Brasil ainda na década 1980 – após a construção na década anterior de um prédio de 13 pavimentos no Alphaville, em São Paulo, e com a demanda de moradias populares –, tem origem em estudos e práticas da engenharia bastante antigos, como a construção de arcos e cú­­pulas do século 17, com matérias-primas como o barro.

No início do século 20, a técnica perdeu espaço para a liberdade de criação e o avanço tecnológico do concreto armado, junto com o desenvolvimento da indústria do aço, fato que se evidenciou com movimentos com o da Ar­­quitetura Moderna, que marcou as décadas de 1960 e 1970 no Brasil.

Um pouco antes, após a Segun­da Guerra Mundial, o sistema de alvenaria estrutural já tinha encontrado espaço para se desenvolver no outro lado do Atlântico com a necessidade de reconstrução da Europa e a escassez de materiais como o aço.

Nos anos de 1980, a demanda por moradias populares impulsionou o sistema por aqui, mas nem sempre para uma boa direção. A construção pouco baseada em técnicas, mais empírica (com base no "fazer" de experiências anteriores) e a falta de um controle de qualidade dos materiais (os blocos de concreto e a argamassa) levaram a al­­ve­­naria estrutural a ser tachada de "baixa renda".

"Os primeiros blocos não ti­­nham um padrão de produção con­­­­­trolado, que garantisse sua qua­­­­­lidade. Isso somado ao uso inicial para construções populares criaram uma ideia errada de que a alvenaria estrutural é coisa de classe baixa e de qualidade inferior", ex­­­plica o engenheiro civil e gerente da regional sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Carlos Roberto Giublin.

A migração do uso do sistema também para padrões médios e o investimento na pesquisa, no preparo e na certificação de produtos por parte da ABCP a partir da década de 1990, mudaram o rumo do sis­­tema para melhor. Foi nesse pe­­ríodo que surgiram normas da As­­sociação Brasileira de Normas Téc­nicas (ABNT) direcionadas ao mé­­todo de construção.

"Hoje posso afirmar que o ‘saber fazer’ está dominado e a qualidade dos materiais está mais evoluída do que nunca, com fábricas preparadas e certificadas com o selo ABCP de qualidade", afirma Giublin. No Paraná há, pelo menos, nove fornecedores de blocos de concreto para alvenaria estrutural com selo – quatro em Curitiba.

Tal certificação é valorizada pe­­­las construtoras paranaenses que trabalham com o sistema, não só direcionado às classes mais baixas, mas também para um padrão médio (apartamentos de até R$ 200 mil). "Só compramos ma­­terial de fornecedores com o selo da ABCP. Somado a isso fazemos o controle tecnológico do material e da construção", conta Norley Baú, diretor técnico da Baú Cons­trutora, em­­presa que completa 30 anos em 2009 e executa cerca de 60% de suas obras em alvenaria estrutural – entre elas está o Felice Due Condomínio Club, prédio mais alto no sistema na região sul, com 18 andares, que fica no bairro Água Verde, em Curitiba.

Não há limites de altura impostos por qualquer legislação para o sistema de alvenaria estrutural, mas se pode chegar com segurança até 20 pavimentos, de acordo com Giublin, altura de alguns prédios construídos em São Paulo. Tudo depende das soluções construtivas como a obtenção de um bloco de concreto mais resistente.

Entre as vantagens da alvenaria estrutural, em relação ao método de construção convencional, com concreto armado e tijolos cerâmicos, está a rapidez na obra (cerca de 30%), a redução de custos em cerca de 20% (devido, entre outras coisas, à dimuição do desperdício de materiais) e a diminuição de im­­perfeições no acabamento das pa­­redes, que também leva menos ma­­terial (argamassa ou gesso) pa­­ra ficar lisa – características relevantes para a construção em massa e a eliminação do déficit de 8 mi­­­lhões de casas do país. A Caixa Econômica Federal (CEF) não tem números exatos, mas afirma que, no Paraná, a maioria das obras pa­­ra suprir essa demanda é feita em alvenaria estrutural.

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