Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Comportamento

Cadê o quarto que estava aqui?

Dependência de empregada está sumindo dos projetos. Quem tem esse espaço cria outros usos para o “quartinho”

Quarto de empregada virou escritório no aparta-mento da empresária Mina Caliri | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Quarto de empregada virou escritório no aparta-mento da empresária Mina Caliri (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)
Apartamento do Privilege tem cômodo multiuso, que pode ser escritório, adega ou quarto de empregada |

1 de 1

Apartamento do Privilege tem cômodo multiuso, que pode ser escritório, adega ou quarto de empregada

Nunca foi um espaço grande, mas existia: até a década de 90, ao construir prédios de apartamentos para famílias, as incorporadoras incluíam a dependência de empregada rotineiramente nos projetos. Em pouco mais de dez anos, tudo mudou. O quarto e o banheiro para uso da doméstica que costumava dormir no local do trabalho estão desaparecendo junto com a própria categoria de emprego.

A dependência de empregada está restrita a empreendimentos de luxo ou alto padrão – são apartamentos com preços acima de R$ 900 mil e mais de 170 metros quadrados privados.

Valorização

Além das mudanças no mercado de trabalho brasileiro, reconhecidas pela recente PEC das Domésticas, outra razão fez o "quartinho" sair de cena: o preço. Com valores médios entre R$ 4 mil a R$ 6 mil pelo metro quadrado privado de apartamentos novos em Curitiba, qualquer espaço a mais pesa no bolso do comprador.

Não à toa, a metragem média dos apartamentos vêm diminuindo na última década. O mercado de Curitiba, atualmente, tem oferta maior de unidades com dois dormitórios do que o tradicional formato com três quartos.

Escritório

Quem mora em apartamentos mais antigos aproveita o espaço da melhor forma possível. Moradora de um prédio na Rua Gonçalves Dias, no Batel, há dez anos, Mirna Caliri conta que o local destinado à empregada nunca foi usado para esse fim.

"Transformei o quartinho em escritório desde que comprei o apartamento", diz a empresária. "Eu e meus filhos usamos bastante, é um espaço bom e agradável".

Mirna personifica a mudança de hábitos das famílias brasileiras. Ela já teve empregada doméstica, mas hoje contrata somente uma faxineira. "No meu prédio todo mundo reformou a dependência de empregada. As coisas mudam mesmo, agora já tem até apartamento sem área de serviço, como em outros países."

Para poucos

Diretor geral da Brasil Bro­­kers Galvão, Gerson Carlos da Silva acompanhou a mudança. Atuando no mercado imobiliário há quase trinta anos, o corretor confirma: só famílias abastadas mantém empregada doméstica e fazem questão de ter um ambiente para elas no imóvel.

"A classe média brasileira mudou de perfil e hábitos, por isso o mercado imobiliário está estratificado. Há nichos específicos de imóveis e projetos para determinadas faixas de renda", explica. De acordo com ele, cerca de 20% dos lançamentos em Curitiba são empreendimentos de luxo e alto padrão.

Banheiro

O percentual de trabalhadoras que dormem no emprego se reduz, mas há famílias que não abrem mão do espaço destinado a elas no apartamento. "As pessoas mantém o hábito de oferecer um local privado para a doméstica deixar suas coisas e trocar de roupa", aponta Gerson Carlos. Por isso, em imóveis de alto padrão sem dependência de empregada, o banheiro de serviço é item indispensável nos projetos.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.