
As poltronas fazem parte do imaginário popular, principalmente quando pensamos em reis ou rainhas e faraós, já que lembram poder, requinte e conforto. Afinal, quem não recorre a uma confortável poltrona quando quer descansar, ler um livro ou ver um bom filme?
De simples apoio, as poltronas passaram a ser destaque nos ambientes. O arquiteto Rafael Moreira Carvalho ressalta que essa importância foi conquistada com a poltrona Barcelona, apresentada em 1929 pelo designer Mies van der Rohe. Apesar de não ter braços, uma das características de uma legítima poltrona, a peça até hoje decora residências e espaços comerciais, provando que é atemporal. Mas Carvalho alerta sobre o bom senso no uso desse móvel. "Ou ela pode valorizar um ambiente ou destruí-lo", diz. Portanto, todo o cuidado é pouco ao escolher cores e revestimentos para que fiquem em harmonia não necessariamente combinando com a decoração do espaço.
Para se ter ideia da versatilidade desse móvel, Carvalho usou seis poltronas em seu ambiente na Casa Cor Paraná deste ano. O arquiteto conta que os revestimentos para uma poltrona variam muito. "Até mesmo a Barcelona, em que a tradicional é de couro, já pode ser vista com estampa floral", comenta. As cores mais fortes, segundo ele, são uma tendência, mas as tradicionais pretas e cinzas são eternas.
A decoradora Ângela Russi explica que o uso do móvel, seja fixo ou giratório, deixa o ambiente mais leve. "Usamos as poltronas giratórias mais em ambientes que pedem uma flexibilidade, normalmente em home theater". Quando se quer quebrar a rigidez da decoração, uma dica da decoradora é usar poltronas com fibra natural "para dar um aconchego ao espaço."
Outra peça que nunca sai de moda, aponta Ângela, são as poltronas com design assinado.
Clássicos
Uma linha bastante ousada é a da italiana Kartell, vendida na Loja Kraft. Com cores fortes, materiais inusitados e propostas arrojadas, elas podem realmente se destacar em qualquer ambiente. A Form, por exemplo, tem pés em inox e assento em poliuretano, com textura macia. No site da marca, a poltrona é indicada também para salas de espera e hotéis, já que ao unir mais de uma peça se tem um banco.
A Kartell também fabrica a Bubble. Em polietileno e mais firme que a Form, pode ser usada tanto em ambientes internos como externos. Desenhada por Philippe Starck, ela lembra um sofá vintage. Ainda da Kartell, a Pop, assinada por Piero Lissoni e Carlos Tamborini, combina com qualquer decoração, já que seus braços são transparentes. A Kraft trabalha com alguns clássicos como a Egg com pufe; a Fox, giratória em chenile ou a Dunes, giratória e que acomoda até duas pessoas.
Mas nem só designers internacionais criam poltronas com estilo. Sérgio Rodrigues, que já faz parte da história do design brasileiro, tem algumas poltronas em seu portfólio. Conhecido pela poltrona Mole, o designer privilegia elementos naturais, como o couro e a madeira, diz Maria Bond Schwartsburd, da Decormade, que trabalha com a linha do designer. Duas de suas peças mais inovadoras são a Voltaire, desenhada em 1965, com estrutura em madeira e uma espécie de concha estofada revestida em tecido com almofada solta, e a Diz, um clássico com estrutura em madeira e encosto em compensado moldado e folhado em madeira.
A Decormade comercializa também itens clássicos, como a poltrona Regence (um dos modelos tem entalhe e assento de veludo feito de bambu). Maria diz que a principal característica que as pessoas buscam em uma poltrona é o conforto. "O conforto fica acima de tudo, seguido do design. O preço também é importante". Ela considera que as poltronas ficam bem em qualquer ambiente, já que uma peça mais contemporânea pode compor com uma decoração clássica. "Dá para mesclar, mas sempre dentro de uma coerência."
Algumas poltronas são verdadeiros investimentos. O caso da Regence citada acima é um deles. O entalhe é feito à mão "o profissional levou 30 dias para entalhar a peça", diz Maria, e os materiais são de primeira qualidade. Tudo isso tem um preço: R$ 10.200 mil. No entanto, há peças igualmente belas e para bolsos menos abonados. Uma delas é uma poltrona, sem nome da Decormade, com leitura contemporânea, que não tem braços, mas que sua curvatura "abraça" quem senta nela. Essa poltrona custa a partir de R$ 2.180 (dependendo do tecido).
Para provar que as poltronas invadiram outros ambientes, como os banheiros e closets, um dos modelos da Decormade que cai bem nesses espaços é a cadeira Luis 15, com costas em palha natural e revestimento floral com almofada solta. Uma poltrona desse tipo também pode ser usada na varanda, mas Maria recomenda que o verniz e a cola usadas na fabricação sejam indicadas para áreas externas.











