
O futuro do mercado imobiliário não aponta para um céu de brigadeiro: embora a maioria dos profissionais do setor afaste a possibilidade da temida bolha, há nuvens no horizonte, sinalizando mudanças. A fase de euforia acabou.
Depois de um período de alta de preço dos imóveis, que chegaram a 25% em um ano, com generosas comissões para vendedores e negociação de empreendimentos inteiros acontecendo em um ou dois dias, o ritmo mudou.
O mercado segue ativo, porém corretores e demais profissionais da área enfrentam um cenário de vendas mais lentas, estabilização de preços e consumidores cautelosos, bastante atentos ao comportamento de preços do setor.
Mesa de debates
Esse e outros assuntos foram discutidos no 5.º Encontro Nacional de Corretores de Imóveis, que começou segunda-feira e se encerra hoje em Foz do Iguaçu.
O futuro, a importância e as possibilidades do mercado imobiliário foram tema de uma das principais palestras do evento - a mesa de debates com João Teodoro da Silva, presidente do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis, Mauricio Molan, economista-chefe do banco Santander e Filipe Pontual, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário (Abecip), realizada na tarde do primeiro dia do encontro.
Otimismo
A visão do trio é otimista. Eles dizem que não há o que temer. "Há quem afirme categoricamente que estamos vivendo uma bolha imobiliária. Contesto essa afirmação, porque há muito fatores no Brasil que diferem daqueles que a gente encontra nos lugares onde de fato essa movimentação financeira ocorreu", afirma João Teodoro.
"O que nós vivemos é uma acomodação, não uma crise", defende o presidente do Cofeci.
Para ele, a perspectiva de bolha está descartada porque o perfil do consumidor brasileiro não é o de especulador. "Quem mais compra no Brasil é o usuário final, que vai residir no imóvel", salienta.
Rigor
Outro fator relevante, de acordo com João Teodoro, é que os quesitos para concessão de crédito no Brasil são mais rigorosos. Situação diferentes de outros países, como os Estados Unidos, onde aconteceu a bolha imobiliária.
"Aqui temos verificação rigorosa e o comprador tende a não ser inadimplente no pagamento do imóvel", explica.
Filipe Pontual concorda e diz que a desaceleração pode ser positiva. "O mercado imobiliário cresceu muito entre 2006 e 2012. Agora, em alguns casos, há até queda de preço. Em outros, manutenção dos valores. Mas os dados dos institutos de pesquisa nos mostram que ainda há muitas famílias pagando aluguel e essas pessoas vão precisar de imóveis", comenta.
Planejamento
O ajuste dos preços e o ritmo mais lento são, sob vários aspectos, saudáveis.
"Construtoras e incorporadoras estão planejando melhor seus empreendimentos e não sofrem com problemas como a falta de mão de obra, escassez de material e atrasos, como aconteceu em anos passados", diz Pontual.
Para o comprador do imóvel, portanto, a situação está mais justa. "Com menos euforia e mais calma, o consumidor pode sentar, negociar, pesquisar e fechar negócios mais certeiros", aponta o diretor da Abecip.



