
Moradores rendidos, um a um, em uma área comum do condomínio enquanto assaltantes fazem a limpa de alguns apartamentos. Esse tipo de crime, batizado de "arrastão", vem ocorrendo com mais frequência em São Paulo em dois meses foram cinco ocorrências, enquanto em 2008, ao todo, foram sete, segundo a Folhapress. Em pelo menos dois episódios, um no bairro de Perdizes e outro no Brás, os assaltantes tinham o controle do portão dos condomínios e sabiam da rotina dos moradores e funcionários dos prédios.
Em Curitiba, não é comum esse tipo de crime nem há estatísticas que separem as ocorrências dos condomínios do restante dos assaltos, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública. No entanto, o comportamento que facilita a entrada de criminosos em condomínios é o mesmo por aqui: descuido ou até conivência de funcionários e moradores, além de sistemas obsoletos.
O delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Luiz Carlos de Oliveira, diz que nos últimos dois meses houve dois assaltos a apartamentos na cidade. Nos dois casos os bandidos tinham informações privilegiadas, como a existência de dinheiro guardado nas residências. "Esse tipo de informação é dada por pessoas próximas para quem a vítima abriu demais sua privacidade. Muito da prevenção contra esse tipo de assalto está em manter fatos econômicos como uma promoção no trabalho ou a venda de bens em segredo e também em escolher bem as pessoas que são colocadas dentro de casa ou do condomínio". Essa escolha passa por checagem de antecedentes criminais e referências profissionais anteriores (incluindo o motivo de saída) do futuro funcionário.
Para o delegado, mais um item faz a diferença na segurança do condomínio: o bom relacionamento com o vizinho. "As pessoas que vivem em prédio tendem a se isolar ainda mais dos vizinhos. Só moradores que se conhecem e sabem um pouco da rotina um do outro conseguem identificar um barulho ou uma movimentação estranha e acionar a polícia. Por isso minha recomendação é: converse com o seu vizinho."
Equipamentos e treinamento
O diretor da área de Building Technologies da Siemens, empresa que produz sistemas de monitoramento 24 horas, César Almeida, diz que alguns equipamentos de segurança já estão ultrapassados frente à "evolução" da bandidagem. Um exemplo disso são os circuitos internos de televisão presentes em parte dos edifícios invadidos em São Paulo que não intimidam mais. "Os criminosos já sabem que têm de destruir a câmera e pegar a fita ou DVD com as imagens. A única forma de se proteger hoje é tendo as imagens enviadas para uma central de monitoramento e armazenamento fora do prédio."
Outro dispositivo que tem se mostrado essencial em casos como os arrastões de São Paulo é o chamado botão de pânico que, quando acionado por um morador ou funcionário em perigo, avisa todo o prédio sobre um risco iminente, fazendo com que as pessoas deixem de circular e avisem os familiares para não virem para casa. "Essa atitude evita que mais moradores e visitantes sejam vítimas dos assaltantes que estão agindo no condomínio", explica Almeida. Ele ressalta, entretanto, que toda essa tecnologia não adianta em nada caso os funcionários e moradores do condomínio não estejam habituados com os procedimentos de segurança. "Muitas vezes a empresa faz as recomendações na época da instalação e daí para frente as informações e procedimentos vão se perdendo. Assim, mesmo que os equipamentos recebam manutenção correta, a falha humana coloca tudo a perder".
A empresa
A escolha da prestadora de serviço de segurança eletrônica passa por alguns critérios que vão garantir a eficiência do sistema. O presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Eletrônica do Paraná (Siese-PR), Rogério Reis, aconselha que a melhor forma de escolher a empresa é verificar se é associada ao órgão (www.siese-pr.com.br), se tem boas referências, se possui mais de uma central ou mesmo um sistema de emergência em caso de apagão (isso é importantíssimo já que é essa central que recebe as imagens e alertas dos clientes) e se há funcionários suficientes para atender aos chamados. Tudo checado pessoalmente. "É muito fácil vender esse tipo de serviço à distância, montar um site bonito e impressionar o cliente. Por isso, é importante a visita pessoalmente à empresa e também a alguns de seus clientes. O preço não deve ser o item mais importante de escolha. Montar um sistema de monitoramento não é como instalar uma tevê a cabo no condomínio.



