
O desejo de possuir a casa própria povoa os pensamentos de milhões de brasileiros. Para alcançá-lo, há pelo menos duas maneiras distintas e a escolha vai depender da quantia que o interessado tem em mãos. Comprar pronto ou construir? A decisão deve começar levando em conta o tempo disponível.
"Eu preciso de um lugar para morar agora ou tenho tempo para planejar e esperar a obra ficar pronta?", aponta Euclesio Finatti, vice-presidente de administração do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Paraná. "Se houver tempo para planejar e você optar por morar em uma unidade isolada, é melhor construir e deixar a casa à sua maneira", opina.
Quando a necessidade é mais urgente, a melhor opção continua sendo ir ao mercado e procurar aquilo que se encaixa nas necessidades e já está disponível. "Não tem como ser diferente. Mas nesses casos, acaba ficando um pouco mais caro, porque além do preço do imóvel, o comprador paga também a remuneração administrativa do construtor e do dinheiro dele, que foi aplicado para a construção, antes de o imóvel ser colocado à venda", explica Finatti.
Terreno
Para construir, além do tempo e do planejamento é preciso ter um terreno próprio ou partir para a procura de um lote que alie localização interessante para o morador e preço acessível. "No centro, um terreno custa entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil o metro quadrado. Quanto mais longe dos bairros centrais, menor o valor", comenta Finatti. Para quem vai construir e precisa adquirir o terreno, esse preçovai influenciar no valor final.
"Essa possibilidade de escolher a localização está também entre as vantagens de construir, além da personalização do projeto e da velocidade da obra, que o proprietário define", comenta o vice-presidente.
"Um apartamento de padrão médio em um bairro central custaria cerca de R$ 500 mil. Com esse valor, em outra região da cidade, é possível comprar o terreno e construir uma casa no mesmo padrão", compara. Para ele, tudo vai depender do planejamento.
Escalonar as etapas da construção e os gastos necessários em cada fase também estão entre os conselhos do construtor Sergio Crema. "Muitos clientes querem começar a casa antes de pensar no projeto. O resultado disso é que, no desenrolar da construção, é necessário fazer muitos ajustes. Isso gera, além de mais trabalho, maior custo", diz. Ele defende que os projetos arquitetônico, hidráulico e elétrico têm de ser feitos com antecedência, para ser possível fazer uma projeção real do orçamento e do custo final.
Dinheiro na mão
Ter ideia do custo final da obra é um dos requisitos para construir. Até porque a indicação é que pelo menos 60% do valor estimado para a obra esteja em mãos. "As linhas de crédito e financiamento para a construção da casa própria não são tão atraentes quanto para a compra do imóvel pronto ou na planta. Por isso é melhor ter o valor disponível, para não depender de empréstimos que têm juros e prazos pouco interessantes", explica a especialista em finanças pessoais e professora da Pontifícia Universidade Católica no Paraná (PUC-PR) Solange Barbosa.
Pouco mais que metade do valor total que se prevê gastar é, em média, suficiente para os serviços iniciais, da fundação e estrutura mais básica. O restante, que é gasto com o acabamento, pode ser adquirido usando o crédito para o varejo, que está mais disponível do que os empréstimos para a construção, de acordo com Solange.
Para o corretor de imóveis Jorge Varela, que está construindo uma casa no Umbará, a opção de comprar o terreno e construir facilita porque os pagamentos podem ser feitos à medida que o dinheiro está disponível. "A gente precisa comprar o terreno, mas a construção vai no nosso ritmo, sem apuros, podendo gastar o quanto tempo", diz. Ele calcula que vai gastar cerca de R$ 2 mil o metro quadrado da obra.



