Em paz com o “inimigo”

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Diferentemente do condomínio de Curitiba, a síndica Viviana Rasia tem de lidar com cerca de 500 crianças do residencial que administra, com a ajuda de quatro subsíndicos, na capital de São Paulo. O local tem 400 apartamentos e 1,6 mil moradores. Até poucos meses atrás a síndica recebia, quase diariamente, reclamações dos condôminos. A maioria das denúncias era em relação a vandalismo, causado pelas crianças do local – 52 câmeras comprovavam o problema, como depredação de jardins e uso inadequado dos brinquedos da área de lazer.Há quase um ano, Viviana decidiu "eleger" as crianças mais problemáticas. "Sugeri aos moradores e a ideia foi aprovada. Mas não foi realizada votação. Selecionei os que estavam dando mais trabalho e os apontei como síndicos e subsíndicos do condomínio", revela Viviana. André, 14, encabeça o grupo mirim. "Nós fiscalizamos os colegas. Se fizerem alguma coisa errada vamos até a pessoa conversar", conta o menino.

Desde a eleição os problemas diminuíram consideravelmente, mas uma situação ou outra ainda acontece, segundo a síndica. "Agora um fiscaliza o outro", diz a síndica. Por outro lado, as crianças ganharam uma sala com aparelhos de tevê e dvd e um grande espelho para aulas de dança. "Eles também pedem coisas impossíveis, como máquinas de chiclete, refrigerante e salgadinho na portaria.

Tudo que solicitam vai para o conselho, mas nem todas as reivindicações podem ser atendidas."

No dia 12 de outubro, os moradores comemorarão o Dia da Criança com eleição. O mandato de um ano de André e companhia termina e uma nova equipe será eleita, ou reeleita. Serão cargos femininos e masculinos. Por enquanto, concorrem três candidatas a síndica e quatro para subsíndica, e três meninos para síndico e dois para subsíndico. Após votação secreta em cédula, a equipe de administradores mirins será formada por dois síndicos e quatro subsíndicos, sendo metade para cada sexo.